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Pesquisa de IC desenvolve co-fermentação para produzir enzimas industriais

O processo desenvolvido por egresso de Biomedicina envolve o aproveitamento do lodo marinho e do bagaço de cana-de-açúcar; ele já tem patente depositada no INPI e teve estudos desenvolvidos em nível industrial no CNPEM, em Campinas (SP)

às 19h53
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A iniciação científica, para além de formar novos profissionais especializados na área científica, também contribui para o desenvolvimento de soluções para demandas da indústria, da agricultura e de muitos outros setores da economia. Um exemplo disso está em um projeto desenvolvido no âmbito do curso de Biomedicina da Universidade Tiradentes (Unit). Nele, o egresso Pedro Henrique da Silva Rodrigues, que concluiu o curso no semestre de 2025-1, investigou o processo de co-fermentação do lodo marinho e do bagaço de cana-de-açúcar para a produção de enzimas fúngicas de interesse industrial. 

A pesquisa é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), com orientação da professora Maria Lucila Hernández Macedo e co-orientação do professor Ranyere Lucena de Souza. Os trabalhos da pesquisa, com a participação da pesquisadora e então mestranda Isabella Miranda Cicera Dias, foram realizados ao longo de um ano, entre 2023 e 2024, no Laboratório de Biologia Molecular (LBM) do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). A linha seguida pelo estudo envolve biotecnologia industrial e microbiologia aplicada, com ênfase na valorização de resíduos agroindustriais. 

De acordo com Pedro, o objetivo foi avaliar a capacidade de fungos de podridão branca em produzir enzimas a partir da bioconversão de substratos lignocelulósicos, como o bagaço de cana de açúcar e o lodo marinho. “O bagaço de cana de açúcar é um resíduo lignocelulósico amplamente utilizado na geração de energia e na produção de bioetanol de segunda geração. No entanto, sua queima ainda contribui para a emissão de gases de efeito estufa, o que reforça a importância de estratégias mais sustentáveis e integradas para seu aproveitamento. Já o lodo marinho, proveniente de processos como a dessalinização da água do fundo do mar, e, muitas vezes, é descartado de forma inadequada, caracterizando-se como um passivo ambiental com potencial de valorização”, explica. 

Esses resíduos, chamados de lignocelulósicos, são potenciais indutores na produção de enzimas lignocelulolíticas, como lacase, manganês peroxidase (MnP), lignina peroxidase (LiP), celulase total e endoglucanase. O processo de extração das enzimas envolve uma co-fermentação submersa, utilizando os resíduos como substratos. “Após o cultivo, o caldo enzimático é submetido à centrifugação, e o sobrenadante obtido é então utilizado para a determinação da atividade enzimática. As enzimas obtidas podem ser aplicadas em biorremediação de efluentes, degradação de plásticos e compostos fenólicos, processos de branqueamento na indústria de papel, entre outros processos”, detalha o biomédico.

O processo de co-fermentação desenvolvido pela pesquisa na Unit já conta com uma patente depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Na visão de Pedro, essa pesquisa  contribui com soluções sustentáveis para o reaproveitamento de resíduos. “Além disso, ela fortalece o uso de biotecnologia verde, devido à forte atividade agrícola e costeira, como Sergipe. Optei por trabalhar nesse tema por acreditar no potencial das soluções biotecnológicas baseadas no aproveitamento de resíduos locais, capazes de gerar alto impacto ambiental”, acrescenta.

Continuidade

Ao todo, Pedro Henrique atuou por dois anos como bolsista de Iniciação Científica, desenvolvendo projetos no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). O projeto de IC foi concluído, mas ele deu continuidade à pesquisa, escalonando-a para o nível industrial e realizando experimentos em biorreatores no Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), que é ligado ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP). Ao mesmo tempo, submeteu um projeto ao programa de pós-graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), que integra instituições de todo o Nordeste (incluindo a Unit), onde ingressou diretamente no doutorado em Biotecnologia. 

Ao longo da graduação que fez na Unit, Pedro atuou por dois anos como bolsista no ITP, onde participou de outros projetos de pesquisa. Um deles, iniciado no ano passado, foi sobre a produção de poli-hidroxibutirato (PHB), um tipo de um termoplástico biodegradável, por bactérias de manguezal a partir de resíduos agroindustriais hidrolisados por co-fermentação. “Sempre tive interesse na utilização de microrganismos e na valorização de resíduos como ferramentas para solucionar questões ambientais. O potencial das enzimas microbianas em substituir processos químicos convencionais, de forma limpa e eficiente, foi o que despertou meu interesse pela biotecnologia”, apontou o biomédico.

Para ele, a iniciação científica foi essencial para o crescimento técnico e acadêmico, o que lhe foi possível graças ao apoio que encontrou na universidade. “A Unit proporcionou um ambiente de suporte acadêmico, infraestrutura adequada e orientação de excelência. Por meio da Iniciação Científica no ITP, tive a oportunidade de contribuir efetivamente em projetos de relevância científica. E foi o que possibilitou a ampliação da minha pesquisa em centros de referência, como o CNPEM”, destacou Pedro, que pretende seguir na carreira acadêmica, com foco na área de biotecnologia. “Meu interesse é aprofundar pesquisas na aplicação industrial de enzimas e processos de biodegradação”, concluiu.

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