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Pesquisa de doutorado promete avanços na obtenção de compostos medicinais

Estudo utiliza técnica EDGE para extrair compostos da mangabeira com potencial terapêutico

às 20h04
Sérgio Prado Leite- Formado em Educação Física, mestre e doutor em biotecnologia industrial.
Sérgio Prado Leite- Formado em Educação Física, mestre e doutor em biotecnologia industrial.
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Muitos já ouviram falar e até fazem uso de plantas medicinais por suas propriedades antimicrobianas, antifúngicas, antivirais, antidepressivas, anti-inflamatórias e gastroprotetoras. Mas como extrair esses compostos de forma eficiente? A Extração Dispersiva Energizada Guiada (EDGE) é uma técnica avançada que permite obter substâncias como o lupeol de maneira mais rápida e eficaz do que os métodos tradicionais.

Pensando na importância de otimizar a obtenção desses compostos para usos terapêuticos, o egresso do curso de Educação Física da Universidade Tiradentes (Unit), Sérgio Prado Leite, concluiu o doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), desenvolvendo uma pesquisa focada na aplicação da técnica EDGE para extrair lupeol e outros triterpenos do fruto da mangabeira (Hancornia speciosa Gomes).

O trabalho é uma continuação do seu mestrado, no qual foram investigadas diferentes partes da mangabeira visando identificar os compostos presentes na espécie. No doutorado, ele deu continuidade à pesquisa, desta vez buscando obter um extrato rico em lupeol e triterpenos derivados.

“Aplicamos uma técnica de extração recente e considerada promissora. Ela é mais rápida e mais simples em comparação com outras técnicas de extração. O equipamento utilizado possui uma câmara de vedação pressurizada que permite que o solvente extrator se mantenha na sua forma líquida durante todo o processo, fazendo com que a extração seja mais rápida e eficiente. Isso favorece a obtenção de compostos de interesse”, explica Sérgio.

A escolha da mangabeira para o estudo não foi por acaso. “Estudar a mangaba é uma forma de valorizar a espécie e sua riqueza, especialmente diante dos relatos de desmatamento e perigo de extinção. Sergipe é um dos principais produtores dessa espécie, então é importante destacar suas propriedades e potenciais benefícios”, comenta Sérgio.

Durante seu doutorado, Sérgio conseguiu otimizar o método de extração do fruto da mangabeira, obtendo um extrato rico em triterpenos, especialmente lupeol, em um tempo de extração reduzido e utilizando menor volume de solvente. Ele destaca que os estudos biológicos não apresentaram sinal de toxicidade. “Devido os resultados obtidos em testes in vitro e dos compostos identificados, o extrato possui um alto potencial para desenvolvimento de formulações com ação anti-inflamatória, no entanto torna-se necessário mais testes e estudos”, ressalta.

Trajetória acadêmica e envolvimento com a pesquisa

A trajetória acadêmica de Sérgio na Unit foi marcada por um forte envolvimento em grupos de pesquisa desde a graduação. “Inicialmente, em 2012, ingressei no grupo de pesquisa da professora Cristiane Porto, com pesquisas mais voltadas para a área da educação. Posteriormente entrei no Laboratório de Biociências da Motricidade Humana (LABIMH) durante o primeiro ano do grupo, então durante o meu período de graduação eu tive contato com pesquisa e com professores que me incentivaram e me inspiraram”, comenta Sérgio.

Atualmente, ele faz parte do Laboratório de Cromatografia Gasosa Bidimensional (LabCrom), onde trabalha com análises cromatográficas, realizando estudos de biocombustíveis e estudos de plantas e algas. Ele conta que no PBI da Unit, a biotecnologia industrial é uma área multidisciplinar onde seu trabalho se encaixa na linha de pesquisa: Prospecção e conversão de produtos vegetais e animais da região nordeste. “Certamente, o principal apoio recebido foi o dos orientadores e colaboradores que me auxiliaram desde o processo de definição do tema de pesquisa proposto. Além, claro, da infraestrutura e recursos disponibilizados para o desenvolvimento do estudo”, revela.

Seus orientadores e colegas de pesquisa foram fundamentais para o sucesso do projeto, fornecendo suporte em todas as etapas do trabalho. “Durante o mestrado, recebi o melhor apoio possível das professoras Elina Caramão e Laiza Krause, que foram minhas orientadoras na época. No doutorado, dei continuidade com os professores Thiago Bjerk e Sona Jain, que foram muito pacientes desde o início, deram todo o suporte e estiveram por perto durante todas as etapas do trabalho. Além disso, tive muito apoio e suporte dos colegas, tanto do meu laboratório quanto de outros, e essas relações que consegui construir durante essa jornada facilitaram muito o decorrer do mestrado e doutorado”, infere.

Planos futuros

Com a conclusão do doutorado, Sérgio planeja continuar sua pesquisa com novos testes e projetos de pós-doutorado. “Temos a intenção de fazer novos testes com o EDGE, variando algumas condições extrativas. Para o extrato obtido nós temos a intenção de fazer novos testes para aprofundar os resultados obtidos. Estamos elaborando um projeto de pós-doutorado para dar continuidade ao trabalho”, conta Sérgio. 

Ele aconselha outros alunos interessados na carreira acadêmica a explorar as áreas que os atraem e a participar de grupos de pesquisa desde a iniciação científica, desenvolvendo habilidades de prática e ensino. “Se o aluno já tem interesse na carreira acadêmica, seria altamente recomendável que ele explorasse as áreas que o atraem, participando de grupos de pesquisa através de iniciação científica. Essa experiência não apenas aproxima os alunos da pesquisa, mas também desenvolve habilidades práticas e de ensino fundamentais para seu crescimento acadêmico e profissional”, recomenda. 

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