O debate sobre o impacto das notícias falsas e de boatos no combate às pandemias ganhou um novo capítulo nos últimos dias. Em 21 de outubro, numa live realizada em seus perfis nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro abordou um boato que foi rapidamente desmentido e criticado por especialistas: o de que pessoas imunizadas contra a Covid-19 estariam sendo infectadas com o vírus HIV, agente causador da AIDS. Ele afirmou ter se baseado em relatórios semanais do Departamento de Saúde Pública do Reino Unido, mas, na verdade, tais documentos não fazem nenhuma ligação entre a vacinação e a doença.
A notícia falsa já estava espalhada pela internet, mas foi imediatamente desmentida por médicos, cientistas e agências jornalísticas de checagem de dados. Uma delas, a Aos Fatos, concluiu que as informações foram manipuladas na Internet e expôs os dados dos relatórios verdadeiros em seus canais oficiais. E com esta constatação, as redes sociais Facebook, Instagram e YouTube removeram a live do presidente em seus perfis.
A infectologista Gilmara Carvalho Batista, professora assistente do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), reforça que as vacinas não provocam doenças, mas as evitam, ao criar anticorpos capazes de neutralizar seus agentes transmissores. “Quando um indivíduo é vacinado, as substâncias presentes nas vacinas provocam uma reação do próprio organismo para que ele crie uma proteção no sistema imunológico que irá adquirir informações sobre uma determinada doença e, dessa maneira o organismo produzirá células para se defender da infecção. Logo, a vacina tem como objetivo sanar doenças, e não provocá-las”, observa.
O contágio da AIDS
Ainda de acordo com Gilmara, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, também conhecida como AIDS, é causada pelo HIV, vírus descoberto na década de 1980 e que tem como principal forma de transmissão a relação sexual sem uso de preservativos, bem como o contato com sangue ou secreções contaminadas.
Logo, não há relação entre o vírus HIV e a Covid-19, muito menos com as vacinas aplicadas atualmente, o que foi reafirmado pelo posicionamento de entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Para proteger sua saúde, a população deve levar em consideração as recomendações das autoridades sanitárias sobre o tema”, diz o CFM, em nota.
Para a professora da Unit, a Aids é uma doença atualmente bem conhecida e estudada, tendo um tratamento estabelecido. “O indivíduo acometido pode ter um comprometimento crônico, mas com devido tratamento tem qualidade de vida permitindo que ele viva muitos anos apenas com o uso de medicamentos e monitorando a dosagem da carga viral que deve ser realizada semestralmente e, em muitos casos, está negativada. O tratamento é disponibilizado na rede pública gratuitamente com acompanhamento especializado feito por infectologistas, basta procurar os postos de saúde especializados”, orienta ela.
Controle da Covid-19
É possível perceber, pelos números de casos e óbitos decrescentes, que a vacina tem surtido efeito contra o coronavírus, representando a forma mais efetiva de combate a proliferação do vírus. Dados das Secretarias Estaduais de Saúde, apurados pelo Consórcio de Veículos de Imprensa, mostram que 74,9% dos brasileiros receberam pelo menos a primeira dose da vacina, e, destes, 55,6% completaram o ciclo de imunização e 3% já receberam a dose de reforço.
Asscom | Grupo Tiradentes