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Enfermagem Forense

Área trabalha com a assistência a vítimas de violência. Unit oferta especialização com duração de 24 meses

às 19h09
A enfermagem, assim como outras áreas da saúde, oferece aos profissionais várias opções de atuação, muitas até pouco conhecidas. Umas dessas vertentes não tão popular é a Enfermagem Forense, área que trabalha com a prestação de assistência especializada a vítimas dos mais variados tipos de violência e aos agressores, coleta de evidências, recolhimento de provas, identificação de vestígios e auxílio às autoridades legais.
Karen Silva, enfermeira, professora e consultora expert em psiquiatria, violência sexual, tráfico humano e violência doméstica
Karen Silva, enfermeira, professora e consultora expert em psiquiatria, violência sexual, tráfico humano e violência doméstica
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Implantada no Brasil em 2012 por enfermeiras sergipanas, com o auxílio do enfermeiro forense e escritor português Albino Gomes, a área é nova no país e foi criada por conta do grande índice de violência e da necessidade de capacitar os enfermeiros, profissional que tem o primeiro contato com os pacientes, para prestar melhor assistência. Em 2015, em Aracaju, foi criada legalmente a Associação Brasileira de Enfermagem Forense – Abeforense – com o intuito de ajudar todas as pessoas que fazem parte de um cenário de agressão no país.

O enfermeiro forense é o profissional que faz a ponte entre a Legislação e as Ciências da Saúde. Ele é responsável por prestar assistência especializada às vítimas de violências e aos agressores, devem estar preparados para lidar com os traumas físicos, psicológicos e sociais de cada caso ou desastre de massa, além de ter que dominar o conhecimento sobre os sistemas legais, recolher provas, e quando necessário, prestar depoimentos em tribunais. O campo de atuação é amplo, o enfermeiro forense pode atuar na investigação da morte, enfermagem psiquiátrica forense, preservação de vestígios, consultoria e enfermagem forense carcerária, e pode trabalhar em ambiente intra e pré-hospitalar, unidade carcerária, hospitais psiquiátricos, com maus tratos, violência doméstica, abuso sexual, entre outros.

De acordo com Karen Silva, enfermeira, professora e consultora expert em psiquiatria, violência sexual, tráfico humano e violência doméstica, que atua na área há 30 anos na cidade de Los Angeles (EUA), muitos enfermeiros iniciam a especialização nessa área, mas poucos permanecem. “Dependendo da área de foco na atuação, o enfermeiro precisa ter uma vida muito equilibrada para poder conviver de perto com a violência e suas consequências, e não ser influenciada por ela. Muitos enfermeiros procuram essa área por motivos errôneos, não somos peritos de cenas de crimes, somos enfermeiros cuidadores de pessoas vivas ou mortas”, ressalta Karen.

Com vítimas de violência que sobreviveram, é desenvolvida, segundo a consultora, uma relação de confiança tendo assim um relacionamento terapêutico que ajudará na recuperação do evento traumático. Já o trabalho com indivíduos que vieram a óbito, acontece no sentido de colher indícios que levem as causas da morte daquela pessoa. “Nessa área de atuação trabalhamos junto a um médico legista, como sua extensão. Porém, nosso trabalho é exclusivo de exame do corpo, buscamos pistas no ambiente em volta do paciente em óbito para descobrir o estilo de vida, última vez que foi visto vivo, detalhes que podem ajudar o médico legista a chegar a um laudo acurado do tempo, causa, mecanismo e maneira da morte. Sendo assim, muitas vezes somos a ultima “voz” do paciente”, afirma.

Karen explica que ao contrário do que muitos pensam, não há uma relação entre a Enfermagem Forense e a investigação criminal.  Porém, o trabalho dos profissionais da área contribui para elucidar fatos da averiguação. “A investigação fica nas mãos do pessoal da lei. Somos enfermeiros e limitados ao nosso trabalho, lidando somente com o paciente. Nosso envolvimento limita-se ao corpo, vivo ou morto. O local só nos interessa se ele tiver pistas que, por exemplo, nos indique a hora da morte, que nos mostre o estilo de vida ou sinais de doenças já existentes. Se a paciente mostra sinais de lesões por cortes no corpo, então avisamos as autoridades presentes. Dessa forma, colaboramos com a investigação, mas somente dessa maneira”, esclarece.

Violência

A maior parte das pessoas que sofrem violência passa pelo sistema de saúde, e é nesse momento que começa o trabalho do enfermeiro forense. “As vítimas de violência, a maioria quando termina sua a resiliência física (ou psicológica) com a violência, buscam os serviços de saúde, e normalmente a porta de entrada é pelo serviço de urgência ou emergência. Daí a importância de termos profissionais dessa área capacitados para identificar vítimas ou perpetradores em potencial e coletar e/ou preservar possíveis vestígios para ajudar o pessoal da investigação”, explica.

Existem vários tipos e formas de violência, boa parte delas acontece dentro de casa, e segundo Karen, o limite da agressão é a imaginação e o recurso do agressor. “A violência doméstica enquadra todos os tipos de violência: física, sexual, psicológica, moral, financeira e negligência. Ela pode ir de um xingamento a uma morte violenta. Cada agressor tem uma característica própria, não existe um perfil, sabemos que são pessoas que não conseguem controlar a sua impulsividade, tem autoestima frágil e buscam empoderamento fazendo com que as vítimas sintam-se acuadas pelo medo”, aponta.

A consultora explica que pessoas que vivem em meios violentos tendem a desenvolver o mesmo comportamento, graças aos “neurônios -espelhos” que imitam a ação de outro, mas nem todos que sofrem violência tornam-se violentos, alguns acabam acomodados como vítimas, e outros tornam-se pessoas assertivas e ponderadas, eliminando a violência em sua volta. “Existem vários fatores, inclusive traços de personalidade, genética, traumas, percepção do mundo, estilo de vida, que moldam as pessoas a serem o que são. Sabemos que o uso de drogas e álcool são fatores frequentemente associados à violência, porém não há um perfil definido”, reforça.

A abordagem as pessoas vítimas de violência ou aos agressores acontece de forma sútil, uma abordagem que segundo Karen, seria feita a qualquer tipo de paciente. A experiência e a qualificação desse profissional é que fará a diferença. A Enfermagem Forense trabalha na detecção de vítimas e perpetradores de violência, e a intervenção acontece por meio de tratamento ou coleta e preservação de possíveis vestígios.

“A experiência de qualquer enfermeiro que lida com vidas humanas, faz com que ele desenvolva um ‘sexto sentido”, ou seja, nos tornamos mais sensíveis às reações das pessoas em nossa volta. O enfermeiro forense além de ser treinado para entender as várias nuances da violência, utiliza-se dessa sensibilidade para sentir que algo não está bem. A combinação de treinamento e experiência faz com que tenhamos a desconfiança de algo errado, e, portanto, buscamos informações por meio de conversas ou avaliação do paciente e situação em volta, incluindo a linguagem corporal, paraverbal e o tipo de relacionamento do paciente com acompanhantes”, detalha.

Os enfermeiros forenses desenvolvem um papel importante: o combate à violência. Karen conta que os profissionais da área educam as pessoas sobre as diversas nuances de violência e mostram os impactos negativos na saúde física, emocional, psicológica e social que a violência traz. “Atuamos principalmente na prevenção da violência, pois a prevenção sempre trará mais benefícios do que qualquer outra iniciativa. Esse trabalho deveria iniciar desde a infância. Educar desde pequeno para ter civilidade, respeito ao próximo, se comunicar de maneira ponderada e expressar seus sentimentos com palavras não agressivas, mostrar alternativas de resolução de conflito e no caso da violência doméstica persistir, então o enfermeiro deve elaborar planos de ação para que as vítimas em potencial consigam abandonar a situação de violência”, pontua.

Especialização em Enfermagem Forense

A Universidade Tiradentes – Unit – está com inscrições abertas para a especialização em Enfermagem Forense. O curso de pós-graduação latu sensu tem duração de 24 meses e oferece aos alunos todo aparato, teórico e prático, para atuarem na assistência a vítimas de violência. Além dos cursos na área de Saúde, a Unit oferece para esse semestre nos campi da Farolândia, Itabaiana, Estância e Propriá, especialização nas áreas de Computação, Direito, Educação, Engenharia, Estética, Gastronomia, Gestão, Marketing, MBA, Nutrição e Psicologia.

Para os interessados em fazer uma especialização, a universidade criou o “Programa de Matrícula Antecipada – Pós-Graduação Presencial Unit SE”. Os estudantes que fizerem a matrícula e pagamento  até o dia 29 de abril obtém descontos de 40% no valor da matrícula. Egressos e empresas conveniadas também recebem descontos.

Mais informações sobre os cursos e inscrições acesse aqui.

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