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Saiba como começar a investir em um cenário de Selic em queda

Com a taxa Selic a 11,25% ao ano, qual o melhor investimento para quem está começando?

às 14h58
Foto: Freepik
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A busca por investimentos rentáveis e seguros é constante, especialmente para quem está iniciando no mundo financeiro. Com a taxa Selic em queda, o cenário exige atenção e análise para encontrar as melhores opções. Estabelecida em 11,25% ao ano, surge a indagação: qual é a rota mais segura e rentável para os investidores iniciantes? 

O pró-reitor de marketing, comercial e relacionamento da Universidade Tiradentes (Unit) e especialista em investimentos, Luis Carlos Beltrami, destaca que antes de adentrar no universo das opções de investimento, é crucial compreender o papel da Taxa Selic, que é definida como a taxa básica de juros na economia brasileira, e influencia todas as demais taxas, como os juros de empréstimos bancários, ou o rendimento de uma aplicação financeira como o Tesouro Direto.

“Em síntese, a taxa Selic é a taxa de juros cobrada nos empréstimos de curto prazo (um dia) realizados entre as instituições financeiras, utilizando como garantia títulos públicos federais. Nesse ponto, há outra taxa muito próxima da Taxa Selic chamada de Taxa DI, que é o mesmo conceito, com a diferença de utilizar títulos privados como garantia. A taxa é muito utilizada como um dos principais elementos para aplicação da política monetária pelo Banco Central, com o objetivo de assegurar a estabilidade da economia. É bem simples: juros mais altos tornam o crédito mais caro, inibindo o consumo e contendo a alta de preços (inflação)”, explica Beltrami.

Diferentes perfis de investidor

A elevação da taxa Selic tende a beneficiar os investimentos de renda fixa, cuja remuneração é baseada em juros pré ou pós-fixados, tais como títulos públicos do governo federal, CDBs emitidos pelos bancos, dentre outros. “Atualmente, o que estamos vivendo é uma redução gradativa da taxa Selic pelo COPOM (Comitê de política Monetária), que está cotada na presente data em 11,25%. O COPOM publica semanalmente o boletim COPOM com as principais perspectivas dos indicadores da economia e, no caso da Selic, o consenso do mercado é que a taxa irá fechar em 9% em 2024”, relata.

Apesar disso, segundo Beltrami, há ainda oportunidades para ganhos em diversos ativos financeiros, conforme a seguinte relação:

Renda Fixa: Títulos públicos como o Tesouro IPCA +, que está rendendo uma taxa fixa de juros de cerca de 4,5% mais a remuneração do IPCA (índice de inflação calculada pelo IBGE), que está atualmente em cerca de 3,80%, é uma boa opção para rentabilizar seus investimentos com um baixo risco. “Lembre-se que os títulos públicos são soberanos, apresentando um risco muito baixo. Além disso, títulos atrelados à taxa Selic ainda são boas opções, dado que a taxa ainda é alta”, orienta,

Fundos Imobiliários: Fundos são condomínios com o objetivo de investirem em determinados ativos, que no caso dos FII´s são empreendimentos imobiliários. “O grande benefício dos FII´s é que você pode ganhar de duas formas:  1- com a valorização do papel e; 2- dividendos mensais que são isentos do imposto de renda. O motivo é que quando os juros caem, as cotas dos fundos tendem a valorizar, devido à maior demanda de mercado”, reforça.

Ações: Aqui uma boa dose de cautela é recomendada, mas é possível achar boas empresas com geração de caixa recorrente, bom nível de endividamento e crescimento constante da receita, a exemplo de bancos, empresas de utilidade pública e empresas ligadas a commodities.

Cenário econômico

Beltrami desenha o cenário econômico projetado para 2024, ressaltando uma perspectiva de redução da taxa Selic para 9%, um PIB estimado em 1,8%, e uma taxa de desemprego em torno de 7,7%, conforme indicado pelo Boletim COPOM e IBGE. Nesse contexto, ele aconselha os investidores a considerarem seus perfis que podem ser:

  • Conservador: Prefere segurança e menor volatilidade.
  • Moderado: Busca equilíbrio entre risco e retorno.
  • Arrojado: Aceita maior volatilidade em busca de retornos mais altos.

É importante considerar também os objetivos ao explorar ativos como títulos públicos, fundos imobiliários e ações. “A partir desse entendimento, o investidor pode começar a estudar ativos como títulos públicos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA ou a Selic, Fundos Imobiliários e Ações de companhias com boa performance econômico-financeira, tais como bancos e concessionárias de serviços públicos, que costumam deter o monopólio de seus serviços”, orienta.

Por fim, o investidor iniciante pode utilizar os serviços de um Assessor de Investimentos (AI), profissional ligado às Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários, para montar o seu portfólio inicial, que pode contemplar os seguintes itens:

  • Tesouro Direto: IPCA + ou Tesouro Selic;
  • CDBs: São certificados emitidos por bancos, cuja remuneração é atrelada a Taxa DI (a Taxa DI significa Depósito Interbancário, e corresponde aos empréstimos entre os bancos, sendo normalmente muito próxima a taxa Selic) 
  • Fundos imobiliários: Fundos que investem em ativos imobiliários, onde você pode obter dividendos isentos de IR mensalmente na sua conta corrente, além da valorização do papel;
  • ETFs (Exchange Traded Funds): fundos de investimento que têm como referência um índice da bolsa, cujo objetivo é atingir rendimentos iguais ou superiores ao indicador utilizado. Um bom exemplo é o BOVA11, que possui como referencial o índice Bovespa (IBOV).

Tributação nos investimentos

No caminho para o esclarecimento financeiro, a compreensão da tributação é essencial. O especialista apresenta algumas delas: 

  • IR (Imposto de renda): pode variar de 22,5% para aplicações até 180 dias até 15%, para aplicações acima de 720 dias para ativos de renda fixa, e 15% para fundos de ações;
  • IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): o imposto segue a tabela regressiva de 96% a 3%, em caso de resgate com menos de 30 dias de aplicação;
  • Taxa de administração: cobrada pela corretora pelo serviço de administração do seu investimento;
  • Taxa de custódia: cobrada pela B3 pelo serviço de guarda do ativo;
  • Taxa de corretagem: cobrada pelo serviço de compra e venda de ações pela corretora;

“Assim, as principais dicas são investir em ativos com perspectiva de médio prazo (acima de 720 dias), para evitar o IOF e reduzir a alíquota do IR. Além disso, comparar as taxas cobradas pelas diferentes corretoras, buscando as que cobram taxas zero pelos serviços”, aconselha. 

Erros comuns 

Identificar e evitar erros comuns é crucial para investidores novatos. Poupanças e produtos financeiros de baixa remuneração, assim como investimentos de alto risco como criptomoedas.

“A compra de ações recomendada pelos especialistas costuma ser desvantajosa, pois o ativo normalmente já teve a sua valorização, e o investidor corre o risco de comprar por um preço mais alto. Por fim, é necessário conhecer seu perfil de investidor e seus objetivos financeiros, bem como um mínimo entendimento da economia e de alguns ativos financeiros, respeitando os produtos que mais se adequem a sua realidade”, reforça.

Além disso, os juros compostos incidem sempre sobre o valor atual (montante mais os juros), e ao longo do tempo podem fazer totalmente a diferença na sua vida. “Vamos a uma simulação: se você investir R$ 500 mensais em um CDB que remunere cerca de 12% ao longo de 30 anos, você terá investido cerca de R$ 180.000, mas você sabe quanto seria seu valor líquido de resgate? Cerca de 1,1 milhão de reais. 30 anos pode parecer muito tempo, mas você já imaginou que a nossa população está envelhecendo cada vez mais, e que é bastante comum postergamos a nossa aposentadoria? Ou podemos fazer uma aplicação dessa para ajudar nossos filhos?”, finaliza o especialista.

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