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PSA estuda as consequências da intervenção humana no meio ambiente

Assunto é tema de disciplinas e pesquisas dos cursos de mestrado e doutorado em saúde e ambiente; alunos e professores analisam e debatem impactos na natureza que podem se voltar para o ser humano

às 21h16
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Os impactos ambientais promovidos pela ação humana, bem como as suas respectivas consequências, são um tema constante de análises, debates e pesquisas em universidades e institutos dedicados à ciência. Há muito tempo, eles buscam avaliar como as intervenções urbanas (ou rurais) e as atividades econômicas, entre outras ações, têm contribuído para mudanças significativas na fauna, na flora, na vegetação, no clima e nos ciclos naturais. Estes impactos são estudados em disciplinas dos cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA), da Universidade Tiradentes (Unit), que se dedicam a pesquisas, teses e dissertações relacionadas ao tema. 

De acordo com o professor Rubens Riscala Madi, do PSA, o objetivo destas disciplinas e pesquisas é identificar e entender como essas mudanças acontecem e de que forma elas interferem na saúde do ser humano e dos animais, bem na convivência destes seres com a natureza. Ele explica que a abordagem atende ao caráter interdisciplinar do programa, que atende a profissionais graduados em vários cursos das áreas de Saúde e de Ciências Biológicas, como Enfermagem, da Medicina, Fisioterapia, Educação Física, Biologia e Biomedicina, entre outros. 

“São muitas visões diferentes que vêm congregar aqui. A visão deles é mais voltada à saúde humana, e um problema que o homem tem, desde a Revolução Industrial para cá, é que o homem se desligou da natureza e não se enxerga como elemento dela. A gente tem essa visão de que a natureza está aqui para servir a gente, e isso é o que tentamos quebrar, mostrando para os alunos que eles também são elementos desse ambiente que vivemos, e qualquer influência, qualquer alteração que eles fazem no ambiente vai voltar também para eles, que vão sofrer essa consequência. É o ‘efeito bumerangue’”, alerta Madi. 

Uma destas disciplinas é Biodiversidade e Transformações Ambientais, sobre a influência das transformações naturais ou antropogênicas (produzidas pelo homem) no ambiente natural. Uma das atividades desta disciplina dou a recente visita técnica dos alunos e pesquisadores ao aterro sanitário Ecoparque, mantido em Rosário do Catete, a 37 quilômetros de Aracaju. Nela, os visitantes puderam conhecer o funcionamento de um aterro e as etapas de processamento e transformação do lixo e de seus subprodutos, como gás metano e chorume, e substâncias como biogás, biomassa e água, entre outros materiais. Somente o Ecoparque recebe e processa mais de 1,4 mil toneladas de resíduos sólidos recolhidos em Aracaju, região metropolitana e cidades circunvizinhas. 

Outra disciplina correlata é “Desenvolvimento de Conservação Ambiental”, que tem o foco no homem como ferramenta de alteração de ambiente de influência no ambiente, bem como nas ações que são feitas para reparar, resolver ou mitigar tais influências. Uma terceira disciplina existente é “Ambiente de Saúde de Sociedade”, que discorre sobre a influência do homem no desenvolvimento ao longo da história e a as questões de saúde e do ambiente relacionadas. “Então, se fala de Revolução Industrial, da evolução da agricultura, da poluição, do desmatamento, do desenvolvimento sustentável que aparece em praticamente em todas as aulas, a noção da sustentabilidade e o desenvolvimento do tema ao longo desses últimos 50 anos”, explica o professor. 

As discussões e estudos geram importantes questionamentos levantados durante as pesquisas e visitas técnicas. Um deles, que foi levantado durante a visita ao Ecoparque, sobre o tempo de saturação do solo onde está instalado o aterro sanitário, alerta para a necessidade de planejamentos de longo prazo para a manutenção de equipamentos de grande intervenção ambiental, como os próprios aterros, e a reparação dos impactos ambientais causados por elas, através de processos como o de regeneração de matas nativas ou nascentes de rios. 

“A gente procura mostrar para os doutorandos e mestrandos que essa visão ambiental ela precisa ser mais ampla do que o ‘aqui e agora’, que as consequências vem lá para frente. Elas não vão refletir em nós, mas vão refletir ou continuar refletindo na humanidade”, acrescenta Rubens.

Estudos

O “efeito bumerangue” citado por Madi pode ser exemplificado por algumas das pesquisas relacionadas às consequências das mudanças ambientais na saúde humana. Uma delas está sendo desenvolvida para a tese da pesquisadora Jessy Tawanne Santana, que está no primeiro período do doutorado no PSA. O estudo tem como um dos objetivos a busca por focos dos vetores da Doença de Chagas, os triatomíneos (conhecidos como “barbeiros”), e o aperfeiçoamento do rastreamento desta doença, que ainda é negligenciada em muitas regiões brasileiras. 

Segundo Jessy, a avaliação das relações entre a sociedade e o ambiente são fundamentais na compreensão do processo saúde-doença e dos marcadores socioeconômicos. “Nesse sentido, a abordagem dessas temáticas nos cursos de Mestrado e Doutorado tornam-se cada vez mais necessárias no processo de formação multidisciplinar dos profissionais. A implementação dessas discussões promovem reflexões e estimulam o desenvolvimento de um pensamento que vai além da minha formação primária, a enfermagem. Dessa forma, é possível agregar diversas perspectivas de conhecimento e avaliar uma determinada problemática de forma mais abrangente e eficiente”, afirma. 

Outros estudos em andamento dizem respeito a problemas como o derramamento de manchas de óleo no Oceano Atlântico, que provocou alteração nas populações de parasitas presentes em peixes pescados e consumidos pela população, e como a presença de microplásticos poluentes de rios em corpos de animais atropelados próximo a áreas de reservas ambientais, e que estaria se alimentando de insetos. 

Para a pesquisadora Ravanna Elizíe, aluna do mestrado do PSA, a importância de tratar os temas ambientais no curso agregam mais conhecimento para a atuação profissional, embora seu trabalho não esteja diretamente relacionado ao tema do meio ambiente. “Reconheço a importância da consideração dos fatores ambientais e socioeconômicos na saúde global dos pacientes e na eficácia dos tratamentos. Embora minha pesquisa atual não aborde diretamente esses aspectos, estou aberta a entender como a inclusão de disciplinas que abordam questões ambientais e socioeconômicas pode complementar minha pesquisa e enriquecer minha compreensão dos determinantes da saúde”, avaliou ela.

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