Lambe-sujo e Caboclinho é um folguedo popular sergipano e alagoano. Por meio de danças, cantos e combates, a tradição relembra a luta entre negros e indígenas, uma alusão à destruição dos quilombos pelos capitães do mato. Os primeiros registros são de 1930, mas historiadores acreditam que esse já era um costume de antes da abolição da escravatura.
“Tudo se inicia em lugares distintos, nas primeiras horas da manhã, quando são armados o quilombo dos negros e a taba dos índios que, tendo sua princesa roubada pelos negros, dão início às estratégias de lutas para libertá-la, enriquecendo sua dramaturgia com cantos, danças e personagens definidos”, explica o professor do curso de História da Universidade Tiradentes, o historiador Rony Rei do Nascimento Silva.
“O traço cultural negro e indígena fundamenta o folguedo que traz uma dramaturgia forte com presença de lutas, traições, combates e embaixadas, como uma verdadeira ópera popular que acontece por todo o dia, desde muito cedo, acordando toda a cidade”, acrescenta.
A tradição da festa é pintar o corpo utilizando carvão e cabaú, que são os lambe-sujos. Os principais personagens desse lado são o Rei Africano, a Princesa, os Embaixadores, a Mãe Suzana, o Pai Juá, o Feitor e os Tocadores, além dos brincantes, vestidos com calções e gorros vermelhos, tendo na mão uma foice como instrumento de trabalho. Usam ainda, um cachimbo ou uma chupeta.
“Já do lado dos caboclinhos, constituídos pelos Índios, os brincantes se vestem com saiotes de penas coloridas e cocar, portando o arco e flechas destinadas à sua defesa. Todos passam no corpo roxo-terra misturado com água, para lhes dar um tom avermelhado”, conta o historiador.
“Ninguém que assiste sua apresentação está livre de sair sujo de vermelho ou preto, porque faz parte do espírito da brincadeira. É característico dos municípios de Itaporanga D’Ajuda e Laranjeiras”, concluiu.
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