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Impacto global das hepatites virais: desafios e estratégias para enfrentar a escalada de mortes

Com mais de 1,3 milhão de óbitos anuais, hepatites virais se tornam a segunda principal causa infecciosa de mortes no mundo, superadas apenas pela tuberculose.

às 12h35
As hepatites virais, especialmente dos tipos B e C, são as principais responsáveis pelo aumento dos óbitos (Foto: Freepik)
As hepatites virais, especialmente dos tipos B e C, são as principais responsáveis pelo aumento dos óbitos (Foto: Freepik)
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As hepatites virais estão causando um crescente número de mortes em todo o mundo, tornando-se a segunda principal causa infecciosa de óbitos, atrás apenas da tuberculose. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,5 mil pessoas morrem diariamente devido a complicações relacionadas a essas doenças, totalizando aproximadamente 1,3 milhão de mortes por ano. 

A falta de acesso a diagnóstico precoce e a tratamentos adequados tem sido um fator crucial no aumento dessas taxas de mortalidade. As hepatites virais, especialmente dos tipos B e C, são as principais responsáveis pelo aumento dos óbitos. Transmitidas predominantemente por via sexual e contato com sangue contaminado, essas formas da doença podem evoluir para condições crônicas, levando a sérios problemas de saúde, incluindo câncer de fígado e cirrose. 

O médico infectologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Matheus Todt, destaca que a principal causa é a redução da procura pela vacina contra a hepatite B, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) há mais de duas décadas. “A negligência com as medidas de prevenção e o desconhecimento das formas de contágio também agravam o quadro”, destaca Matheus.

Hepatites: um impacto global desigual

As diferentes formas de hepatite impactam a saúde global de maneiras distintas. A hepatite A, por exemplo, apresenta um impacto menor por ser autolimitada. Já as hepatites B e C, com potencial de cronificação, representam um risco elevado à saúde pública, podendo levar ao óbito sem tratamento adequado.

“Não é comum que doenças que possuem vacina (como a hepatite B) e que têm tratamento (como a hepatite C) ainda causem tantos óbitos. O que observamos é um número cada vez menor de vacinados e um desconhecimento (e consequentemente, um descuido) sobre as formas de contágio e de prevenção”, elenca o médico infectologista.

O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento das hepatites virais. No entanto, essa etapa enfrenta grandes desafios. “A natureza silenciosa da doença, que muitas vezes só apresenta sintomas em estágios avançados, dificulta a detecção oportuna. Essa demora no diagnóstico compromete as chances de cura e aumenta a letalidade”, explica.

Essa falta de acesso ao diagnóstico e tratamento das hepatites virais é um fator determinante nas altas taxas de mortalidade. Quanto mais tardio o diagnóstico, mais grave a doença e menores as chances de cura. Essa realidade é ainda mais cruel em países de baixa e média renda, onde o acesso à saúde de qualidade é um privilégio para poucos.

“Alguns grupos populacionais são mais vulneráveis às hepatites virais, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas ilícitas e profissionais de saúde. Essa maior vulnerabilidade está relacionada a diversos fatores, como práticas sexuais sem proteção, contato com sangue contaminado e exposição ocupacional ao vírus”, pontua.

Como combater

Para reduzir o impacto das hepatites virais, medidas urgentes precisam ser tomadas. “Informação e prevenção são as ferramentas essenciais para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A vacinação contra a hepatite B deve ser amplamente incentivada, e medidas de prevenção, como o uso de preservativo em todas as relações sexuais e a evitação do compartilhamento de agulhas, precisam ser constantemente reforçadas” recomenda Todt.

A implementação de programas de triagem e rastreamento em populações de alto risco é fundamental para o diagnóstico precoce das hepatites virais crônicas, que geralmente não apresentam sintomas na fase inicial. “Através da detecção oportuna, o tratamento adequado pode ser iniciado, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade”, complementa.

A pandemia de COVID-19 teve um impacto negativo no diagnóstico e tratamento das hepatites virais. Os recursos e esforços direcionados para o controle da pandemia desviaram a atenção de outras doenças importantes, como as hepatites B e C, atrasando diagnósticos e dificultando o acesso ao tratamento.

“As hepatites virais representam um sério desafio à saúde pública global. O aumento das mortes por essa doença exige medidas urgentes e coordenadas por governos, instituições de saúde e sociedade civil. Investir em informação, prevenção, diagnóstico precoce e tratamento é crucial para salvar vidas e garantir um futuro mais saudável para todos”, reitera.

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