O Serviço de Monitoramento do Meio Marinho do programa Copernicus informou que o nível dos oceanos vem subindo 3,1 milímetros por ano e a cobertura de gelo do Ártico, desde 1979, caiu 12,89% por década, com mínimos recordes nos últimos dois anos.
Os dados são alarmantes e chamam a atenção dos especialistas. De acordo com a entidade, o principal motivo para ocorrência desse fenômeno é o aquecimento global. “A principal preocupação com o dado é que o conjunto de fenômenos decorrentes provocará enorme impacto no bem-estar humano e nos ambientes marinhos costeiros”, comenta o professor da Universidade Tiradentes (Unit), doutor Anderson Sobral.
O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), destacou que, no período entre 1850 e 1900, as emissões de gases pelas atividades humanas foram responsáveis por cerca de 1,1 °C de aquecimento global. O referido documento ainda prevê que, em média, a temperatura global deverá alcançar ou ultrapassar 1,5 °C de aquecimento nos próximos 20 anos — comparado ao nível pré-industrial.
Para o docente da Unit, as terras costeiras mundiais são densamente povoadas e extremamente valiosas. “Uma elevação relativamente pequena do nível dos oceanos poderia provocar a contaminação dos lençóis de água subterrânea com sal, inundar planícies costeiras e até cidades, deixando milhões de pessoas desabrigadas. Para se evitar a destruição de cidades importantes, as nações seriam forçadas a conter o avanço do mar com gastos exorbitantes”, enfatiza.
Anderson Sobral destaca, ainda, outras consequências com o aumento do nível do mar. “Uma elevação de 0,5 m nos níveis dos oceanos desabrigaria 16% da população do Egito. O arroz, principal gênero alimentício de produção da Ásia, é cultivado em deltas de baixas elevações e planícies alagadas. Uma elevação de 1 m nos níveis oceânicos levaria à inundação de muitas áreas de cultivo de arroz, reduzindo de forma substancial a produção”, observa.
“Grande parte das Maldivas, uma nação de 1.196 ilhas no Oceano Índico, desapareceria se o nível do mar se elevar em 2 m. Tal elevação inundaria 28% de Bangladesh, juntamente com grandes porções da Louisiana e Flórida, nos Estados Unidos. No Brasil, as principais capitais poderão ter seus ambientes costeiros prejudicados”, finaliza Anderson Sobral.
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