O povoado de Crasto, situado no município de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, é um destino turístico que combina história e natureza. Cercado pelos rios Piauitinga e Piauí, Crasto abriga a Mata do Crasto, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) que preserva a rica biodiversidade da Mata Atlântica. Esta é uma das modalidades de Unidade de Conservação (UC), estabelecida pela lei federal n. 9.985, de 18 de julho de 2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que visa a conservação do meio ambiente.
O professor de Pedagogia da Universidade Tiradentes (Unit), Rony Silva, destaca a relevância histórica e ecológica do local. “O nome do município é uma junção de Santa Luzia, da Igreja Católica, com ‘itanhy’, termo usado pelos indígenas Tupinambá para o Rio Real. A colonização se deu principalmente pelo interesse no cultivo de cana e produção de açúcar, devido à geografia propícia”, explica Silva.
A história do povoado remonta ao século XVI, quando padres jesuítas fundaram missões no território que hoje é Sergipe. “Foram criadas as missões de São Tomé (na atual Santa Luzia do Itanhy), Santo Inácio (às margens do rio Vaza-Barris em Itaporanga) e São Paulo (no litoral). Os jesuítas responsáveis pela catequização dos indígenas foram Gaspar Lourenço e João Salônio. A colonização de Sergipe deu-se, principalmente, pelo interesse dos criadores de gado da Bahia pelos rios da região”, pontua
Atualmente, a economia de Santa Luzia do Itanhy ainda depende dos recursos naturais. “Na atualidade, o município permanece com a maioria de sua população sobrevivendo de recursos naturais. A agricultura (com o coco, a manga, a laranja e a mandioca), a pecuária (com os bovinos, ovinos e suínos) e a avicultura (com os galináceos) são as principais fontes de renda do município”, elenca Rony.
Visitando o Crasto
Ao chegar ao povoado, os turistas são presenteados com a vista do Rio Piauí. “Do lado esquerdo, um antigo trapiche do século XIX nos recebe, enquanto à direita, coqueiros à beira-rio proporcionam sombra para as canoas dos pescadores. No centro, um tamarineiro centenário reina sobre a praça principal, ladeada por casas típicas que outrora abrigavam os funcionários do engenho local. No alto da montanha, erguem-se as ruínas de uma igreja secular, testemunha da presença dos jesuítas na região”, detalha Rony.
A Mata do Crasto, com mais de 700 hectares, é a segunda maior reserva ecológica do estado e um destaque especial. Pertencente à família Leite há mais de cinquenta anos, a fazenda CAISA mantém a mata preservada em 40% de sua área, abrigando uma variedade de flora e fauna silvestre, incluindo espécies ameaçadas como o Guigó.
“A reserva é vital para a conservação ambiental, proporcionando um habitat seguro para diversas espécies, como tatus, veados, raposas, camaleões, jibóias e cascavéis. A descoberta do primata Guigó, uma espécie em extinção, levou à criação do Projeto Guigó, que desenvolve ações para a conservação desta e de outras espécies na região”, observa.
Embora a Mata do Crasto ainda não possua infraestrutura completa para visitação, é possível conhecê-la mediante agendamento prévio com os proprietários. A visita é guiada por um funcionário da fazenda e garante uma experiência em meio à natureza. “O povoado oferece passeios de barco que ligam Crasto à sede do município, além de restaurantes e uma pousada para acomodar os turistas. Os visitantes aparecem geralmente em tempo de festas ou com interesses de pesquisa da região”, comenta Silva.
Um evento tradicional que atrai muitos visitantes é a festa dos pescadores, com a corrida de barcos ornamentados. “A festa reúne pescadores e habitantes das comunidades circunvizinhas, promovendo a sociabilidade e reforçando os laços comunitários. Esses eventos são fundamentais para a dinamização da economia local e para a promoção da cultura regional”, destaca Silva.
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