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Aos 62 anos, Unit leva adiante o legado de seu patrono

Joaquim José da Silva Xavier, o ‘Tiradentes’, empresta não apenas o seu nome, mas também seus valores e ideais à instituição de ensino fundada em 1962

às 21h16
A estátua que representa o alferes Tiradentes, na entrada da Reitoria da Universidade Tiradentes, em Aracaju (Bruno Nasca/Acervo Unit)
A estátua que representa o alferes Tiradentes, na entrada da Reitoria da Universidade Tiradentes, em Aracaju (Bruno Nasca/Acervo Unit)
Alunos do antigo Ginásio Tiradentes desfilavam pelas ruas de Aracaju em homenagem ao patrono, no início da década de 1960 (Acervo Unit)
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Uma figura histórica que representa para muitos o símbolo de luta por uma nação livre e independente. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o ‘Tiradentes’, que liderou a Inconfidência Mineira e foi morto no dia 21 de abril de 1792, tem o seu legado perpetuado pelos brasileiros nas mais diversas formas. Uma delas é a valorização da educação, da cultura, do conhecimento e da inovação, através das quais um país pode consolidar a sua independência e sua liberdade. Este objetivo é levado adiante pela Universidade Tiradentes (Unit), desde a sua criação como Ginásio Tiradentes. 

A instituição de ensino fundada em 21 de abril de 1962 pelo professor Jouberto Uchôa de Mendonça valoriza e promove, desde seu início, a história e o legado de seu patrono. O próprio fundador lembra que o cargo de patrono é o mais elevado na hierarquia das homenagens que serão feitas durante toda a vida da entidade, e que a escolha desse patronato é uma decisão que exige reflexão e responsabilidades. E essa decisão foi alvo de muitas conversas e reflexões durante o processo de criação e instalação do Ginásio. 

“Quando resolvi fundar o colégio pesquisei alguns nomes de sergipanos de expressão para escolher o patrono da escola. No entanto, constataram-se diversos colégios que já homenagearam segmentos religiosos e, especialmente, personalidades nascidas no estado. Mais tarde, conversando com minha mãe, Cândida Rodrigues de Mendonça, em São Paulo, a respeito do assunto, ela sugeriu que eu colocasse um nome que fosse uma referência nacional. Dessa forma, com a colaboração da matriarca, foi escolhido o honroso nome de Tiradentes, que muito orgulha os brasileiros e enobrece a lista de patronos escolares”, aponta Uchôa. 

Em seus primeiros anos, inclusive após sua transformação em Colégio, em 1964, o Tiradentes promovia solenidades e desfiles pelas ruas de Aracaju, com os alunos nas ruas e pequenos discursos do professor Uchôa, nos quais ele destacava a história e o legado do alferes mineiro. Estas homenagens, sempre no feriado de 21 de abril, atraíam muitos populares, sendo antecedidas por aulas com professores de História do Brasil e a celebração de uma missa em ação de graças. Era uma das formas de ensinar aos estudantes sobre História do Brasil e sobre valores como civismo e sentimento de nacionalidade. 

“Estudei o Ginásio no Tiradentes e ali aprendi com os melhores professores, pois foi sempre meta do professor Uchôa ter em seu colégio os mais gabaritados professores. Aprendi a ser disciplinado, pois a disciplina sempre foi meta primordial do estabelecimento. Aprendi a amar minha pátria, porque o civismo era questão de honra do Tiradentes. Aprendi a ser cidadão, respeitar a todos, principalmente, os idosos. Aprendi a ser humano e agradecido, não fosse aquela mão bondosa que nos foi estendida em 1962, quando tantas portas se fechavam, eu não sei o que seria do meu futuro”, relembrou o radialista Carlos Rodrigues (1951-2015), em depoimento para o livro “Universidade Tiradentes, do ginasial ao superior: 50 anos na educação sergipana”, publicado em 2012. 

Com a construção do Campus Farolândia, em 1994, foi construída uma estátua na em frente ao prédio da Reitoria, na qual Tiradentes aparece altivo e fardado com um dos uniformes do Regimento Regular de Cavalaria de Minas, divisão do antigo exército real português que era responsável por manter a segurança da capitania e cumprir as ordens da Coroa. A representação está igualmente em uma grande pintura de azulejos no painel de entrada da reitoria, que também retrata a evolução das sedes do Tiradentes, do Ginásio à Universidade. 

Quem foi Tiradentes 

Nascido em 12 de novembro de 1746 em Fazenda do Pombal, região do atual município de Ritápolis (MG), Joaquim José era o quarto dos sete filhos do português Domingos da Silva Santos e de Antônia da Encarnação Xavier, nascida na antiga Capitania de Minas Gerais. Perdeu os pais ainda criança e passou a ser criado por um dos tios, que era cirurgião-dentista e lhe ensinou o ofício, pelo qual acabou recebendo mais tarde o apelido de “Tiradentes”. Por um bom tempo, atuou como minerador, dentista, boticário e mascate, tendo feito muitas viagens pelo interior da capitania e desenvolvido habilidades no reconhecimento de terrenos e na exploração de jazidas

Em 1780, Tiradentes se alistou na Cavalaria e, um ano depois, já como alferes (equivalente hoje ao posto de segundo-tenente), passou a comandar o destacamento responsável pela guarda da estrada que ligava o Rio de Janeiro, antiga capital da colônia, às principais cidades mineiras onde acontecia a exploração do ouro, como Vila Rica (atual Ouro Preto). Nessa época, o jovem oficial começou a se aproximar de grupos que criticavam a exploração do Brasil pela metrópole, o que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. 

Após ser afastado do comando do destacamento, Tiradentes deixa a Cavalaria em 1787 e tenta implementar obras públicas na cidade do Rio de Janeiro, que já era a capital da colônia, mas acaba barrado pelas autoridades locais. Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia. Assim, de volta a Vila Rica, ele começa a organizar um movimento a favor da independência da província e recebe o apoio de integrantes do clero e da elite mineira, como os escritores Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ocupantes de cargos no governo local. 

O grupo, que tinha muitos intelectuais formados pela célebre Universidade de Coimbra, em Portugal, já conhecia as teorias liberais e iluministas que surgiam à época na Europa e influenciaram revoluções e movimentos emancipatórios pelo mundo, como a independência dos Estados Unidos, em 1776. A essas influências, somou-se à insatisfação com as crescentes cobranças de impostos da Coroa Portuguesa, a qual exigia o pagamento de um quinto do ouro e de todas as pedras preciosas exploradas em Minas Gerais. A gota d’água foi em 1788, quando o governo da capitania decretou a “derrama”, uma ação de cobrança e recolhimento das quantias de ouro devidas, com uso das forças militares. 

Em fevereiro de 1789, Tiradentes e os inconfidentes estavam com todo o plano preparado para deflagrar uma revolta, prender o governador e decretar a independência da capitania. Mas a poucos dias da ação, tudo foi delatado às autoridades por três fazendeiros, em troca do perdão de suas dívidas com a Fazenda Real. Nos meses seguintes, todos os líderes do movimento foram presos, julgados e degredados para colônias portuguesas na África. Tiradentes, por sua vez, assumiu toda a culpa pela conspiração e, por um decreto da então rainha Maria I, foi condenado à morte pelos crimes de rebelião e alta traição. Em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, Tiradentes foi enforcado em praça pública e teve seus restos mortais espalhados pelos locais onde fazia seus discursos, entre o Rio e Vila Rica.

As homenagens a Tiradentes começaram a ser prestadas oficialmente em 1890, no início da República, mas sua memória já era cultuada pelos movimentos republicanos, que viam no líder inconfidente um exemplo de luta pela liberdade e base para outras lutas. Desde 1946, o alferes é considerado patrono das polícias militares de todo o Brasil. No local onde ele esteve preso no Rio, foi erguido o Palácio Tiradentes e o local do enforcamento é a Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, onde sua cabeça foi exposta, fundou-se outra Praça Tiradentes e a antiga cadeia é hoje o Museu da Inconfidência. E seu nome, que tinha sido declarado infame após a sua morte, hoje está escrito como Heroi Nacional no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. 

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