A iniciação científica é um importante caminho que leva não somente à formação de novos pesquisadores, mas também ao aperfeiçoamento de soluções para desafios e problemas reais, em benefício da população. Este foi o contexto da experiência acadêmica vivida pela fisioterapeuta Alessandra da Silva Nogueira, egressa da Universidade Tiradentes (Unit), que concluiu o curso de Fisioterapia em 2022-2. Entre 2020 e 2021, ela desenvolveu um estudo sobre a “Caracterização histomorfológica do efeito terapêutico do veneno de abelhas sobre lesão intracerebroventricular induzida por estreptozotocina em roedores”, com orientação da professora-doutora Camila Gomes Dantas e participação de Maria Alice Araujo de Santana, que também era aluna do curso à época.
A pesquisa, que segue a linha “Processos e produtos tecnológicos a partir da biodiversidade regional”, investigou a hipótese de que o veneno de abelhas africanizadas (Apis mellífera Linnaeus) possa ser utilizado no desenvolvimento de tratamentos contra doenças neurodegenerativas, a exemplo do Alzheimer. De acordo com Alessandra, o objetivo foi avaliar as alterações estruturais presentes nos encéfalos de roedores, em função da lesão intracerebroventricular por estreptozotocina e dos tratamentos com veneno de abelhas.
“A administração do veneno de abelhas atenuou as alterações histológicas associadas à progressão da doença de Alzheimer induzida por estreptozotocina em roedores, provavelmente devido à sua ação anti-inflamatória. Portanto, o veneno de abelhas configura-se como um potencial candidato a ser utilizado no tratamento da doença de Alzheimer, especialmente na dose 0,1 mg.Kg-1”, diz a egressa, sobre a conclusão alcançada pelo estudo. Os resultados completos serão divulgados em breve, com a publicação de artigo científico em publicação especializada.
Ela avalia também que a pesquisa de IC abre possibilidades de tratamento para doenças neurodegenerativas, em virtude das propriedades anti-inflamatória e neuroprotetora presentes na substância, além de suprir uma lacuna no conhecimento existente sobre o tema.
“A pesquisa gera conhecimento para o desenvolvimento de novos tratamentos, com impacto direto na saúde da população, longevidade e na qualidade de vida. O interesse em encontrar soluções inovadoras e impactantes, tanto no contexto científico quanto no social, pode trazer descobertas valiosas que não só ampliam o entendimento sobre o veneno de abelha, mas também abre novas possibilidades terapêuticas para uma doença complexa e debilitante como o Alzheimer”, pontua Alessandra, que atuou no projeto como bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Residência e mestrado
A experiência na iniciação científica foi assimilada e levada adiante nos passos seguintes da carreira acadêmica de Alessandra, após a conclusão do curso na Unit. Entre 2023 e 2025, ela fez uma residência em Fisioterapia Neurofuncional no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador (BA). O curso, em nível de pós-graduação lato sensu destinada a profissionais da saúde, envolveu o atendimento a pacientes neurológicos em âmbito hospitalar e ambulatorial, desde recém-nascidos até idosos, pacientes agudos, subagudos e crônicos. Já o Roberto Santos é o principal hospital público da Bahia, considerado referência de Alta Complexidade em Neurologia e certificado como hospital de ensino pelos ministérios da Saúde e da Educação (MEC).
A fisioterapeuta pretende conciliar a carreira profissional com a acadêmica. E acaba de dar mais um passo nesse sentido: desde o início deste semestre, ela voltou à Unit e entrou para o Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS), onde agora é aluna de mestrado. Um caminho que foi motivado pela experiência que viveu na iniciação científica, durante a graduação. Ela destaca que esta foi uma das várias oportunidades de pesquisa e extensão que a Unit lhe proporcionou, além dos professores de excelência e qualidade técnica.
“A iniciação científica foi importante para mim pois me ajudou a construir uma base sólida para minha carreira acadêmica e profissional. Participar de projetos de pesquisa permite adquirir competências técnicas e habilidades que podem ser aplicadas tanto em áreas acadêmicas quanto na prática clínica. O que me atraiu foi a oportunidade de explorar o mundo da pesquisa de uma maneira prática e imersiva, indo além da teoria aprendida em sala de aula”, define Alessandra.
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