ESTUDE NA UNIT
MENU

Como os fatores comportamentais podem prejudicar o empreendedor

Medo de riscos, falta de planejamento, pressa por resultados e desconhecimento são apontados como fatores que podem provocar dificuldades a quem abre o próprio negócio

às 19h23
Muitas pessoas decidem ter o próprio negócio por necessidades de garantir ou complementar a própria renda, produzindo ou revendendo produtos e serviços (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Muitas pessoas decidem ter o próprio negócio por necessidades de garantir ou complementar a própria renda, produzindo ou revendendo produtos e serviços (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Compartilhe:

O sonho de empreender ou ter uma pequena empresa, fazendo a própria renda e ditando o seu próprio ritmo de trabalho, ainda é acalentado por milhões de pessoas no Brasil. Pesquisas recentes, como a edição 2022 do Monitor Global de Empreendedorismo, estima que 60% da população brasileira adulta tem o sonho de “ter o próprio negócio”, que foi o segundo mais citado da pesquisa. Houve crescimento em relação à edição de 2021, quando esse número foi de 46%. 

A mesma pesquisa, realizada no Brasil pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostrou que também aumentou os índices de “empreendedores potenciais”, isto é, pessoas adultas que não têm empreendimento, mas gostariam de ter um em até três anos. No Monitor, eles somaram 53% da população, colocando o Brasil na segunda colocação da pesquisa, mas praticamente empatado com o lider Panamá. O total equivale à estimativa de 51 milhões de empreendedores potenciais, que fica abaixo dos 115 milhões da Índia. 

Por um lado, se os brasileiros demonstram vontade de ter o próprio negócio, por outro eles também têm receios e medos de dificuldades que se apresentam nessa trajetória, como a burocracia, a concorrência, a intercorrência do mercado, a incerteza de rendimentos, a demora nos resultados e até mesmo a falência. Muitos comentam até mesmo que têm medo de começar a empreender. 

Para a professora Isabel Cristina Barreto, do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit), o medo pode ser minimizado através do conhecimento e do planejamento prévio. “Aconselho que essas pessoas interessadas se envolvam a priori com um plano de negócios e depois encaminhe um planejamento no Canvas, uma ferramenta que pode ser facilmente achada no Google ou nas redes sociais, e se aproprie. Tenha esse cuidado de conhecer e pesquisar o que você for fazer. Antes mesmo de começar a pesquisar o que for fazer, deve-se buscar saber como é ser empreendedor em Sergipe, no Nordeste, no Brasil”, disse Isabel, citando que esse conhecimento técnico deve ser buscado em universidades, cursos profissionalizantes e órgãos de fomento, a exemplo do próprio Sebrae. 

A busca por conhecimento e o planejamento antecipado ajudam a evitar a falência do negócio, que é a consequência mais temida pelos empreendedores. Alguns fatores de ordem comportamental acabam contribuindo para a quebra do negócio. Um deles é usar o caixa da empresa como complemento da renda pessoal, ou quando o dinheiro de uso pessoal acaba misturado com o da empresa. Também são prejudiciais a falta de um estudo mais detalhado sobre o negócio a ser empreendido e a pressa por lucros e resultados imediatos. 

“Eu não posso chegar e dizer: ‘Ah, eu acordei, quero ser empreendedor, vou abrir uma porta e vou comprar aleatoriamente”. Aí não. Você realmente vai falir. E há uma estimativa de dados que diz que em torno de 60% das micro e pequenas empresas declinam antes de completarem dois anos de vida. Justamente por essa falta de planejamento e de espera. É não ter medo e esperar. E também diagnosticar o que está errado e mudar”, alerta Isabel.

Outro receio muito presente entre os que pensam em empreender é a exigência de ter muito dinheiro guardado para dar o primeiro passo. De acordo com a professora, existem casos em que pode se começar a empreender com pouco dinheiro disponível, o que passa pela alternativa de recorrer a programas de crédito e financiamento, ofertados principalmente por bancos de fomento. “Temos os próprios bancos que são capitais de terceiros, também temos a rescisão que você recebe quando sai do seu trabalho, temos o investidor-anjo, que é aquele investidor que entra como “sócio” da sua empresa e também lhe dá suporte. Nós temos um leque, um portfólio grande para poder captar recursos e investir”, afirma ela, ressaltando que tudo deve ser feito igualmente com planejamento e cautela. 

Leia mais:
Empreender nos dias de hoje: uma saída para pagar contas?
Como explorar as oportunidades sendo micro, pequena ou média empresa

Compartilhe: