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Projeto Corvos retoma atividades unindo Engenharia e Computação

Equipe que constroi protótipos para competições de aeromodelismo passou por uma reestruturação e está capacitando novos membros para projetar novos aparelhos que serão usados em competições da SAE Brasil

às 21h13
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Os corvos se preparam para decolar novamente e alçar novos voos pelos céus do Brasil. Mas não se tratam das aves propriamente ditas: são os aeromodelos projetados pela Corvos Aerodesign, equipe formada a partir do projeto de extensão mantido pelos estudantes e professores dos cursos de Engenharia da Universidade Tiradentes (Unit). Voltada para o planejamento, desenvolvimento e construção de aeromodelos utilizados nas competições de aerodesign e aeromodelismo, ela foi criada em 2022, a partir da antiga equipe Cabuto, e fez uma pausa cerca de dois anos depois, quando passou por uma reestruturação. A retomada das atividades aconteceu agora em 2025, com a capacitação e treinamento dos novos integrantes. 

Atualmente, a Corvos tem a participação de 20 estudantes das áreas de Engenharia (Civil e Mecânica) e Tecnologia da Informação (Ciências da Computação), com orientação do professor-doutor Silvio Leonardo Valença. A formação dos integrantes acontece ao longo de todo este ano e visa a participação da equipe em competições nacionais a partir de 2026. Entre elas, estão duas que são organizadas pela Sociedade de Engenheiros Automobilísticos (SAE Brasil): a SAE Brasil Aerodesign, dedicada aos aeromodelos, e a EletroQuad, que reúne drones autônomos.

Segundo o estudante Yan Victor Melo Aragão, do nono período de Engenharia Mecatrônica, atual capitão da equipe, a meta é preparar os estudantes para projetar, desenvolver e operar um aparelho para cada competição: um aeromodelo padrão operado por controle remoto e um drone capaz de percorrer sozinho uma rota pré-programada por computador, sem a necessidade de ter um piloto. É aqui que entra um acréscimo que ainda não existia na configuração original da equipe, a presença de especialistas em computação, que se juntam ao time de engenharia para fazer a programação dos aparelhos e desenvolver soluções que agilizem e melhorem os processos de feitura e planejamento dos protótipos.  

“A ideia é que o pessoal de engenharia faça a parte de desenvolvimento do processo em si, como os cálculos para se fazer a estrutura e a aerodinâmica do sistema, a parte de controle e vibração do aeromodelo, enquanto o pessoal de computação tem como função principal otimizar e agilizar nossos processos. O que acontece principalmente é que nós temos muito livro de como fazer cada projeto na mão, cálculo por cálculo. Porém, nós sabemos que esse cálculos podem ser otimizados por um sistema desenvolvido para isso. A ideia é que o pessoal de programação chegue junto, pense em algo junto com a gente para que as gerações futuras possam acelerar esse processo”, explica Yan.

Essa união de esforços é evocada pelo capitão para definir o espírito do projeto Corvos. “Aqui é muito mais sobre uma engenharia fina. É um local que vai realmente formar engenheiros e programadores de ponta, porque fazer um avião desse voar é trabalhoso, mas tem uma gratificação final. Eu sempre falo aos meninos que a gente vai chegar a momentos nos quais todo mundo estará estressado, mas no momento que esse avião estiver voando, todos vão chorar de felicidade. Isso paga todo o esforço, sim, pois é o que importa. Independente dos problemas, a gente vai estar junto pra fazer isso voar. E eu acho que é isso que importa, sabe? Porque é aí, principalmente, que a engenharia e a programação vão se unir, no propósito de fazer o avião voar”, descreve Yan.

Na projeção dos drones autônomos, o desafio é ainda maior, pois enquanto os aeromodelos, assemelhados à miniatura de um avião, são movidos por um único motor, os drones podem ter três ou quatro motores, que precisam funcionar em sincronia e na mesma potência, para manter a potência e o equilíbrio necessários à sustentação do voo. Tanto a construção dos drones quanto dos aeromodelos devem atender a rigorosos critérios técnicos e de segurança determinados pela SAE e por outros órgãos de controle, incluindo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). 

Aprendizado e impactos

O professor Sílvio destaca os impactos significativos que o projeto traz para a comunidade sergipana, contribuindo para o fortalecimento da cultura científica e tecnológica no Estado, além de integrar a equipe com outros grupos de aerodesign e aeromodelismo que atuam em Sergipe e na região Nordeste. “Ele inspira jovens a seguir carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e posiciona Sergipe no cenário nacional da inovação. Além disso, estimula a criação de uma rede colaborativa entre universidades, empresas e escolas locais, promovendo o desenvolvimento regional sustentável com base no conhecimento e na educação de qualidade”, afirma.  

O aluno Fernando Lucas Gonçalves Cruz, do quinto período de Engenharia Mecânica, entrou para a Corvos em setembro de 2024. Ele conta que sempre foi apaixonado por aviação e foi incentivado a fazer o curso em uma edição da Feivest (Feira do Vestibular), quando viu uma demonstração da equipe de aerodesign. “Isso foi uma das coisas que me incentivou a vir para a instituição. Além de toda a aplicação do conhecimento que é passado em sala de aula sobre as matérias de estruturas, aerodinâmica e tudo mais, aqui a gente aprende muito a conviver com outras pessoas, a desenvolver um trabalho de engenharia colaborativo”, diz ele. 

Fernando acredita que o aprendizado adquirido nos trabalhos de desenvolvimento dos protótipos vai lhe conferir uma grande experiência técnica, ajudando-o a ingressar na área em que pretende fazer carreira: a indústria aeronáutica. “A experiência de você projetar um avião desse é muito desafiador, porque envolve muito a inovação na engenharia. E uma coisa que eu busco bastante é ir para essa parte de desenvolvimento de produtos, além de ser, por exemplo, um engenheiro ou chão de fábrica”, projeta. 

Para o orientador, o projeto Corvos vai muito além do desafio técnico de construir e colocar no ar um protótipo aéreo. “Ele representa uma poderosa ferramenta de aprendizado prático e multidisciplinar, permitindo que nossos estudantes integrem conhecimentos de engenharia mecânica, elétrica, mecatrônica, gestão de projetos e trabalho em equipe. Na Unit, acreditamos em uma formação que alia teoria e prática, e o Corvos materializa essa filosofia. Por meio dele, nossos alunos desenvolvem competências essenciais para o mercado de trabalho, como resolução de problemas reais, criatividade aplicada, planejamento estratégico, liderança e espírito de inovação”, define Leonardo. 

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