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Inteligência Artificial: força ou ameaça nas eleições?

Com potencial para engajar eleitores e combater a desinformação, a IA também levanta preocupações sobre manipulação de votos e propagação de notícias falsas.

às 19h37
Artur Campos- Coordenador do Unit Idiomas e membro do Núcleo de Inteligência Artificial Tiradentes (NIArT)
Artur Campos- Coordenador do Unit Idiomas e membro do Núcleo de Inteligência Artificial Tiradentes (NIArT)
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A Inteligência Artificial (IA) tem se tornado um componente vital em várias áreas da sociedade, e as eleições não são exceção. O uso dessa tecnologia no processo eleitoral pode trazer benefícios significativos, como personalização de campanhas e combate à desinformação. No entanto, também levanta sérias preocupações sobre segurança e integridade, especialmente no que tange à manipulação de dados e à disseminação de fake news. 

O coordenador do Unit Idiomas e membro do Núcleo de Inteligência Artificial Tiradentes (NIArT), professor Artur Campos, conta que a IA permite criar mensagens personalizadas que se conectam diretamente às preocupações e interesses dos eleitores, melhorando a comunicação e incentivando maior participação no processo eleitoral. “Isso é possível por meio da análise de dados demográficos e comportamentais, que possibilita segmentar o público e enviar mensagens alinhadas com as expectativas de cada grupo”, elenca.

Outro ponto positivo é o uso de assistentes virtuais e chatbots para facilitar a comunicação entre candidatos e eleitores. “Essas ferramentas educam o eleitorado sobre as propostas dos candidatos e ajudam a combater a desinformação. Além disso, a interação em tempo real gera um diálogo contínuo, esclarecendo dúvidas e promovendo uma participação mais informada no processo eleitoral”, explica Artur Campos. 

Riscos da IA nas eleições 

Apesar de seus benefícios, a IA também apresenta desafios significativos à integridade eleitoral. A propagação de desinformação é uma das maiores ameaças identificadas. “Especialmente por meio de deepfakes e bots automatizados que amplificam notícias falsas. Essa manipulação pode influenciar eleitores de forma enganosa, criando narrativas distorcidas que prejudicam o processo democrático e a credibilidade das instituições envolvidas”, pontua.

A manipulação de votos e a interferência em sistemas eleitorais também são preocupações reais. Embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conte com sistemas rigorosos de segurança e auditoria, a IA pode trazer muitos perigos  se usada de forma inadequada. “A IA pode permitir a criação de algoritmos capazes de interferir na captação e contagem de votos, embora reforce que as medidas de segurança cibernética do TSE são robustas”, afirma Artur.

Medidas e preparação das instituições 

Para mitigar os riscos, o professor Artur Campos sugere a implementação de medidas regulatórias específicas. “O TSE pode implementar medidas regulatórias que promovam transparência no uso de algoritmos. Isso inclui a exigência de que plataformas digitais e empresas divulguem como suas IA’s estão sendo utilizadas para filtrar ou direcionar conteúdo político, além de monitorar rigorosamente a disseminação de desinformação”, elenca.

Além disso, ele defende a auditoria independente dos sistemas de IA, com a criação de diretrizes éticas que possam evitar o uso malicioso da tecnologia. Outro aspecto crucial, segundo Campos, é a educação dos eleitores. “O TSE, em parceria com organizações especializadas, pode fortalecer campanhas de educação digital, ampliando a conscientização sobre como a IA pode manipular informações. Além disso, é fundamental manter uma vigilância constante e reforçar a aplicação de sanções para o uso indevido de IA durante campanhas eleitorais”, reforça.

Os governos e as instituições eleitorais precisam estar preparados para enfrentar os desafios que a IA traz para o cenário eleitoral. Para isso, Artur Campos propõe o fortalecimento da segurança cibernética. “Os governos precisam adotar sistemas de criptografia avançada e mecanismos de detecção de ataques baseados em IA. Também é essencial a criação de comitês especializados que monitorem o uso indevido de IA. O TSE pode desenvolver parcerias com empresas de tecnologia para criar ferramentas que detectem e neutralizem essas ameaças em tempo real”, recomenda. 

Regulamentação e os desafios da evolução tecnológica

Um dos maiores desafios no uso da IA em eleições é sua regulamentação. Apesar da evolução rápida da tecnologia, é possível criar normas robustas que mitiguem os riscos. “As autoridades brasileiras têm se mostrado atentas ao uso de novas tecnologias, como evidenciado em suas ações recentes contra desinformação e fake news. No entanto, a evolução rápida da IA representa um desafio para a eficácia da regulamentação já que a legislação muitas vezes não acompanha o ritmo das inovações tecnológicas. Por isso, as regulamentações devem ser dinâmicas, e é preciso ter parceria com especialistas para garantir que a legislação acompanhe as mudanças contínuas no campo da IA”, finaliza.

Leia também: A facilidade que pode virar pesadelo: como usar a IA com segurança?

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