Em um mundo onde o telefone se tornou uma extensão do próprio corpo para muitos, a questão do tempo de tela e dependência tecnológica tornou-se uma preocupação relevante. Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) mostram que, em 2020, 85% dos brasileiros com 10 anos ou mais acessaram a internet.
A constante exposição à tecnologia tem levado a um cenário onde pessoas se sentem compelidas a checar seus dispositivos constantemente, muitas vezes resultando em uma dependência digital que afeta a saúde ocular, mental e até mesmo as relações sociais.
De acordo com a psicóloga e professora da Universidade Tiradentes (Unit), Catiele Reis, a dependência tecnológica, caracterizada pela necessidade constante de estar online e pela ansiedade resultante quando desconectado, é uma preocupação crescente.
“Em crianças, o excesso de tela pode prejudicar o desenvolvimento, diminuir a capacidade de lidar com a frustração e até mesmo afetar a linguagem. A pessoa não consegue sair sem o telefone e sente dificuldade em planejar-se quando está sem ele por 24 horas”, alerta Catiele.
Estratégias para o equilíbrio digital no ensino à distância
A dependência digital não se limita a momentos de lazer; também afeta o processo de aprendizado, especialmente para estudantes de Ensino a Distância (EAD). Dados da pesquisa Educação Superior a Distância no Brasil, realizada pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), mostram que a modalidade EAD cresceu 133,8% nos últimos dez anos. Essa expansão tem gerado desafios no que diz respeito ao equilíbrio entre tempo de tela e saúde mental.
“Manter uma rotina bem estruturada, priorizando os tempos de estudo e incluindo momentos de afastamento da tecnologia, é fundamental. Para um aprendizado eficaz no EAD, é crucial implementar estratégias que proporcionem intervalos para descanso visual e mental”, enfatiza a psicóloga.
Em uma era onde a internet está sempre ao alcance, é importante encontrar maneiras de desconectar e aproveitar momentos de qualidade. “Os estudantes podem considerar períodos em que desligam os telefones e se dedicam a outras atividades. Também é muito importante se desconectar antes de se deitar. Desligar o telefone 30 minutos antes de dormir pode contribuir para um sono mais tranquilo”, sugere Catielle Reis.
O impacto das telas no funcionamento cerebral é notável. “Estar em frente a telas nos deixa constantemente ativos, com cores e imagens que contribuem para a manutenção da atenção. Para equilibrar isso, é essencial praticar atividades variadas que estimulem diferentes partes do cérebro. A rotina desempenha um papel crucial nesse contexto”, explica a psicóloga.
Priorizando a saúde mental e encontrando equilíbrio
Encontrar equilíbrio entre os diversos papéis desempenhados na vida é essencial para a saúde mental. “Saber dosar uma vida priorizando os diferentes papéis que você executa é o segredo para não sobrecarregar a saúde mental. Quando sinais de exaustão surgirem, é importante agir. Atividades de mindfulness, exercícios físicos e atividades manuais são exemplos de como desconectar e cuidar da saúde mental”, afirma Catiele.
Em um mundo digital que oferece inúmeras possibilidades, saber equilibrar o tempo de tela é fundamental para preservar a saúde ocular e mental. Com as estratégias compartilhadas pela psicóloga Catiele Reis, os estudantes podem navegar com mais sabedoria pela era digital, priorizando o bem-estar enquanto aproveitam o melhor que a tecnologia pode oferecer.
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