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Geração Z e a Ansiedade: o desafio dos jovens no mercado de trabalho

Pressão por resultados, hiperconectividade e pandemia são fatores que contribuem para o aumento dos casos de ansiedade, estresse e depressão entre os mais jovens.

às 20h15
O que define os Z's é sua agilidade em lidar com novas tecnologias, seu individualismo e a capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo. (Foto: carlesiturbe/Adobe Stock)
O que define os Z's é sua agilidade em lidar com novas tecnologias, seu individualismo e a capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo. (Foto: carlesiturbe/Adobe Stock)
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A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre o final dos anos 1990 e o início de 2010, vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Diferente das gerações anteriores, como os “boomers” (nascidos entre 1946 e 1964) e os “millennials” (nascidos entre 1981 e 1996), essa geração cresceu imersa em um mundo digital, hiperconectado e em constante transformação. O que define os Z’s é sua agilidade em lidar com novas tecnologias, seu individualismo e a capacidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo. 

No entanto, essa geração também enfrenta desafios emocionais que a distinguem das anteriores, como ansiedade, estresse e depressão, tornando-se uma das mais vulneráveis no ambiente corporativo atual. Segundo a psicóloga e professora de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit), Jamile Teles, esses fatores resultam não apenas da pressão de um mercado de trabalho altamente competitivo, mas também do impacto profundo causado pela pandemia. “Muitos jovens perderam marcos importantes de desenvolvimento durante esse período”, destaca a especialista.

“Além disso, a tecnologia, que deveria ser uma ferramenta de auxílio, tem se tornado uma fonte constante de estresse e ansiedade, devido à pressão por aprovação social nas plataformas digitais e à constante exposição ao julgamento alheio. Prejuízos cognitivos e emocionais estão acontecendo em um ambiente onde as pessoas são constantemente avaliadas e julgadas por meio de likes, comentários e compartilhamentos. Esse cenário pode gerar uma enorme pressão por aprovação e aceitação social, além de provocar distorções na autoimagem e levar a quadros de ansiedade e depressão. A pressão por produtividade e a busca por reconhecimento no ambiente de trabalho são grandes desafios para essa geração”, ressalta.

Sinais e como identificar

Os sinais de ansiedade, estresse e depressão na Geração Z podem ser diversos e incluem:

  • Ansiedade: Coração acelerado, respiração ofegante, tremores nos braços ou pernas, dor no estômago, boca seca, sudorese, alteração na pressão arterial, pensar constantemente em um só assunto. “Uma maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não”, explica Jamile.
  • Estresse: Os sinais do estresse são alterações de humor, irritação, problemas de concentração, distúrbios do sono, dificuldade de socializar, pensar constantemente em um mesmo assunto, tristeza e insatisfação.
  • Depressão: Na depressão o sujeito apresenta perdas emocionais (tristeza choro fácil e desesperança) perdas cognitivas (falhas na atenção, concentração e memória) e perdas volitas (recusa a sair e prefere ficar sozinho)

O papel das empresas no apoio emocional à Geração Z

Diante desse cenário, o papel das empresas é fundamental para criar um ambiente de trabalho que promova a saúde mental e o bem-estar dos profissionais da Geração Z. “É importante que as empresas ofereçam não apenas treinamentos técnicos, mas também formações sobre manejo socioemocional. Para que os jovens profissionais possam ampliar seu repertório comportamental as organizações precisam valorizar os colaboradores não apenas pela execução de suas tarefas, mas também pelo relacionamento interpessoal e pela capacidade de gerenciar conflitos”, ressalta

Estratégias simples, como a criação de ambientes lúdicos e de descontração no local de trabalho, podem fazer uma grande diferença na redução do estresse. Além disso, a flexibilização do trabalho, como o home office, também pode ser uma ferramenta útil para melhorar a qualidade de vida desses profissionais. No entanto, Jamile alerta que o home office pode ter efeitos ambíguos. “Por um lado, oferece flexibilidade e autonomia, mas, por outro, pode reforçar a hiperconectividade, contribuindo para uma desregulação emocional”, pontua.

Além disso, é preciso estar atento ao conjunto de sintomas, sua frequência e intensidade. “Quando os gestores perceberem esses sinais é importante acolher o profissional, validar seus sentimentos, identificar se é possível realizar alguma mudança no contexto de trabalho (flexibilidade de horário, diminuição de atividades) e principalmente incentivar o acompanhamento psicológico”, infere Jamile.

Estratégias de autocuidado

Segundo Jamile, a psicoterapia surge como uma ferramenta essencial para que os jovens da Geração Z possam lidar com os desafios emocionais e psicológicos do ambiente corporativo. “A terapia permite que o indivíduo entenda as causas de seu adoecimento emocional e aprenda a reconhecer os fatores que desencadeiam suas crises. Além disso, a psicoterapia promove o autoconhecimento, o que é fundamental para alcançar equilíbrio emocional e qualidade de vida”, orienta.

A profissional ainda recomenda estratégias complementares de autocuidado, como a prática de atividades físicas, meditação e mudanças nos hábitos de sono e alimentação. “É preciso entender a saúde mental de maneira ampliada. Não basta apenas fazer psicoterapia; é necessário integrar hábitos saudáveis ao dia a dia”, conclui.

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