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Pesquisadora desenvolve tecnologia sustentável para tratamento de efluentes de salões de beleza

A pesquisa busca minimizar impactos ambientais e promover a sustentabilidade no setor de beleza

às 19h39
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A indústria de salões de beleza, apesar de sua contribuição para a estética e autoestima, traz consigo desafios ambientais consideráveis. Os efluentes gerados por esses estabelecimentos frequentemente contêm uma variedade de substâncias químicas provenientes de produtos de beleza, representando uma fonte significativa de poluição. 

Cientes desse cenário, a egressa da Universidade Tiradentes (Unit), Amanda de Azevedo Gonçalves, busca alternativas para tratar de maneira eficaz e sustentável esses resíduos, dedicando-se a desenvolver uma solução inovadora para esse problema premente por meio do seu doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Processos da Unit.

Intitulado ‘Tratamento de Efluentes de Salão de Beleza por Processos Eletroquímicos Oxidativos Avançados (POA) usando Ânodo Diamante Dopado com Boro’, o estudo surge como uma resposta promissora para os desafios ambientais enfrentados pelo setor de beleza. Com uma abordagem pautada na eletroquímica, a pesquisa propõe uma alternativa sustentável para o tratamento desses efluentes, visando à preservação dos ecossistemas aquáticos e a redução do impacto ambiental causado pelos resíduos químicos.

“A carga orgânica gerada pelos efluentes de salão de beleza (ESB) é complexa, devido a presença de compostos persistentes nos produtos químicos utilizados pelos serviços prestados nos salões de beleza. Como não são removidos pelos tratamentos convencionais, causa alterações causadas nos sistemas endócrinos dos organismos aquáticos. Além disso, o setor de salões de beleza está em constante crescimento. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a degradação e o teor de mineralização do efluente proveniente das atividades do salão de beleza, utilizando processos de fotoeletro-peróxido em reator batelada”, explica.

Os resultados alcançados pela pesquisa de Amanda são impressionantes. Houve uma redução significativa na carga orgânica dos efluentes, com taxas de degradação de 69% e mineralização de 73%. Esses números representam um avanço substancial no campo do tratamento de efluentes de salões de beleza, indicando a viabilidade e eficácia da abordagem proposta.

“Verificou-se que o processo combinado fotoeltro-peróxido, usando LED UV-Full spectrum e H2O2, ainda não havia sido utilizado nas revisões de literatura consultadas até a defesa da minha tese de doutorado. Considerando os resultados desta pesquisa e a não remoção desses poluentes através do processo convencional, pode-se sugerir o uso dos POA como um pré-tratamento alternativo para os ESB antes de serem lançados nas redes de esgoto”, reforça.

O presente estudo buscou contribuir para o desenvolvimento sustentável, em particular para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 definido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visa garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos.

Trajetória acadêmica

A trajetória acadêmica de Amanda é marcada por uma busca constante pelo conhecimento e pela dedicação à pesquisa. Durante a graduação em Engenharia Ambiental pela Unit, ela teve a oportunidade de participar de projetos de Iniciação Científica que a colocaram em contato com a produção de biodiesel, uma alternativa promissora no cenário dos combustíveis limpos. 

“Nessa época, o biodiesel era considerado uma das principais alternativas na busca por combustíveis limpos. Isso se deve ao fato de ser composto principalmente por ácidos graxos, ter alto poder energético e poder ser convertido em ésteres (biodiesel) através de reações de transesterificação ou esterificação, que podem ser catalisadas tanto de forma homogênea quanto heterogênea, sendo os mais eficientes em termos de custo-benefício quando comparados a outras opções disponíveis. Diante disso, e considerando o avanço da produção de biodiesel no cenário brasileiro, sinto-me honrada por ter participado dessas pesquisas durante a minha experiência na iniciação científica”, explica.

A experiência de Amanda não se limitou apenas aos laboratórios de pesquisa. Enquanto doutoranda, agora atua como pesquisadora de hidrogênio no Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec), contribuindo para o desenvolvimento de soluções inovadoras no campo da energia sustentável. Sua paixão pelo conhecimento e seu compromisso com a preservação ambiental a impulsionam a continuar trilhando um caminho de impacto e transformação na área da Engenharia Ambiental.

Neste momento, Amanda e sua equipe estão em conversações com docentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos da Unit, buscando estabelecer parcerias futuras relacionadas a processos para a produção de hidrogênio. O legado de sua pesquisa continua a reverberar, promovendo avanços não apenas na academia, mas também na indústria e na busca por soluções ambientais cada vez mais sustentáveis.

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