Comprar um carro seminovo está mais caro. No Brasil, a valorização dos usados chegou a mais de 20% nos meses de janeiro a julho de 2021. Esse aumento é o maior desde os anos 80, causado pela falta de insumos durante a pandemia de covid-19 e o fechamento de fábricas no país.
O economista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Josenito Oliveira, explica os principais motivos para a alta na valorização. “Tudo começou com a pandemia provocando a paralisação da produção e, posteriormente, a retomada, só que num ritmo mais lento de produção nas fábricas. Isso causou a diminuição da oferta de carros novos para vender. Além disso, aconteceu outro problema, a falta de matéria-prima; linhas de montagem inteiras pararam por causa da falta de chipset, componente fundamental para o funcionamento da parte computadorizada dos veículos. Dessa forma, as entregas de carros novos atrasaram e desanimaram os consumidores, que passaram a procurar os seminovos. Essa pressão da demanda acabou valorizando o mercado de usados”, esclareceu.
Mesmo com preços elevados, as negociações e a procura por veículos seminovos também aumentaram. O número de vendas é quase 50% maior do que em 2020, considerado um dos anos mais fracos para o setor, devido à pandemia. Comparado a 2019, houve aumento de cerca de 7%.
“Em tempos de crise, a lei de oferta e demanda fica mais visível. Como o ciclo dos veículos novos trabalha de uma forma inversa ao dos seminovos, à medida que diminui a oferta de carros novos, existe uma tendência, e é o que está acontecendo hoje em dia, de uma maior procura na compra e na venda de seminovos”, disse.
Os carros mais valorizados são Corolla, Civic, Volkswagen T-Cross e Gol, por conta da tecnologia, praticidade e segurança. Em alguns casos, é possível vender um modelo seminovo por um preço mais alto do que quando saiu da concessionária.
A tendência de alta do mercado deve continuar até o final do ano. Com o retorno de algumas montadoras, a previsão é de que a produção seja normalizada e os preços dos carros novos estabilizem.
“Com o aumento da vacinação, a tendência é que os fornecedores de matérias-primas voltem à normalidade e possam atender às montadoras, que, por sua vez, irão aumentar a produção e corrigir esse problema na oferta de veículos novos. A previsão é que a produção se normalize com a chegada dos veículos novos, o que provocará aumento da oferta e impacto na diminuição dos preços dos veículos seminovos”, concluiu.
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