“Ser dentista, para mim, é ser humano”. Esta é a definição de Margarite Maria Delmondes Freitas sobre a profissão que abraçou há 45 anos, quando se formou em Odontologia. A simpatia e o sorriso largo ofuscam as marcas do tempo e realçam ainda mais as experiências de vida e de uma bem-sucedida carreira, como cirurgiã-dentista e também como professora universitária, formando novos humanos. Desde 1998, ela é professora do curso de Odontologia da Universidade Tiradentes (Unit), onde também atua junto ao Grupo Gestor de Extensão Universitária (GGE).
Sergipana, Margarite passou a infância e a adolescência em Feira de Santana (BA), de onde voltou para fazer o curso de Odontologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A escolha foi motivada por um gosto pessoal que sempre teve: ajudar as pessoas. Da formatura até o primeiro emprego na profissão, o passo foi curto e coincidiu com uma virada de década. “Na verdade, eu só passei praticamente três dias [úteis] sem trabalhar, porque eu formei um dia de sexta-feira, no finalzinho de 1979. Teve a passagem de ano, o feriado, e no dia 2 de janeiro de 1980, eu comecei a trabalhar e não parei nunca mais”, relembra.
Além de atuar como dentista particular, Margarite trabalhou principalmente no serviço público, em unidades da Secretaria Estadual de Saúde e do antigo Ipes (Instituto de Previdência do Estado de Sergipe). Ao mesmo tempo, dedicou-se ao ensino de Odontologia, tendo permanecido 10 anos como professora da própria UFS e outros dois na Escola Técnica do Sistema Único de Saúde (ETSUS), em Aracaju. Nesta função, ela participou do programa de confecção de livros relacionados à saúde bucal que servem de referência para o sistema público.
A chegada de Margarite à Unit se deu na época do processo de criação do curso de Odontologia, entre 1996 e 1998. A convite do professor José Carlos Pereira, ela participou das provas de seleção e foi aprovada para ensinar as disciplinas de Oclusão e Anatomia e Escultura Dental. Desde então, atua nestas disciplinas e esteve à frente de diversos projetos de extensão envolvendo o curso.
“A docência me trouxe essa capacidade de lidar com a academia e ao mesmo tempo trazer da prática de consultório o conhecimento que era necessário para validar todo o conhecimento. O que eu achei muito interessante foi a capacidade de, em trazendo uma aula teórica, a vivência da prática ter ajudado bastante a trazer mais informações e mais experiências para os alunos”, relembra ela, que tem o mestrado em Ciências Odontológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA), na própria Unit.
A junção destes conhecimentos teve ainda um toque de criatividade. A professora criou um método de ensino que tornou mais simplificado o ensino prático de instrumentação, manipulação de ferramentas e outros procedimentos, como corte e escultura em cera. “Ele traça um passo-a-passo sincronizado, disciplinado e sequencial. Quando você começa e não tem habilidade nenhuma, ele traz um nível de dificuldade que vai sendo vencido passo a passo, fazendo com que aquela pessoa saia do zero e vá adquirindo habilidade, chegando a 10 em poucos meses”, descreve Margarite.
A previsão é de que, em breve, a professora lance um livro e um perfil nas redes sociais para divulgar o método, chamado Delmondes-Freitas. “É um método que facilita o aprendizado nas minhas disciplinas. Ele faz com que o aluno se sinta empoderado à medida em que aprende uma técnica, a ponto de que ele conseguir ensinar outras pessoas que queiram aprender a mesma coisa. O aluno se sente como se tivesse um grande crescimento em pouquíssimo tempo”, destaca.
Reconhecimento
A dedicação ao ensino universitário e também à carreira de cirurgiã-dentista, renderam a Margarite uma recente homenagem especial. Durante as comemorações do Dia do Cirurgião Dentista, no último dia 25 de outubro, ela recebeu a Medalha de Honra ao Mérito Odontológico, concedida pelo Conselho Regional de Odontologia de Sergipe (CRO/SE). A entidade destacou a contribuição benemérita da professora, reconhecendo a sua atuação relevante nos serviços prestados à Odontologia, bem como sua significativa contribuição à comunidade sergipana.
Para ela, a medalha do CRO/SE foi o coroamento de sua experiência e trajetória profissional. Uma trajetória marcada acima de tudo pelo sentimento de humanidade, carinho e empatia com cada paciente, um aspecto que ela faz questão de transmitir para os alunos. “A Odontologia precisa ser mais humana. Eu sempre falo aos meus alunos que, até agora, eu nunca vi uma boca chegar sozinha no consultório: ela sempre chega com alguém, e é essa pessoa quem traz a sua boca para gente. É esse legado que eu procuro deixar: o de atender sempre com muita humanidade”, concluiu.
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