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Zé Peixe: o homem que se tornou parte do folclore sergipano

O professor e historiador da Universidade Tiradentes (Unit), Rony Silva, relembra a história de Zé Peixe, figura histórica de Sergipe

às 13h50
Imagem: Reprodução
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José Martins Ribeiro Nunes, conhecido como Zé Peixe, nasceu no dia 5 de janeiro de 1927, em Aracaju. Ele cresceu em uma casa em frente ao rio Sergipe, aprendeu a nadar com seus pais, seu Nicanor Ribeiro Nunes e dona Vetúria Martins Ribeiro Nunes. O rio tornou-se parte significativa de sua vida, nele encontravam os encantos das brincadeiras juvenis e o desafio de atravessá-lo para buscar cajus maduros na outra margem. 

Aos 20 anos, após concurso, iniciou o serviço de prático da Capitania dos Portos de Sergipe, exercendo seu ofício por quase meio século. Sua peculiaridade era a de ser um “homem-peixe”, ou seja, não se utilizava de barcos de apoio, mas nadar até os navios, subindo a bordo, guiando as embarcações para mar aberto. 

“Depois de conduzir o navio, Zé Peixe amarrava suas roupas e documentos na bermuda e saltava do parapeito da embarcação em queda livre de 17 metros até a água, nadava até 10 km para chegar à praia, e percorria a pé mais 10 km até chegar à sede da Capitania dos Portos. O único equipamento que às vezes utilizava era uma prancha, que o ajudava a deslizar nas ondas até as embarcações situadas à distância maior, muitas vezes passava dia e noite aguardando os navios apoiado na boia (12 km da praia) até que a maré favorecesse o desembarque”, conta professor e historiador da Universidade Tiradentes (Unit), Rony Silva.

“Foi nessa simbiose entre homem e rio, pele morena do sol e ondas esverdeadas, que Zé Peixe tornou-se uma figura lendária em Sergipe. O ‘homem-peixe’, mesmo já na terceira idade, continuava seu trabalho como prático, surpreendendo tripulações e comandantes que por vezes achavam-no louco. Somente aos 82 anos, enfermo sob os efeitos do alzheimer, Zé Peixe solicitou seu afastamento das atividades junto à Marinha”, explica.

A ilustre figura folclórica recebeu os devidos reconhecimentos de seus feitos que foram diversos. “Destacaria aqui a medalha do Mérito Serigy, e destaque nas mídias, tendo em vista que tantas vezes já salvara vidas ao mar. Sua estátua ocupa o lugar de destaque tanto no Memorial de Sergipe, quanto na entrada do Museu da Gente Sergipana. A obra no Museu da Gente Sergipana, retratando o momento de preparação para um mergulho, batizada de “O Prático” e feita de concreto armado modelado pelo artista visual Elias Santos, foi inaugurada em 25 de setembro de 2013”, ressalta. 

Entre as homenagens está o Espaço Zé Peixe localizado no centro da capital. “O espaço está abrigado no prédio do antigo Terminal Hidroviário Jackson de Figueiredo, que foi construído na década de 1980,e foi desativado com a inauguração da ponte Construtor João Alves. Também encontramos a estátua de Zé Peixe na Capitania dos Portos. Ele também recebeu a medalha Almirante Tamandaré por seus serviços na divulgação e fortalecimento das tradições da Marinha”, completa.

Legado de Zé Peixe

Zé Peixe faleceu em 2012, vítima de insuficiência respiratória. Ele viveu e morreu na simplicidade, e hoje está presente no folclore sergipano como um herói. Sendo uma figura conhecida, seu velório lotou a Igreja de São José com mais de 400 pessoas entre amigos, fãs, colegas e autoridades locais.

Seu jeito vigoroso, corajoso, independente e trabalhador sempre foram vistos como exemplos de caráter e de envelhecimento digno. Ao longo de décadas, foi tema de vários jornais, revistas, livros, entrevistas e reportagens televisivas, tanto nacionais quanto internacionais. Nas diversas homenagens que recebeu, o Instituto Banese fez uma biografia, intitulada ‘Amigo das Águas’.

Em seu último aniversário, Zé Peixe teve a oportunidade de estar presente na inauguração de seu busto na Praça dos Heróis, na Capitania dos Portos. 

 

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