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Coronavírus oferece mais risco de gravidade aos fumantes

Médico e professor da Unit explica que o cigarro debilita os sistemas imunológico, respiratório e cardiovascular do paciente, tornando-o mais sensível à ação da Covid

às 21h20
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Os fumantes estão entre os mais vulneráveis à ação do coronavírus e correm mais riscos de mortes ou sequelas graves. Isto porque o agente causador da Covid-19 tem afetado principalmente o sistema respiratório da pessoa contaminada, desdobrando outras comorbidades já existentes em sequelas mais graves. O alerta foi feito em maio de 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o reforçou nesta segunda-feira, 31, Dia Internacional de Combate ao Fumo

“Os fumantes têm um risco até 50% maior de desenvolver doença grave e ir à óbito por causa da Covid-19, portanto, parar de fumar é a melhor coisa que podem fazer para diminuir o risco do coronavírus, bem como o risco de desenvolver câncer, doenças cardíacas e doenças respiratórias”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, por ocasião do lançamento da campanha “Commit to Quit” (“Comprometa-se a parar”), que pretende reduzir drasticamente o consumo de tabaco em 29 países, incluindo o Brasil. 

A vulnerabilidade dos fumantes se explica pelo fato de o consumo do tabaco fragilizar ainda mais o quadro de saúde dos usuários, a começar pelo sistema imunológico. “A primeira coisa que o cigarro faz é baixar a imunidade, não só para o coronavírus, mas para qualquer outro tipo de infecção. Seja ela por outros tipos de vírus, por bactérias, por protozoários, o organismo da pessoa é fragilizado. Se o fumante, que já vai ter sua imunidade deficiente, tiver comorbidades como diabetes, pressão alta, cânceres, uso de remédios que baixam mais ainda a imunidade, essa infecção será mais danosa para o organismo”, explica o médico pneumologista Saulo Maia d’Ávila Melo, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit).

Já o sistema respiratório é o mais prejudicado pelo consumo prolongado do cigarro e de outros derivados, como charutos, cachimbos, narguilés e cigarros eletrônicos. De acordo com Saulo, esse comprometimento pode ser mensurado através da chamada “carga tabágica”, resultado da multiplicação do tempo de uso do paciente pela quantidade de cigarros que fuma diariamente. “Quanto maior, pior. Uma carga tabágica acima de 20, a gente chama de carga tabágica pesada. Então, esses pacientes têm uma propensão a ter mais doenças que nós chamamos tabaco-dependentes”, explicou, referindo-se a doenças como bronquite crônica, enfisema, câncer de pulmão e fibrose pulmonar. O sistema cardiovascular também é mais afetado pelo fumo, com quadros de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, angina, infarto, derrame cerebral e os diversos tipos de cânceres

‘Reserva’ dos órgãos

O pneumologista aponta que isso acontece porque a chamada “reserva funcional” dos órgãos internos acaba destruída pelas substâncias do cigarro. “Se eu tiver uma reserva funcional boa do pulmão, ele aguenta quando for correr. Isso é o que se chama de reserva. Por isso, os atletas treinam para ter uma reserva funcional do aparelho cardiorrespiratório e etc. O cigarro sai danificando essa reserva funcional. Então, quando ele pega, por exemplo, aquela pneumonia que vai danificar a função do pulmão, quando ele vai procurar a reserva funcional dele, ele não tem porque está com o pulmão comprometido já do cigarro, por isso é que é mais danoso. Todavia, quando você para de fumar você preserva aquela reserva funcional que você tem”, exemplifica.

A virulência do novo coronavírus tende a ser mais forte em vítimas fumantes, com tendência de piora nas doenças respiratórias e cardiovasculares causadas pelo tabaco, bem como mais complicadores na recuperação deste paciente. “O tratamento do fumante com covid é mais complicado, porque esses pacientes têm uma propensão maior de terem esses problemas. São todos esses fatores que predispõem a complicações maiores. Por isso que tem a vacinação precoce das [pessoas com] comorbidades, porque são pessoas que têm comprometida a reserva funcional dos vários órgãos”, esclarece o professor. 

Por esses pontos, a orientação é de que o fumante busque apoio especializado e tratamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje em dia, tem vários remédios que ajudam a pessoa a parar de fumar, desde que a pessoa esteja com vontade de deixar o vício. O princípio básico é a pessoa ter vontade de parar de fumar e os remédios serão um auxílio na dependência química que esse paciente tem. Esses pacientes têm que ter um apoio muito grande das pessoas em volta dele, sejam familiares, amigos, colegas nos locais de trabalho e nós da classe médica, incentivando esses pacientes a pararem de fumar”, conclui Saulo Maia. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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