Entre as iniciativas que buscam fomentar ainda mais o crescimento da produção e do mercado de gás natural, energias renováveis e biocombustíveis em Sergipe, realizadas neste momento pela Universidade Tiradentes (Unit), está o aprofundamento de pesquisas voltadas ao aperfeiçoamento da descoberta, da exploração e do uso destes produtos, de modo a torná-los mais baratos e mais acessíveis à população e aos setores econômicos. Esse trabalho vem sendo desenvolvido por pesquisadores, entre professores, egressos e alunos de mestrado e doutorado dos programas de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP) e Biotecnologia Industrial (PBI), em conjunto com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).
Uma dessas pesquisas é sobre a produção de biocombustíveis avançados através do processamento de biomassa. O projeto, financiado pela petrolífera portuguesa Galp, visa o desenvolvimento de processos termoquímicos empregando fluidos pressurizados, catalisadores químicos e bioquímicos em rotas de produção de bioquerosenes, biodiesel, biogás e etanol 2G e 3G, bem como outras técnicas. Ele conta com aproximadamente 30 pesquisadores, incluindo doutores, pós-doutores, técnicos contratados e estudantes de mestrado e doutorado, além de alunos da Graduação que participam de programas de Iniciação Científica.
Estes estudos incluíram a visita realizada a Dublin, na Irlanda, entre os dias 19 e 24 de novembro do ano passado, pelo professor Cláudio Dariva, pesquisador do Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc/ITP) e docente do PEP e do PBI. Nela, Dariva conheceu e observou o funcionamento de empresas que trabalham com o processamento de biomassa e até mesmo do lixo. “O pessoal utiliza resíduos urbanos e também de agroflorestas, de agroindústrias, e transformam isso em combustíveis. Então, em vez de você fazer gasolina, diesel ou querosene a partir de petróleo, a ideia é fazer a partir de resíduos urbanos e a partir de biomassa”, detalha. Uma destas empresas irlandesas, a Dublin Waste to Energy, está em negociações com o Governo do Estado para investir R$ 900 milhões na implantação de uma usina do tipo em Sergipe.
As pesquisas desenvolvidas na Unit e ITP, assim como as informações colhidas na visita à Irlanda, contribuem para um projeto mais ambicioso: a formação de um centro de excelência em Sergipe para a produção de biocombustíveis avançados a partir de biomassa. “São várias tecnologias disponíveis e a gente tem dentro do ITP e da Unit um grupo de pesquisadores e de laboratórios instalados que trabalham com fermentação, com processamento de biomassa, com produção de hidrogênio, com processos de captura de carbono para limpeza do ar, entre outras tecnologias. A ideia é desenvolver estas frentes para produzir processos e produtos inovadores na área de bioenergia”, acrescenta Dariva.
Ainda de acordo com o professor, as pesquisas desenvolvidas em Sergipe estão em consonância com o que está em discussão no cenário internacional: a transição energética dos combustíveis fósseis para a bioenergia e outras fontes renováveis. Neste caso, a principal estratégia a ser seguida por Sergipe, inclusive na formação de pesquisadores e de profissionais, é a diversificação das matrizes e fontes de produção de energia. “O nosso estado é privilegiadíssimo em função da matriz energética, porque a gente tem óleo, gás, termelétricas, hidroelétricas, biomassa, energia eólica e paineis solares. Isso é fantástico quando você quer ser um líder de mercado nessa área. A gente aposta que essa matriz precisa ser diversificada. Isso significa que não devemos direcionar unicamente para uma única energia renovável. Significa que a gente tem que fortificar a parte diversificada da matriz energética”, disse Dariva.
Gás natural
Outra pesquisa realizada no âmbito do Nuesc/ITP e com a Unit atende a uma demanda do setor de gás natural, no qual existem grandes expectativas de aumento da produção em Sergipe. O estudo feito a pedido da Petrobras tem o objetivo de calcular propriedades com a viscosidade e densidade de gases em sistemas pressurizados, através de análises das misturas gasosas em altas pressões. Ela também conta com a participação de mestrandos, doutorandos e alunos da graduação em iniciação científica.
“O gás natural está comprimido sob alta pressão, principalmente em ambientes de reservatório. Quando analisamos o reservatório da costa sergipana – Sergipe Águas Profundas, ele está em um ambiente em pressões altíssimas. As propriedades desse gás são bastante diferenciadas e são difíceis de serem determinadas. Nosso grupo dispõe hoje de uma estrutura no Nuesc/ITP/Unit que permite que analisemos esse gás naquela condição do reservatório. Assim, conseguimos determinar todas as propriedades dele nas condições reais de processamento, o que permite o desenvolvimento e uso das melhores tecnologias de exploração”, diz Dariva, sobre a estrutura do Nuesc.
O pesquisador ressalta ainda que a estrutura e o corpo técnico do ITP e da UNIT tem também atuado continuamente na formação e qualificação de profissionais em diversos níveis para atuarem nesta área de óleo, gás e biocombustíveis. “Acreditamos ser esta uma de nossas vocações como Instituto e Universidade”, completa, sobre a atuação do Grupo Tiradentes neste importante setor produtivo do estado.
* – Matéria alterada às 15h48 para acréscimo de informações
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