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Para especialista, novo salário mínimo pode não representar ganho real para trabalhador

Do ponto de vista econômico o reajuste vai impactar pouco na mesa do assalariado

às 20h43
Professor Ricardo Carneiro
Professor Ricardo Carneiro
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O novo salário mínimo com ganho de R$ 6, passando de R$ 1.039, fixado no final de 2019, para R$ 1.045, começa a valer a partir de 1º de fevereiro.  O valor levou em consideração a projeção da inflação mais recente, mas de acordo com especialistas não contempla ganho real para os trabalhadores.

Segundo o professor da Universidade Tiradentes – Unit – e Procurador do Ministério Público do Trabalho, Ricardo Carneiro, do ponto de vista econômico, o reajuste vai impactar pouco na mesa do trabalhador. “Por outro lado, se levarmos em conta aspectos históricos, a defasagem de muitos anos que o salário mínimo brasileiro tem, pelo menos ao acenar aplicação integral do INPC, o Governo mantém um histórico que materializou o mesmo patamar dos índices oficiais. Se isso não é um alento do ponto de vista econômico para população, pelo menos é um alento do ponto de vista psicológico, porque é na cabeça do trabalhador o salário mínimo não vai ter uma perda do ponto de vista político”, falou.

Ao definir a correção pela inflação medida pelo Índice Nacional do Preço ao Consumidor (INPC), foi estabelecido pelo governo que não haverá aumento real do salário mínimo no próximo ano. “À medida que o salário mínimo perde o poder de compra vai se criando um hiato de desigualdade que se reflete no comércio, nos múltiplos setores que dependem de uma economia aquecida.  A maior parte da população brasileira recebe salário mínimo, seja diretamente na condição de empregado ou indiretamente através dos benefícios sociais. Os mais baixos são pactuados no parâmetro do salário mínimo, então se você reduz esse valor, automaticamente, isso vai se refletir no comércio, em especial no comércio mais popular. E é o que nós temos visto aqui pelo Brasil afora e, em particular, em Aracaju”, analisou.

A estimativa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos- Dieese é de que para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, como estabelecidas nas Constituição, seriam necessários, R$ 4.342,57, ou seja, um valor quatro vezes maior.

“Historicamente o salário mínimo brasileiro sempre foi muito baixo e isso é possível perceber no nosso dia a dia por conta das enormes desigualdades. Temos um abismo entre as maiores remunerações do país e as menores. A consequência disso é uma população em que o ciclo da pobreza se perpetua ao invés de ser quebrado. A população muitas vezes precisa decidir entre trabalhar e estudar, se colocar ou não o filho na escola em detrimento do trabalho. Isso não deveria estar na ordem do dia, porque a escola é algo absolutamente necessário”, finalizou Ricardo Carneiro.

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