O rádio é considerado o primeiro veículo de comunicação de massa. Sua invenção é atribuída ao italiano Guglielmo Marconi e, no Brasil, a primeira transmissão ocorreu em 1923, por Edgard Roquete Pinto e Henry Morize. Mas, há controvérsias. Cem anos depois, muito ainda tem-se discutido sobre a história e o impacto do rádio, que é a junção de três tecnologias: telegrafia, telefone sem fio e ondas de transmissão.
De acordo com a professora do curso de Jornalismo da Universidade Tiradentes (Unit), doutora Juliana Almeida, não há consenso de quando o rádio chegou ao Brasil. “Em 1919, estudantes já haviam feito alguns experimentos envolvendo radioamador. Oficialmente, a primeira grande transmissão radiofônica no Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, quando a Westinghouse, uma empresa que vendia aparelhos e antenas nos Estados Unidos, trouxe para o Brasil uma estação para demonstrar ao governo brasileiro a novidade”, conta.
“O governo brasileiro não se interessou pela tecnologia, e a Westinghouse desfez essa estação provisória que tinham montado. Mas aí o Edgard Roquette-Pinto, um antropólogo que fazia parte da Academia Brasileira de Ciências, vislumbrou que o rádio poderia ser um grande aliado na difusão da educação porque essa comunicação poderia fazer com que pessoas analfabetas tivessem acesso à informação. E até então, só quem tinha acesso à informação era quem sabia ler, através dos jornais e revistas”, conta a professora.
A partir deste fato, o marco da primeira transmissão radiofônica foi atribuída a Roquete-Pinto. “Mas nesse momento era elitista, porque os aparelhos de rádio eram muito caros. Mas logo o rádio se popularizou e se tornou um grande meio de comunicação em massa, porque ele vai ter um alcance que o jornal e a revista não tiveram, porque só tinha acesso a jornal e revista quem sabia ler”, salienta.
“Foi um impacto social absurdo, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, porque revoluciona a comunicação humana, ao fazer com que ela possa atingir grandes distâncias. Em 1932, Bertolt Brecht, quando escreveu ‘Teorias do Rádio’, seu tratado, ele já falava da importância social do rádio para além do entretenimento, tocar música, ou até da questão política ideológica, em que o rádio já era utilizado. Mas o poder social e transformador que o rádio teria justamente por seu alcance e sua penetração”, reforça Juliana.
Confira a linha do tempo do rádio:
- Em 1860, o físico escocês James Maxwell descobriu as ondas, que foram apresentadas somente em 1886 por Heinrich Hertz. Foi Hertz quem apresentou a variação rápida da corrente elétrica para o espaço em forma de ondas de rádio;
- Guglielmo Marconi estabeleceu em linha telefônica os sinais de rádio, dando o nome ao telégrafo sem fio;
- Em 1901, a primeira transmissão de rádio foi num evento esportivo e ocorreu durante a regata de Kingstown para o jornal de Dublin e Marconi recebeu o Prêmio Nobel de Física;
- A transmissão de voz só ocorreu em 1921 e foi introduzida às ondas curtas em 1922;
- Em 1915, Tesla ingressou com um pedido de liminar no Tribunal norte-americano, sob o argumento que lançaria o modelo usado por Marconi;
- Em 1943, a Suprema Corte dos Estados Unidos o reconheceu como o verdadeiro inventor do rádio. Mas, como veremos mais pra frente, algumas fontes dizem o contrário;
- A primeira transmissão tendo o conjunto voz e música por ondas de rádio ocorreu em dezembro de 1906, em Massachusetts, nos Estados Unidos;
- O rádio chegou no Brasil em 1923 e tem até um dia especial: 23 de setembro. A primeira transmissão ocorreu durante a Exposição do Centenário da Independência, quando empresários norte-americanos instalaram uma estação no Corcovado;
- A partir de 1927, tudo mudou e o rádio se transformou totalmente, focando na massificação e na possibilidade de transmissão de sons de aparelhos, que tocavam discos diretamente ao microfone.
Com informações de Toda Matéria, F5 News e Nova Brasil FM
Leia também: Do rádio à Internet: as múltiplas faces do EAD no Brasil