O negacionismo tomou maior proporção com o início da pandemia de covid-19. Fundamentadas em notícias falsas, muitas pessoas rejeitaram a vacinação e recomendações médicas em relação às medidas de biossegurança. No entanto, o negacionismo é mais antigo do que isso e remete à rejeição de crenças que revelam o acontecimento de fatos históricos ou até mesmo comportamentais.
Além da História e da Ciência, há outro tema que sofre com atitudes negacionistas: o racismo. Para muitos estudiosos da desigualdade racial, para que a luta contra a discriminação da população negra produza resultados significativos, os brasileiros devem assumir que são racistas tanto como indivíduos quanto como sociedade.
Mais de 70% dos brasileiros acreditam que existe racismo no País, mas somente 39% admite que é racista. O senso comum tende a compreender o racismo de maneira simplista, limitando-o à situações como ser impedida de entrar em determinado local ou insultada com palavras pejorativas que remetem à cor da pele. Mas, também se manifesta de formas que podem ser menos gritantes, mas produz efeitos devastadores.
No Brasil, ser negro significa ser mais pobre do que o branco, ter menos escolaridade, receber salário menor, ser mais rejeitado pelo mercado de trabalho, ter menos oportunidades de ascensão profissional e social, dificilmente chegar à cúpula do poder público e aos postos de comando da iniciativa privada, estar entre os principais ocupantes dos subempregos, ter menos acesso aos serviços de saúde, ser vítima preferencial da violência urbana, ter mais chances de ir para a prisão, morrer mais cedo.
Negar essas estatísticas impacta na criação e execução de diversas políticas contra a desigualdade racial. Não sendo o racismo reconhecido, é como se o problema não existisse e nenhuma mudança fosse necessária. A tomada de consciência, portanto, é um ponto de partida fundamental.
*com informações de Agência Senado, Uol, CUT e Guia do Estudante
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