Os seis cursos de Engenharia da Universidade Tiradentes (Unit) desenvolvem uma série de projetos práticos que oferecem sugestões de soluções para o aperfeiçoamento de processos mecânicos, hidráulicos, elétricos e eletrônicos em geral. Estes projetos são desenvolvidos junto ao Centro de Tecnologia em Engenharia e Arquitetura (CTEA), em disciplinas como a Projeto de Engenharia, ministrada para alunos dos últimos períodos dos cursos. Nelas, os estudantes têm a oportunidade de estudar uma ideia de projeto, montar um protótipo e testá-lo na prática, dispondo de ferramentas e equipamentos adequados.
Parte destes projetos, desenvolvidos sob a orientação do professor Arionaldo Rodrigues Menezes, dizem respeito ao controle e à otimização do consumo de água, evitando o desperdício. Ele detalha que os alunos da disciplina são divididos em equipes heterogêneas, com todos os ramos da Engenharia, e incumbidos de desenvolver ideias práticas, priorizando projetos sustentáveis e de baixo custo. “Isso para que o aluno não invista muito para poder colocar em prática um projeto acadêmico. E que esse projeto dê um resultado prático para a sociedade, para que ela possa abraçar a ideia desenvolvida pelos alunos”, diz o professor.
A partir de uma rápida pesquisa teórica e de um primeiro projeto escrito, com as devidas especificações e justificativas, as equipes começam a construir o protótipo de teste no CTEA e nos outros laboratórios de Engenharia. “Aqui na Unit nós temos torno, furadeiras, serras, bancadas e todas as ferramentas que os alunos precisam para fazer o protótipo, a partir do material que ele for trazendo, como uma madeira, uma telha ou coisa do tipo”, complementa Arionaldo, referindo-se às atividades práticas do projeto anteriormente apresentado. Elas aconteceram ao longo de toda a disciplina e puderam ser executadas inclusive fora do horário de aula.
Válvula remota
Um desses projetos, feito por uma equipe de cinco alunos, propõe a criação de um sistema bidirecional de controle hidráulico que pode ser controlado por celulares ou smartphones. Esse sistema se baseia em uma válvula de três vias construída com madeira e acoplada a equipamentos como inversor, módulo wi-fi e bateria estacionária, com materiais mais baratos e mais sustentáveis que os existentes hoje no mercado. Segundo seus autores, ele pode ser instalado junto a caixas d’água e reservatórios, diretamente nas tubulações das residências, permitindo que os próprios moradores tenham total controle do fluxo e da quantidade da água a ser consumida e armazenada.
“Você tem um reabastecimento da caixa d’água com a água da chuva ou a que vem da própria rede de água. Às vezes, o que acontece é que não há um controle efetivo dessa água. Com a válvula que a gente está desenvolvendo, se consegue direcionar o fluxo dessa água para um lado ou para outro. A diferença do que a gente tá fazendo é tentar baratear esse custo e deixá-la mais sustentável, fazendo toda a parte de modelagem dela em madeira”, explica o estudante Cleverton Gabriel Santos Araújo, do nono período de Engenharia Mecatrônica.
A proposta é de que esse sistema seja utilizado tanto em residências quanto em indústrias, edifícios ou propriedades de grande concentração pública. “Em hotéis, por exemplo, você pode mudar o fluxo de um reservatório para outro. Suponhamos que tem um reservatório que precisa de 50 litros, o outro precisa de 100 litros e a água que vem da rua precisa fazer esse direcionamento. Com o controle dessa válvula, você pode direcionar o fluxo de um reservatório para outro”, afirma Cleverton, acrescentando que esse controle pode ser automatizado, a partir da junção dos componentes mecânicos e eletrônicos da engrenagem.
O projeto prevê ainda que os comandos desse controle possam ser transmitidos pelo sinal do celular, através de um aplicativo. “Com essa válvula, ela consegue distribuir o fluxo de água de acordo com o que você desejar hoje. A gente criou um sistema também via smartphone, no qual se consegue direcionar essa água de maneira correta”, diz o aluno João dos Santos Lima Neto, do oitavo período de Engenharia Civil.
O projeto está na fase de testes práticos e aferição de resultados, que devem ser concluídos e apresentados até o final do mês. A partir das observações do professor Arionaldo, alguns ajustes serão feitos para que a válvula esteja pronta para ser submetida aos órgãos de patenteamento e apresentada ao mercado. “Depois que eles fabricarem e testarem, vão apresentar o projeto aqui e ter um resultado mais fiel e mais concreto, podendo corrigir inclusive o que eles tinham previsto anteriormente”, pontua Arionaldo.
Irrigação automatizada
Um segundo projeto desenvolvido neste sentido foi desenvolvido no segundo semestre de 2023, com outro grupo de alunos, que desenvolveram um sistema de irrigação automatizado, com o objetivo de otimizar a água utilizada e aumentar a produção de alimentos. Na ocasião, a ideia era implantar esse sistema em uma plantação de hortaliças, que exige uma quantidade específica e moderada de água para crescer. O sistema envolve a colocação de sensores de umidade nas áreas de terra, que indicam quando elas estão muito secas ou muito úmidas.
As quantidades de água são controladas através de computadores e aplicativos, que transmitem os dados a um arduíno, placa de dados acoplada ao sistema de bombas e sensores e interligadas por fiação. A partir das informações desses sensores, eles acionam as válvulas e bombas, iniciando o processo de irrigação e liberando uma quantia pré-determinada para as mangueiras. “Quando se chegava ao ponto em que o sensor não via mais a necessidade de colocar água, automaticamente a bomba desligava e parava de irrigar, só voltando quando o solo estivesse precisando novamente de água. A vantagem é que você não precisa ficar molhando a terra o tempo todo”, defende Arionaldo.
O projeto foi aprovado no final do período e ainda deve ser finalizado pelo grupo de alunos para apresentação formal ao mercado e a parceiros. A ideia é de que o sistema seja utilizado por agricultores familiares.
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