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Aluno surdo de Educação Física conta sua relação com a música

Christian Freitas, que nasceu surdo, começou sua relação com a música ainda na infância e hoje se diverte nas aulas de dança de seu curso

às 22h13
Christian Freitas, aluno do curso de Educação Física, curte música e dança
Christian Freitas, aluno do curso de Educação Física, curte música e dança
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Já imaginou todo o mundo em silêncio? Para muitos, isso pode parecer ruim, mas as pessoas surdas encontram seus sons e ritmos por meio das vibrações. Prova disso é o aluno de Educação Física da Universidade Tiradentes (Unit), Christian Freitas, que nasceu surdo, porém começou sua relação com a música ainda na infância.

O Dia Internacional da Música, celebrado neste dia 21, reforça que não existe barreiras para senti-la. “Minha relação com a música começou quando eu ainda era criança. Por causa da surdez comecei um tratamento com uma fonoaudióloga e umas das atividades que fazíamos era com música. Lembro que ela adorava e foi aí que eu comecei a ter a curiosidade em relação aos sons ritmados. Era sempre algo alegre e dançante, foi a partir dessa experiência que comecei a gostar de músicas”, conta Christian.

Pessoas surdas ou com perda de audição severa têm como consequência o aumento da sensibilidade dos outros sentidos como o tato e a visão. É por meio dessas sensações aguçadas que as vibrações do ar, causadas pelos ruídos, são percebidas. Isso faz com que o surdo reconheça ritmos e tons, principalmente os mais graves.

“Eu consigo sentir a música, não ouvir. Quem é surdo, experimenta as vibrações das músicas. Eu mesmo, não escuto desde que nasci, mas tive a oportunidade de fazer o transplante coclear, o que me dá uma facilidade a mais para distinguir sons e notas musicais. Porém, o que eu posso garantir é que eu não gosto de nada calmo, amo músicas com graves bem fortes e que sejam bem dançantes”, ressalta.

O aluno do curso de Educação Física conta quais são suas influências musicais. “Gosto de todas as músicas que sejam dançantes e que tenham batidas que eu consiga sentir. Na minha playlist sempre tem Anitta, Ludmilla, Rihanna e Beyoncé. Interessante ressaltar que com meu implante eu consigo até diferenciar elas, entendo os tons das notas musicais e até mesmo algumas palavras”, diz.

Essa entrevista, inclusive, foi feita graças aos intérpretes disponibilizados para os alunos surdos por meio do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS).

Da música à dança

O uso da música durante suas terapias fonoaudiológicas abriram as portas para o mundo da dança e hoje Christian possui um perfil no Instagram –  @deaf.dance – junto com seu amigo Rafael Leite, que também é surdo, no qual eles dançam as músicas que são hits do momento.  

“Consigo reproduzir as danças com duas técnicas: a primeira é visual e a segunda é com a vibração. Primeiro coloco para tocar várias vezes a mesma música e a sinto, depois eu vejo o vídeo da coreografia e vou copiando os passos e tento alinhar com o que sinto da música. Não tem como negar que às vezes é bem difícil, mas nada que muito treino não resolva”, afirma.

Em Libras

Nos dias atuais, foi iniciado um movimento de inclusão das pessoas surdas em eventos musicais com tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Infelizmente, ainda não fui a um show com tradução simultânea, mas eu acho muito importante para que a gente consiga participar de uma forma mais ativa. Outra coisa que acho legal são os vídeos com pessoas traduzindo a música em Libras”, ressalta.

 

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