Após o período de isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19, tem sido observado um preocupante aumento no número de alunos que apresentam transtornos afetivos, como ansiedade, depressão e pânico, sendo responsáveis por episódios de invasão e extrema violência nas escolas.
O cenário tem sido marcado pela disseminação de práticas agressivas de intimidações e perseguições, conhecidas como Bullying e Cyberbullying, alimentadas por questões como abandono ou violência familiar do agressor. Diante desse contexto, educadores têm aprofundado seus conhecimentos sobre o tema para identificar mudanças de comportamento entre seus alunos e implementar medidas de prevenção e suporte.
“Pode-se observar um aumento significativo no número de alunos que estão enfrentando problemas emocionais após o período de isolamento. O Bullying e o Cyberbullying são manifestações alarmantes desse cenário, e é essencial que os professores estejam preparados para identificar esses comportamentos e oferecer apoio adequado”, destaca a professora tutora de Pedagogia da Universidade Tiradentes (Unit), Eunice Aparecida Borsetto.
Como acontece?
O Bullying se manifesta no meio físico, com agressões diretas, enquanto o Cyberbullying ocorre através das redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas online, dificultando ainda mais a defesa das vítimas. As práticas intimidatórias têm como motivação questões estéticas, sexuais ou religiosas, refletindo a intolerância e a falta de empatia por parte dos agressores.
“É crucial que os educadores se aprofundem no tema e estejam atentos a mudanças comportamentais dos alunos, tanto dentro como fora da sala de aula. Identificar os agressores e as vítimas é o primeiro passo para propor alternativas e trabalhar questões relacionadas ao Bullying e Cyberbullying”, ressalta Borsetto.
Alunos agressores podem apresentar atitudes violentas, que variam desde agressões físicas e verbais até conflitos com professores e funcionários da escola. Por outro lado, as vítimas podem demonstrar mudanças abruptas de comportamento, como irritação, tristeza, isolamento social e faltas recorrentes sob a alegação de estarem doentes.
“É fundamental que os educadores criem um ambiente seguro e acolhedor nas escolas, indo além do mero acúmulo de conhecimentos. Ações de prevenção, como debates, campanhas e discussões sobre o tema, envolvendo alunos, pais e responsáveis, são estratégias de comunicação que podem ajudar a combater esse grave problema”, enfatiza a professora.
Brasil e os altos índices de violência escolar
Dados recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que o Brasil enfrenta sérios desafios no que diz respeito à violência escolar. De acordo com o relatório “Education at a Glance 2022”, divulgado pela organização, o Brasil apresenta uma das maiores taxas de bullying entre os países membros.
Segundo o estudo, cerca de 17,5% dos estudantes brasileiros relataram ter sido vítimas de bullying pelo menos algumas vezes ao mês, o que coloca o país em uma posição preocupante no ranking mundial. Esses dados ressaltam a urgência de abordar o problema de forma efetiva nas instituições de ensino, buscando medidas de prevenção e intervenção para garantir a segurança e o bem-estar dos alunos.
“Muitas vezes a gravidade da situação implica em ajuda psicológica e psiquiátrica aos envolvidos. Ações de prevenção e suporte como criação de canais de denúncias, debates, campanhas e discussões são ferramentas estratégias de comunicação envolvendo alunos, pais e responsáveis no contexto, e na gravidade da situação”, orienta.
O relatório da OCDE também aponta a importância de uma cultura escolar positiva, que promova o respeito, a tolerância e o acolhimento, como fatores-chave para a redução do bullying nas escolas. Além disso, a implementação de políticas de prevenção e intervenção eficazes é fundamental para combater o problema de forma abrangente.
“A educação é uma ferramenta poderosa para transformar a sociedade e combater a violência escolar. Os educadores têm um papel fundamental nesse processo, sendo agentes de mudança e promotores de um ambiente escolar seguro e inclusivo”, orienta Eunice.
Nesse contexto, além de promover o aprendizado, cabe ao professor zelar pela saúde emocional e proporcionar uma sensação de segurança no ambiente escolar. O diálogo aberto e a construção de uma rede de apoio são fundamentais para garantir que os alunos possam desenvolver suas habilidades acadêmicas e sociais sem o medo e o trauma causados por práticas agressivas.
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