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Um guia que educa e orienta a população para se alimentar melhor 

O Guia Alimentar para a População Brasileira teve segunda edição publicada há 10 anos e teve um grande impacto positivo na melhoria dos hábitos alimentares e da saúde

às 20h57
Ao reunir informações sobre as propriedades e classificações dos alimentos, o Guia Alimentar serve de referência para orientar uma alimentação mais saudável (Reprodução/CFN)
Ao reunir informações sobre as propriedades e classificações dos alimentos, o Guia Alimentar serve de referência para orientar uma alimentação mais saudável (Reprodução/CFN)
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Desde 2006, quando foi lançado oficialmente pelo Ministério da Saúde, o Guia Alimentar da População Brasileira se propõe a um papel considerado fundamental pelas autoridades e especialistas de nutrição, alimentação e saúde: o de orientar e informar a população sobre o que comemos, como comemos, quanto comemos e porque comemos. A publicação, que teve uma nova versão lançada em 2014 pelo próprio Ministério em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), alcançou um grande impacto positivo na educação alimentar nutricional e na conscientização sobre a prevenção contra enfermidades através da melhoria dos hábitos alimentares e da saúde.

O documento detalha as categorias de alimentos e as propriedades de cada um deles, bem como a classificação dos produtos conforme os conceitos de alimentos ultraprocessados, processados e in natura de acordo com uma classificação desenvolvida pelos professores e pesquisadores da USP. Segundo a nutricionista e professora Andreza Araújo, do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), o guia surgiu a partir da necessidade de orientação sobre alimentação saudável e equilibrada, diante das transformações vivenciadas pela população brasileira que interferiam principalmente nas condições de saúde e mudanças dos hábitos alimentares. 

“O Guia oferece várias recomendações sobre alimentação saudável e adequada que podem contribuir para a melhora dos hábitos alimentares, assim como para a prevenção de várias doenças. Além de trazer orientações sobre alimentação, ele serve como instrumento para nortear ações voltadas para educação nutricional assim como para o desenvolvimento de ações para a promoção do direito humano à alimentação adequada”, diz Andreza, destacando que a publicação tem uma linguagem de fácil entendimento e traz em cada capítulo um tema que vai norteando o alcance da alimentação saudável. “O objetivo final é que a pessoa tenha autonomia nas escolhas alimentares a fim de promover a segurança alimentar”, pontua.

Pela relevância das informações reunidas, a segunda versão do Guia serviu de base para que, em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), adotasse um novo padrão de rotulagem dos alimentos; e que, em 2023, a Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) adotasse uma lei que proíbe a venda e a oferta de alimentos ultraprocessados em todas as escolas do município. Além disso, a publicação brasileira foi usada como referência para guias semelhantes lançados em países como Uruguai, Equador, Peru, Chile e México, além de ter suas recomendações adotadas na Bélgica, no Canadá e em Israel.

O lançamento da edição de 2014 teve o seu aniversário de 10 anos comemorado com uma série de atividades, incluindo uma palestra e uma mesa-redonda realizadas em maio, durante o Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), em São Paulo (SP), além de um artigo apresentado durante a World Public Health Nutrition Congress 2024, em Londres (Reino Unido), no mês de junho. Em todos os eventos, o Guia Alimentar foi destacado como um marco que impulsionou novos conceitos e superou ideias antigas, considerando que a alimentação envolve nutrientes, alimentos, refeições, modos de comer e uma série de aspectos sociais e culturais das práticas alimentares.

Andreza citou um estudo publicado no ano passado pela revista científica Appetite, por cinco pesquisadoras do Nupens/USP, o qual comprovou que houve uma melhora na alimentação após a divulgação das recomendações do Guia Alimentar, com exceção do consumo de carne vermelha. “Além disso, o principal fator que contribuiu para este resultado foi o fato de as recomendações terem característica qualitativa e não mais somente determinar a quantidade de porções a serem consumidas. Informações sobre compra e preparo de alimentos, planejamento de refeições, horários e locais de consumo de refeições foram incluídas e acabou por auxiliar na melhora da percepção da população de como alcançar essa alimentação saudável”, diz a professora.

Ensinando com o guia

Para além de orientar a população e as autoridades, o Guia Alimentar para a População Brasileira é uma referência importantíssima para os profissionais e estudantes de Nutrição, que têm o adotado cada vez mais nas atividades de ensino e pesquisa. Andreza define que a publicação “representa um instrumento científico que orienta o profissional de nutrição a contribuir na promoção de práticas alimentares saudáveis tanto no âmbito individual quanto no coletivo”, e que, “a partir das informações expostas, o nutricionista consegue adaptar às recomendações sugeridas com às condições específicas de cada pessoa”.

“Quando o aluno tem acesso ao Guia, a sua leitura permite que o mesmo tenha um norteamento de como poderá promover a alimentação saudável para indivíduos ou grupos maiores. Informações não só de alimentação saudável, mas também de combinação de alimentos, refeições, inclusão de dimensões culturais e sociais nessas práticas alimentares estão presentes no Guia”, acrescenta a nutricionista.

O Guia Alimentar para a População Brasileira pode ser acessado aqui.

com informações do Jornal da USP

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