Um projeto de extensão desenvolvido por estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit) vem aperfeiçoando e garantindo a segurança e o bem-estar dos profissionais que atuam no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Desde o semestre 2024-2, oito alunas vêm orientando e conscientizando as equipes sobre a importância dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) na biossegurança e no manejo de perfurocortantes, com foco em evitar acidentes, doenças e contaminações. O trabalho, intitulado “Proteção e Prevenção: A Importância dos EPIs na Biossegurança e no Manejo de Perfurocortantes pelos profissionais do SAMU”, faz parte das Práticas Inovadoras de Pesquisa e Extensão (Pipex), que são elaboradas e executadas em cada semestre nos cursos que adotam a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP).
Segundo a professora Daniele Martins Oliveira, docente do curso de Enfermagem da Unit e atual coordenadora do projeto, o foco principal da iniciativa é a educação permanente dos profissionais do serviço, no que diz respeito ao uso dos EPIs e ao manejo seguro de materiais perfurocortantes. “O projeto promove uma cultura de autocuidado e segurança no ambiente de trabalho, além de atualizar e sensibilizar os profissionais sobre boas práticas de biossegurança. Essa atuação contribui para a redução do risco de acidentes, para o fortalecimento da equipe e para a melhoria da qualidade da assistência prestada”, define.
Ao ser criado, em 2024, o “Proteção e Prevenção” foi orientado pela professora Emília Cervino Nogueira, também do curso de Enfermagem, atendendo a uma demanda encaminhada pela própria direção do serviço. “Segundo o próprio Samu, esses acidentes são (ou eram) bem frequentes devido ao tipo de trabalho desenvolvido em situações de emergência. Os alunos fizeram o diagnóstico situacional com os servidores, e a partir daí elaboraram um manual de prevenção de acidentes com perfurocortantes que foi entregue em cerimônia oficial e colocado nas viaturas. Também realizaram palestras voltadas para os servidores”, lembra ela.
Esta publicação é o “Manual de Biossegurança”, uma cartilha digital elaborada pelas alunas integrantes da equipe. Ela traz todos os detalhes sobre as normas e regulamentações de biossegurança; os tipos de EPIs necessários no atendimento de urgência e emergência e seus modos corretos de uso, conservação e descarte; a higienização das mãos; a limpeza e a desinfecção das ambulâncias; e os procedimentos adequados para o manuseio de materiais biológicos, agentes químicos e materiais perfurocortantes. Dele, foi derivado um manual com os protocolos de segurança a serem seguidos.
“Esses materiais foram transformados em QR Codes, disponibilizados em todas as ambulâncias do SAMU no estado, garantindo acesso prático e rápido às orientações”, explica a aluna Kethlly Vitória Passos Conceição, uma das primeiras participantes do projeto. Ela acrescenta que, além da elaboração da cartilha, elas fizeram rodas de conversa com os profissionais das bases do Samu no Campus Farolândia da Unit e no Hospital de Urgência João Alves Filho (Huse), onde também entregaram panfletos e banners educativos. “A base do Huse, inclusive, recebe profissionais de diversos municípios do estado, o que amplia o alcance da iniciativa”, completa ela.
Atualmente, as ações “Proteção e Prevenção” atendem diretamente a cerca de 50 profissionais do Samu, entre condutores, socorristas, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos, com ações realizadas diretamente nas bases descentralizadas do Samu em Aracaju. A professora Daniele confirma que novas etapas do projeto estão sendo planejadas, com ampliação do escopo temático, ampliação das ações para outras bases e outras estratégias de promoção de saúde no ambiente pré-hospitalar. “A intenção é que o projeto se torne contínuo, contribuindo para a cultura de biossegurança, cuidado e educação permanente dentro da rede de urgência”, destacou.
A ideia do “Proteção e Prevenção” começou a se estender para outras empresas e instituições que atuam nas áreas de saúde e serviços. No semestre passado, a professora Emília Cervino orientou o mesmo projeto sobre EPIs na biossegurança, mas voltado para os servidores da Soservi, empresa que presta serviços de limpeza, atendimento e segurança na Unit e em outros locais. “Os alunos promoveram educação em serviço de forma dinâmica e interativa, com ótimos resultados”, lembra ela.
Teoria e serviço
Nas ações do projeto “Proteção e Prevenção”, as turmas de estudantes desenvolvem rodas de conversa, oficinas práticas e distribuição de materiais educativos. “Os alunos vivenciam, na prática, a integração entre teoria e serviço. Eles desenvolvem habilidades de comunicação, educação em saúde, trabalho em equipe, escuta ativa e responsabilidade social. Além disso, vivenciam o cotidiano do atendimento pré-hospitalar, o que amplia sua visão crítica e prepara para uma atuação mais humanizada e segura”, considera Daniele.
O cuidado com a segurança e a integração com o serviço diário foram alguns dos aprendizados adquiridos pelas alunas que participaram do projeto. Foi o caso de Kethlly Vitória, que atuou como extensionista até o semestre 2025-1. “Aprendi muito sobre biossegurança aplicada à realidade, e principalmente sobre o papel do profissional de enfermagem como educador e agente transformador. A experiência também me ensinou sobre responsabilidade coletiva e trabalho em equipe. Foi uma oportunidade de entender de perto os desafios dos profissionais do SAMU e contribuir com soluções práticas e acessíveis. Ao fortalecer a biossegurança, nós protegemos não só quem atende, mas também quem é atendido”, disse a aluna.
“Indiretamente, os maiores beneficiados são os próprios usuários do serviço de urgência, pois profissionais mais seguros e bem preparados oferecem uma assistência mais qualificada e segura. Para a sociedade, o projeto contribui com a valorização do cuidado em saúde, com a prevenção de acidentes de trabalho e com o fortalecimento da educação em serviço”, acrescenta a professora Daniele, sobre os impactos do projeto na sociedade.
No mesmo projeto, os estudantes são acompanhados pelos próprios profissionais do Samu, que atuam como mentores e os orientam, compartilhando suas experiências do cotidiano. “Essa troca é muito rica, pois os alunos têm acesso direto à realidade da prática pré-hospitalar, compreendendo desafios e estratégias de cuidado, enquanto os servidores refletem sobre seus próprios processos de trabalho”, afirma a atual coordenadora, que também é assessora de planejamento do Samu 192 Sergipe. A coordenação do serviço e a Secretaria de Estado da Saúde são parceiras, apoiando na logística do projeto e no acesso dos alunos às bases.
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