Muitos acreditam que a fisioterapia serve apenas para tratar lesões. No entanto, ela também desempenha um papel crucial na melhoria do desempenho em atividades físicas, como a musculação. A intervenção fisioterapêutica pode melhorar significativamente o desempenho físico dos atletas, reduzindo a ocorrência de lesões em até 50% em programas de treinamento estruturados.
Embora ambas as áreas, tanto fisioterapeuta e educador físico, possam realizar os mesmos exercícios e prescrições, o que difere é o objetivo e o perfil do cliente. No caso do fisioterapeuta, trata-se de um paciente, enquanto o profissional de educação física trabalha com indivíduos saudáveis. O fisioterapeuta foca na reabilitação de indivíduos com doenças ou patologias, enquanto o educador físico realiza treinamentos com pessoas sem lesões.
“Quando pensamos em treinos intensos, a fadiga muscular pode prejudicar o rendimento nos dias seguintes. As técnicas de recovery, que incluem massagens, botas compressivas, aplicação de gelo e eletroterapia, podem acelerar a recuperação muscular, permitindo que a pessoa esteja apta a retomar suas atividades físicas mais rapidamente. Essas técnicas são essenciais para atletas e praticantes de musculação que buscam maximizar seus resultados”, destaca o fisioterapeuta e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Felipe Cerqueira.
Embora a fisioterapia se destaque na prevenção de lesões, ela oferece grandes possibilidades. “Costumamos dizer que todos que desejam praticar atividades físicas, esportivas ou musculação deveriam passar inicialmente por um cardiologista, para avaliar riscos de doenças cardiovasculares, e por um fisioterapeuta, para avaliar riscos de lesões osteomioarticulares. Quando pensamos em prevenção, o objetivo é minimizar riscos, e cada indivíduo possui um nível de risco diferente, de acordo com sua condição física”, elenca.
Além das técnicas
A fisioterapia não se limita a técnicas específicas. A avaliação funcional é essencial para identificar riscos e definir um plano de ação adequado. “A avaliação funcional ajuda o indivíduo a identificar o risco de lesão, definir o foco principal do trabalho que precisa ser feito e se há necessidade de alguma correção, como o uso de palmilhas. Essa avaliação é crucial para quem deseja aumentar o volume de treino ou intensificar a atividade física de forma segura”, pontua Felipe.
A preparação também é um fator importante da fisioterapia. “Algumas técnicas de mobilização, aumento de amplitude e movimento nas articulações podem permitir que o atleta ou cliente alcance maiores amplitudes de movimento durante os exercícios. É comum ver pessoas com dificuldades em realizar agachamentos ou outros exercícios devido à falta de mobilidade. Técnicas de fisioterapia podem melhorar essa mobilidade. Vale ressaltar que o profissional de educação física também pode aplicar essas técnicas, já que estamos falando de indivíduos sem lesões”, ressalta o professor.
Para aqueles que praticam musculação e corrida, uma avaliação importante, segundo Felipe, é a dos pés. “É essencial entender que os pés são a base do nosso corpo e a forma como interagimos com o chão. Alterações na pisada podem ser lesivas. Portanto, uma avaliação da pisada é recomendada antes de iniciar a atividade física. Com base nos resultados, podem ser indicadas correções ou o uso de palmilhas. Muitos acreditam que palmilhas são apenas para crianças, mas adultos que praticam atividade física também podem se beneficiar de palmilhas para melhorar o alinhamento da pisada e reduzir o risco de lesões durante as atividades esportivas”, recomenda o fisioterapeuta.
“No Pain no Gain” não é o caminho
Os sinais que indicam que um praticante de musculação deve procurar a ajuda de um fisioterapeuta incluem, primeiramente, a limitação funcional ou a dor. Se houver lesão, dor ou desconforto durante o treino, é essencial procurar um fisioterapeuta. Isso é muito importante, pois muitas vezes a pessoa acha que a dor é inerente à atividade de musculação, o que não é verdade.
“A dor muscular temporária, não limitante e que não atrapalha a função pode acontecer. No entanto, a dor articular durante a realização do exercício não é natural e não deve ocorrer. Se o indivíduo sente dor durante um determinado exercício que impede seu progresso, ele deve procurar um fisioterapeuta sem hesitação”, reforça o especialista.
Embora muitas pessoas que praticam musculação acreditem que os ganhos só aparecem com dor, o fisioterapeuta alerta que essa ideia é totalmente errônea. “Isso é um risco muito grande, pois a dor pode ser articular ou tendinosa e pode agravar uma lesão existente. Portanto, o principal erro é ignorar o desconforto e a dor”, orienta.
É importante tornar a atividade física um hábito para o paciente. “Quanto mais complicadores e limitadores inserimos na prática da atividade física, mais afastamos os indivíduos dessa prática. Por isso, tenho muito cuidado ao dizer que é necessário combinar fisioterapia com educação física. Seria cômodo para mim, como fisioterapeuta, mas não é verdade. No dia a dia, se meu paciente não tem lesões, passou por uma avaliação inicial, possui uma condição física adequada, não tem grandes fatores de risco e não faz um treino extenuante que necessite de uma recuperação específica, então, se ele estiver bem acompanhado por um profissional de educação física, isso já é extremamente satisfatório”, finaliza.
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