Durante todo o mês de março, uma nova cor surge para esclarecer e conscientizar sobre a prevenção e diagnóstico contra uma doença que vem crescendo no Brasil e no mundo: o câncer colorretal. Trata-se do Março Azul Marinho, criado em 2020 a partir de uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabeleceu o dia 27 de março como o Dia Mundial de Conscientização sobre a doença. É a mesma data que marca, no Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Intestino.
O Março Azul Marinho representa um esforço conjunto entre o sistema de saúde e entidades médicas para aumentar a conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Mostrar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessa doença, além de melhorar a qualidade de vida, aumenta a sobrevida da população”, destaca o médico gastroenterologista Marcel Lima Andrade, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit).
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) já estimavam que, para cada ano do triênio 2023-2025, são estimados 45.630 novos casos de câncer colorretal no país, correspondendo a um risco de 21,10 casos por 100 mil habitantes. Os números colocam a doença na terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma. Um destes casos ganhou a atenção e a solidariedade do público brasileiro: o da cantora Preta Gil, 50 anos, que foi diagnosticada com câncer no cólon em 2023 e passou por cirurgias para a retirada de tumores em pelo menos quatro partes do corpo, além dos ciclos de quimioterapia.
Este tipo de câncer afeta o cólon e o reto, segmentos que compõem o intestino grosso e são responsáveis pelo processamento das fezes resultantes da digestão. “Geralmente, ele se desenvolve a partir de pólipos, lesões benignas na parede interna do intestino que podem evoluir para tumores malignos”, explica Marcel. Em estágios mais avançados, os tumores podem afetar outros órgãos do corpo, como fígado, pulmão, sistema nervoso e ossos.
O câncer colorretal pode estar associado a fatores genéticos, alimentares e ao estilo de vida. Entre os principais fatores de risco estão o tabagismo, o sedentarismo e a alimentação rica em fast food e comidas processadas, além do consumo excessivo de carnes vermelhas e embutidos, como salsicha, presunto e salame. Outros fatores de risco considerados são a idade superior a 50 anos, o baixo consumo de cálcio, a obesidade, alterações genéticas e o histórico de casos de câncer ou de doenças intestinais crônicas na família.
Prevenção e diagnóstico
É aqui que está um dos principais objetivos da campanha Março Azul Marinho: a prevenção contra os fatores de risco da doença. “A adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta rica em alimentos naturais com fibras, redução da ingestão de gorduras saturadas e moderação no consumo de carnes vermelhas, é essencial para reduzir os riscos da doença. O mais importante é praticar atividade física regular, parar com o cigarro, evitar embutidos (salame, presunto, enlatados) e o álcool”, destaca o professor, recomendando ainda a manutenção do peso adequado e o consumo de, pelo menos, dois litros de água por dia.
A consulta regular ao médico e a realização periódica de exames é outra recomendação da campanha. Isto porque o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura do câncer colorretal, que podem ultrapassar 90% nos estágios iniciais da doença. A colonoscopia é um dos exames mais eficazes para a detecção e remoção de pólipos que possam se transformar em câncer. “É fundamental que pessoas com mais de 50 anos ou com histórico familiar da doença realizem exames regulares para garantir um diagnóstico precoce”, alerta.
Os sintomas da doença variam conforme a localização do tumor e podem incluir diarreia, constipação, sangue nas fezes, dor abdominal, sensação de inchaço e perda de peso repentina. O tratamento depende do estágio da doença e pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia. “Além do tratamento, é essencial que os pacientes realizem um acompanhamento regular para detectar qualquer possível recorrência da doença”, completa Marcel.
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