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Pesquisa sobre saúde mental de pessoas com HIV é publicada em revista científica espanhola

Estudo desenvolvido no LABIMH, do PSA/Unit, em parceria com instituições de outros estados, visa aprimorar os cuidados com a qualidade de vida das pessoas que vivem com o vírus.

às 15h29
A pesquisa foi realizada para uma tese de doutorado defendida por Cristiane Kelly Aquino no PSA/Unit, e resultou no artigo científico publicado pela revista Retos (Divulgação/Unit)
A pesquisa foi realizada para uma tese de doutorado defendida por Cristiane Kelly Aquino no PSA/Unit, e resultou no artigo científico publicado pela revista Retos (Divulgação/Unit)
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Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA), da Universidade Tiradentes (Unit), em parceria com instituições de ensino de outros estados, está entre os artigos da edição mais recente da revista científica Retos, publicada pela Federación Española de Docentes de Educación Física (Feadef), da Espanha. Ela investigou a relação existente entre níveis de estresse, prática de atividade física e as condições do sistema imunológico de pessoas que vivem com o vírus HIV. O estudo integra a tese de doutorado defendida em agosto de 2023 pela pesquisadora Cristiane Kelly Aquino dos Santos, egressa do PSA. 

O trabalho de pesquisa foi realizado no Laboratório de Biociências da Motricidade Humana (LABIMH), da Unit, em parceria com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), ligado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). A orientação da tese foi dos professores-doutores Estélio Henrique Martin Dantas e Marcos Antonio Almeida Santos, do PSA/Unit, contando ainda com a participação de professores e pesquisadores da Unirio, do Instituto Federal do Tocantins (IFT) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Houve ainda a co-orientação da professora norte-americana Ann Gakumo, coordenadora da Faculdade de Enfermagem da University of Cincinnati, em Ohio (EUA). 

O objetivo do estudo, segundo Cristiane, foi entender melhor como a condição do HIV pode influenciar a saúde mental e física das pessoas, a partir da comparação do nível de estresse, da prática de atividade física habitual e do sistema imunológico destas pessoas. Para comprovar essa relação, os pesquisadores acompanharam um grupo de 307 pessoas adultas (entre 18 e 60 anos) que vivem com HIV, de ambos os sexos e das mais variadas classes socioeconômicas. Após a coleta e análise dos dados obtidos neste acompanhamento, chegou-se a um total de 26,9% de participantes em fase de exaustão devido ao estresse. Em relação ao nível de atividade, 28,2% dos participantes foram identificados como “ativos”, 23,1% como “muito ativos”, 23,1% como “insuficientemente ativos” e 24,1% como “sedentários”. 

Todo o processo de desenvolvimento da pesquisa aconteceu entre 2019 e 2022 e foi marcado pelas restrições impostas pela pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022. Os participantes passaram por exames no HUGG, no Rio, considerado uma referência nacional no cuidado desta população, e que envolveu uma equipe multidisciplinar. “Essa colaboração permitiu que o estudo fosse conduzido com sucesso, apesar dos desafios impostos pela pandemia”, diz Cristiane. 

Segundo a pesquisadora, o estudo revelou que a presença de estresse tem um impacto negativo na contagem de linfócitos TCD4+ (células especiais do sistema imunológico que coordenam a resposta contra infecções pelo HIV). Ela prevaleceu em pacientes sedentários (13,6% dos participantes), com maior tempo de infecção (27,3%) e com contagens de linfócitos superiores a 500 mm (43,3%). “Em outras palavras, quanto mais alto o nível de estresse, menor é a quantidade de linfócitos presentes no corpo”, aponta Kelly. 

Ainda de acordo com a autora, a tese servirá de arcabouço para o desenvolvimento de um projeto de acompanhamento destes pacientes, com foco em verificar os efeitos da prática de exercício físico nos marcadores bioquímicos (imunológicos e inflamatórios), no estresse e na qualidade de vida. Ela acredita também que os resultados podem ajudar a desenvolver formas mais eficazes de lidar com os desafios enfrentados por esses indivíduos. “Além disso, pretendemos realizar estudos longitudinais para avaliar os efeitos dos programas de exercícios físicos a longo prazo na saúde física e mental das pessoas vivendo com HIV/AIDS”, completa o professor Estélio.

Para o orientador, a pesquisa é importante para orientar os profissionais de saúde na elaboração de estratégias eficazes de intervenção, que resultem na melhoria da qualidade de vida desses pacientes. “Os resultados obtidos proporcionam insights valiosos sobre os benefícios dos programas de exercícios físicos, ajudando a embasar práticas clínicas mais assertivas e promover um cuidado integral e holístico para as pessoas vivendo com HIV/Aids. Eles podem fornecer subsídios importantes para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes no enfrentamento dessa condição de saúde, bem como influenciar na elaboração de protocolos de tratamento que incorporem estratégias de exercícios físicos como parte integrante do cuidado multidisciplinar a esses pacientes”, avalia ele. 

Visibilidade internacional

A participação da professora Ann Gakumo, uma das principais especialistas em estudos sobre desigualdades entre pessoas com HIV, surgiu durante a fase inicial da pesquisa, a partir de uma visita técnica à University of Massachusetts, em Boston, onde ela trabalhava à época. De acordo com Cristiane, as orientações e colaborações da norte-americana, através de e-mails e reuniões virtuais, deram acesso a recursos e oportunidades que enriqueceram e aprimoraram a qualidade e relevância da pesquisa. A partir da defesa da tese no PSA, e com o reconhecimento da relevância e originalidade dos resultados obtidos, surgiu a chance de publicar um artigo na Retos, uma das revistas científicas de maior impacto e credibilidade na comunidade científica internacional, que tem foco na área de ciências do esporte e atividade física. 

“A Retos é amplamente reconhecida por sua qualidade editorial e rigor acadêmico, sendo indexada em importantes bases de dados e sendo uma fonte confiável de conhecimento para pesquisadores, acadêmicos e profissionais da área. Publicar nosso artigo nesta revista proporcionará uma maior visibilidade para nossos resultados, permitindo que contribuam para avanços significativos no campo e possam ser acessados por uma audiência mais ampla”, comemora Cristiane, que está elaborando outros dois artigos em parceria com a professora Ann Gakumo, a partir da tese apresentada no PSA. 

Para a assessora de Relações Internacionais da Unit, Júlia Gubert, a publicação do artigo é um reflexo da competência e do protagonismo dos professores do PSA, o que contribui para a construção de uma cultura de internacionalização na universidade. “Através de esforços como esse, nos estabelecemos a cada dia como uma instituição de ensino superior de alta qualidade, promovendo pesquisa de impacto e relevância internacional, e é para isso que as parcerias existem, para construir e para engrandecer a nossa comunidade acadêmica”, diz ela. 

Cristiane Kelly está prestes a concluir um segundo doutorado em Ciências do Movimento Humano, na UFRGS, onde faz uma pesquisa de aplicabilidade prática a partir da tese defendida no PSA/Unit. Segundo ela, o objetivo é aprofundar e explorar novas áreas de investigação relacionadas ao tema. “Também estamos considerando possíveis colaborações futuras com outros grupos de pesquisa, tanto nacionais quanto internacionais, para ampliar ainda mais o impacto de nosso trabalho e promover avanços significativos. Nosso objetivo é contribuir de forma significativa para o avanço do conhecimento científico em nossa área de estudo e fazer uma diferença positiva na saúde e qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV”, concluiu.

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