O Brasil tem a população mais preocupada com a saúde mental em todo o mundo, como aponta uma pesquisa realizada em vários países pelo instituto IPSOS, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado em 20 de outubro. O levantamento, realizado entre agosto e setembro, entrevistou 21.513 pessoas e teve seus resultados divulgados pelo jornal Folha de São Paulo.
Ele mostrou que 75% dos mil brasileiros incluídos na pesquisa consideram sua saúde mental importante e 40% manifestam a opinião de que os transtornos mentais são um dos principais problemas de saúde no país hoje. Por outro lado, os especialistas apontam um quadro de aumento dos transtornos como depressão e ansiedade, motivados principalmente pelos problemas sociais e desigualdades econômicas.
“Com tantos problemas causados, ou mesmo agravados pela pandemia, a procura por psiquiatras aumentou significativamente. Mas, assim como é um dos países que mais se preocupa com a saúde mental, também é um dos que lidera o ranking dos transtornos de ansiedade e depressão. Isso significa que, apesar de todo esse cuidado com a saúde mental, existe uma lacuna entre a preocupação e a busca por um tratamento eficaz. Seja porque ainda é considerado tabu por muita gente, ou porque a população tem dificuldade de acesso a este tipo de atendimento, principalmente se houver problemas financeiros”, explica a psicóloga Vanessa Ferreira, do Núcleo de Apoio Educacional e Psicossocial (Napps) do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas).
Um aspecto que também chama a atenção neste sentido é a grande lacuna de serviço que existe entre as consultas de saúde física e mental. Estimativas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontam que os transtornos mentais representam um quinto das deficiências e incapacitações no Brasil, mas os investimentos em serviços de saúde mental só equivalem a cerca de 2% do orçamento da saúde, muito menos que os 11% despendidos por países como Canadá e Reino Unido.
Vanessa Ferreira ressalta que, atualmente, nos consultórios, por exemplo, testemunha-se a crescente busca por terapia, mas ainda há muito a fazer, já que cada público (criança, adolescente, adulto e idoso) tem suas particularidades. Para ela, é preciso haver uma rede de apoio efetiva, seja pública ou privada, campanhas, programas e políticas públicas voltadas especificamente para este trabalho e isso inclui saúde e educação, entre muitos outros aspectos que interferem diretamente no bem-estar do indivíduo.
“Quando perceber que algo está diferente, que não consegue lidar sozinha com os próprios problemas, ou o aparecimento de sintomas, como a angústia e a ansiedade sem causa aparente, é preciso procurar um profissional da área o quanto antes. Cuidar da saúde mental é extremamente Importante, embora nosso corpo esteja bem, se nossas emoções não estiverem, dificuldades estarão presentes e, em algum momento, nos limitarão, levando a perdas e problemas emocionais mais difíceis de administrar. Portanto, quanto mais cedo buscarmos essa ajuda, mais assertivos estaremos sendo conosco”, finalizou a psicóloga.
Asscom | Grupo Tiradentes