Para lidar com o atual cenário na educação, muitos professores precisaram se reinventar. A sala de aula mudou. Com a pandemia do novo coronavírus e a suspensão das atividades educacionais de forma presencial, a troca entre docentes e alunos passou a ser de forma virtual com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. Sim! A interação, hoje, é realizada com câmera, microfone e via chat. Ela continua por lá e a tecnologia tem sido a maior aliada.
Com tantas mudanças, o Grupo Tiradentes, por exemplo, investiu em equipamentos, suporte tecnológico, estratégias pedagógicas e capacitação de professores para garantir a continuidade das atividades acadêmicas, a partir das recomendações do Ministério da Educação.
E, foi por meio do Programa de Formação Docente na Era Digital, implementado pela Universidade Tiradentes, que a professora Polyana Bittencourt, do curso de Jornalismo, inovou na sala de aula e no contexto de virtualização das aulas teóricas.
“Por mais que tenha sido um momento difícil, as capacitações ofertadas pela instituição de ensino nos despertaram para muitas iniciativas em sala de aula. É importante levar em consideração que, uma condição, é ter uma aula planejada de forma presencial e outra, é tentar fazer da mesma forma virtualmente. As oficinas me estimularam a uma possibilidade de estar com alguns jornalistas que não estariam em sala de aula”, comenta a professora.
“O grande diferencial é que, com a pandemia, o profissional tem uma disponibilidade maior por muitas vezes estar em casa, e mais que isso, há uma sintonia com os alunos que estão todos no mesmo ambiente. Em uma videoconferência em sala de aula poderíamos não ter o mesmo resultado. A situação acabou favorecendo algumas iniciativas bastante positivas”, acrescenta.
Polyana é docente das disciplinas de Jornalismo Impresso e de Revista da Unit. Aliando os ensinamentos obtidos e com o intuito de trabalhar o conteúdo programático com os acadêmicos, a professora pensou em convidar profissionais da área para, além de um bate-papo, trabalhar o texto e a apuração jornalística trazendo as contribuições diante de diversos conteúdos analisados.
“Já em contato com os alunos, instiguei para que eles pensassem em repórteres que gostavam e pudessem encontrar profissionais que tivessem identificação, além de ser inspiração para eles. Entre os nomes estavam, inclusive, de profissionais que já havíamos trabalhados os textos em sala de aula presencialmente”, salienta.
Os estudantes foram distribuídos e tiveram importantes funções. Enquanto uns entravam em contato com os jornalistas, outros selecionaram os textos dos profissionais, organizaram e distribuíram o material para análise aos demais acadêmicos das disciplinas.
Profissionais convidados
No último dia 27 de abril, os estudantes contaram com a participação da jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, correspondente da Folha de São Paulo na Europa. Atua na Folha desde 1988 e já trabalhou em editorias como política, educação e saúde. A profissional também é autora das publicações “Jornalismo Diário”, “A Vaga É Sua” e “Folha Explica Folha”.
“Ana ficou muito entusiasmada e não sabia da repercussão dos textos dela, principalmente em Aracaju, entre estudantes de jornalismo. Ficamos, inclusive, de encaminhar as análises dos textos porque seria um feedback bom para ela, considerando que está como correspondente em Bruxelas, capital da Bélgica, desde fevereiro”, destaca Polyana. A iniciativa também contou com uma ação do Núcleo Docente Estruturante – NDE – do curso que incentivou a participação de alunos do 1º período.
Já no dia 28 de abril, a aula de jornalismo de Revista contemplou a participação da repórter de Educação, Comportamento e Entretenimento da Veja, Maria Clara Vieira. “Experiência única e especial da quarentena. Dar uma aulinha sobre jornalismo em revista para mais 50 alunos da Universidade Tiradentes. Foram super interativos, cheios de perguntas interessantes e observações valiosas sobre o meu trabalho”, afirma a jornalista.
“A professora Polyana stalkeou meus textos a vera. Agradeço de coração pelo convite, especialmente da Janaína, que me caçou no Twitter, e pela atenção. Mais do que compartilhar um pouco da minha curta experiência – como disse várias vezes, não sou muito mais velha do que a maioria de vocês e definitivamente não me faltam dúvidas sobre o jornalismo, a vida e tudo mais -, foi muito emocionante receber tanto carinho. Quem me conhece sabe que eu sou a miss ansiedade/comparação e as duas horinhas dessa noite de terça me inundaram de gratidão por tudo o que tenho vivido. Obrigada!”, relata Maria Clara em uma rede social.
Experiência acadêmica
Para a professora Polyana Bittencourt, a atividade só foi possível por causa da participação ativa dos estudantes. “É importante ressaltar que foi uma iniciativa minha, mas só aconteceu por conta do empenho e envolvimento dos alunos. Uma ação para que eles possam perceber que tem autonomia e são sujeitos participantes na construção do conhecimento”, enfatiza.
“Nós estamos de igual para igual, professor e aluno. Todos nós temos experiências para serem compartilhadas e valorizadas. Sempre digo para os alunos que para fazer uma entrevista, você precisa ter um conhecimento prévio porque essa é uma das formas de ter atenção e o respeito do seu entrevistado”, garante.
“Foi um desafio quando a professora Polyana entrou em contato comigo para que eu pudesse convidar a Ana Estela. Imaginei que fosse algo impossível. Mandei o e-mail, mas confesso que estava desesperançosa dela responder. Em pouco tempo ela me respondeu e fiquei bem feliz por ela ter aceitado o convite, conta Bruna Melo, estudante do 5° período do curso de Jornalismo.
“As trocas de experiências foram enriquecedoras para mim. A conversa foi bem humanizada e sem estrelismo. O fato da professora ter me desafiado para fazer essa participação acontecer foi muito importante em todo processo, a interação diretamente com o aluno enriquece, traz conhecimento e mais aprendizados diariamente. Mesmo sendo online, em momento algum, deixou de ser incrível a troca. Acredito que até aproximou mais e deixou os alunos mais à vontade para interagir”, complementa.
Janaína Costa, do 4° período do curso de Jornalismo da Unit, também aprovou a iniciativa. Por meio de uma rede social, ela conseguiu o contato e viabilizou a participação da jornalista Maria Clara Vieira. “Foi uma experiência engrandecedora. Como ela tem uma idade próxima da minha e dos meus colegas de classe, mostra que não adianta você ter medo. Você tem que enfrentar se quer alguma coisa, se você quer colocar uma pauta na mesa, tem que sugerir, tem que pensar. Realmente foi muito bom mesmo”, finaliza.