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Docente do mestrado em Direitos Humanos da Unit aprova projeto no CNPq

CNPq aprova projeto do ITP em chamada sobre desenvolvimento científico, tecnológico e inovação em cooperativismo

às 20h20
Autor do projeto, professor Ilzver Matos
Autor do projeto, professor Ilzver Matos
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Traçar caminhos, através de ações de etnodesenvolvimento, para que as cerca de cinco mil comunidades de terreiro existentes no estado de Sergipe se tornem economicamente autônomas e, desta maneira, consiga ser modificada a realidade de falta de emprego, renda e sustentabilidade das pessoas que integram este grupo, é um dos objetivos do projeto “Cooperativismo e desenvolvimento sustentável para os povos de terreiro em Sergipe”, coordenado pelo professor do Mestrado em Direitos Humanos da Unit, Dr. Ilzver Matos, pesquisador do Instituto de Tecnologia e Pesquisa, e que será financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O projeto ficou em terceiro lugar, dentre os 14 aprovados nacionalmente, na chamada CNPq/Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) nº 07/2018 – Desenvolvimento Científico, Tecnológico e Inovação em Cooperativismo. Ao todo, cerca de 400 projetos participaram da seleção. A proposta de Dr. Ilzver se encaixa na Linha 1 da Chamada, que corresponde a “Impactos econômicos e sociais do cooperativismo”, e versa sobre projetos de CT&I que busquem compreender as relações existentes entre o cooperativismo e os impactos nas comunidades nas quais as cooperativas estão inseridas, bem como os seus reflexos sociais e econômicos para o país.

A pesquisa será desenvolvida pelo ITP em parceria com a Universidade Tiradentes/SE – através do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos; Universidade Federal Fluminense/RJ, por meio do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos – (INCT-InEAC,), representados, respectivamente, pelos Drs. Roberto Kant de Lima e Ana Paula Miranda, bolsistas de produtividade do CNPq. Também são parceiros da pesquisa as entidades do movimento afro-religioso Sociedade Omolàyié e Comunidade Ojú Ifá.

Mais prováveis resultados 

Também são esperados como frutos da pesquisa, que será realizada ao longo de dois anos, dados sobre processos de implementação e gestão de cooperativas por povos de terreiro no Estado; modelos de cooperativas etnodesenvolvimentistas; metodologia de estudo das cadeias produtivas e do perfil socioeconômico dos empreendedores de povos de terreiro; material diagnóstico orientado para a formulação, desenvolvimento e execução do Plano Estadual de Desenvolvimento dos Povos Tradicionais de Terreiro, conforme explicou o Dr. Ilzver Matos.

A pesquisa será realizada nos terreiros existentes na região metropolitana de Aracaju (capital sergipana), que compreende os municípios de São Cristóvão, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora do Socorro, e também nos municípios de Laranjeiras e Riachuelo, que são integrantes da região do Vale do Cotinguiba, localidade historicamente importante para o desenvolvimento dos povos de terreiro em Sergipe. Os pesquisadores irão até os estados da Bahia, Rio de Janeiro e Maranhão para conhecer a experiência desses locais, que já realizam trabalhos de etnodesenvolvimento das comunidades de terreiros. Os resultados por eles obtidos servirão como parâmetro de verificação para o trabalho local.

“O projeto aproxima o ITP do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) que, em todo o país, organiza, administra e executa o ensino de formação profissional, desenvolvimento e promoção social do trabalhador em cooperativa e cooperado. Também insere o instituto no hall de entidades que, em Sergipe, realizam trabalhos voltados para a promoção de mecanismos de sustentabilidade das comunidades tradicionais de terreiro, afinal de contas, uma das áreas de atuação do ITP é a de Direitos Humanos, e uma das populações que sistematicamente tem tido os direitos afrontados, quando não, negados, é a de religião de matriz africana”, declarou o Dr. Ilzver Matos.

O saber contra as injustiças

Segundo ele, as ações promoverão impactos social, econômico, ambiental, científico, tecnológico e de desenvolvimento sustentável, neste último caso, oferecendo subsídios para atuação de organismos governamentais de planejamento e intervenções na área social, bem como para movimentos de reivindicação e advocacy da sociedade civil na área de autonomia e autodeterminação, com ênfase nos povos e comunidades tradicionais. O pesquisador do ITP destacou, ainda, o fato de estar emergindo no país um movimento de fortalecimento e reconhecimento das tradições africanas e afro-brasileiras que caminha, necessariamente, pelas demandas por produção de espaços de desenvolvimento coletivo de experiências, passadas e presentes, dos diversos povos africanos que formaram o Brasil.

“Reconhece-se a urgência de produção de novos saberes e experiências contra-hegemônicos para o enfrentamento das injustiças, sejam elas históricas, étnicas, raciais, sociais ou cognitivas. O etnodesenvolvimento tem sido uma das estratégias que movimentos e grupos de comunidades tradicionais apontam para a garantia da autonomia e da autodeterminação desses povos”, observou Dr. Ilzver Matos.

Ele enfatizou, ainda, a grande possibilidade de aproveitar os conhecimentos sobre agricultura, artesanato, culinária, moda e turismo étnicos, medicina tradicional, uso de plantas medicinais e rituais, dentre outros, pelas famílias das comunidades tradicionais de terreiro. “É possível, sim, a criação de processos produtivos com base nas experiências culturais e históricas de comunidades de matriz africana em Sergipe, e este projeto vai mostrar isso”, finalizou o coordenador da pesquisa.

Matéria replicada da publicação do site do Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP

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