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Como está a relação da Geração Z com o mercado de trabalho? 

Profissionais mais jovens que estão começando a carreira prezam pela autonomia e pelos propósitos em suas decisões e execuções, o que ainda não é compreendido por uma parte dos gestores

às 12h43
A tensão entre gerações no mundo corporativo pode ser resolvida através de uma comunicação rápida e direta entre as empresas e os empregados da Geração Z (Fauxels/Pexels)
A tensão entre gerações no mundo corporativo pode ser resolvida através de uma comunicação rápida e direta entre as empresas e os empregados da Geração Z (Fauxels/Pexels)
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“Eles são realmente irritantes, principalmente no local de trabalho”. Esta foi a polêmica definição da atriz norte-americana Jodie Foster, em entrevista recente ao jornal britânico The Guardian, sobre as pessoas da Geração Z, nascidas entre 1999 e 2010. Após passarem por fenômenos como o avanço da internet e da globalização, e por fatos históricos como o 11 de Setembro e a Pandemia da Covid-19, eles acabam de passar pelas universidades e estão chegando ao mercado de trabalho. Como já aconteceu em outros momentos, o choque de gerações veio à tona, contrapondo visões de mundo e expectativas de vida diferentes entre si. 

Uma das principais questões que aparecem nesse choque no ambiente de trabalho é a relação entre a expectativa de carreira e propósito pessoal. “Eles querem trabalhar, mas em algo que lhes traga propósito, que seja algo que eles gostem, que eles podem desenvolver e se desenvolver. Os valores pessoais para a Geração Z são muito importantes e nem sempre tem liderança com a empresa. É aqui que temos o choque, o que a gente chama de fit cultural”, diz a gerente do Unit Carreiras, Janaína Machado.

Outro ponto de diferença está na relação entre liderança e chefia. De acordo com Janaína, os colaboradores da Geração Z prezam muito pela autonomia em suas decisões e execuções.”É muito difícil esse equilíbrio entre a importância dele ser autônomo e a visualização de um chefe. Se ele não tiver um líder, mas ter um chefe, eles realmente não se adaptam, têm problema”, descreve ela, citando ainda que os jovens trabalhadores também buscam flexibilidade de horários em suas jornadas de trabalho, além do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. “Eles foram pessoas que viram os pais trabalharem muito, e não querem essa vida para eles”, completa.

Essa tensão entre gerações no mundo corporativo aparece em pesquisas como a divulgada em janeiro pela revista especializada americana Intelligent, com 800 gestores envolvidos em contratações nos Estados Unidos. Destes, 38% evitam contratar recém-formados em favor de funcionários mais velhos; 58% dizem que os mais jovens não estão preparados para o mercado de trabalho; dois terços acreditam que eles frequentemente são incapazes de lidar com a sua carga de trabalho; e pelo menos 58% acham que os jovens se ofendem com muita facilidade e não estariam preparados para receber feedbacks. Apesar destes dados, Janaína desmente a sensação de que os jovens da Geração Z seriam menos preparados e mais difíceis de lidar profissionalmente. 

“Ela é preparada sim. É diferente, porque existe gente difícil de lidar profissionalmente em todas as gerações. Isso não ia ser diferente com a Geração Z, mas isso ocorre por outros motivos e outros fatores”, defende a gerente, dando um outro olhar sobre as já citadas características dos trabalhadores mais jovens. “Eles são muito mais questionadores, não recebem ordens, vão perguntar o porquê. Isso mostra que eles são inteligentes, interessados, que querem fazer, mas querem entender o motivo de fazer. Então, se você tem uma liderança que gosta de dar ordem, é simplesmente por dar e não explica, não diz o motivo, não vai ter engajamento deles e aí vai ficar parecendo que eles são difíceis profissionalmente, mas não é isso”, esclarece.

Neste sentido, a gerente do Unit Carreiras ressalta que essas dificuldades de relacionamento e engajamento podem ser contornadas com diálogo e comunicação. “As expectativas devem ser alinhadas através de uma boa comunicação, de um plano de carreira, apresentar um futuro para esse jovem, para essa pessoa. Apresentando a perspectiva, entendendo a importância da atividade, do trabalho, da meta, ele vai sim se adaptar e se engajar, com certeza, em realizar a melhor demanda e da melhor forma possível”, conclui Janaína. 

Em linha direta

Uma característica que veio à tona nos últimos dias é a necessidade de uma comunicação rápida e direta entre as empresas e os empregados da Geração Z. Um exemplo disso está numa pesquisa realizada nos Estados Unidos pela plataforma corporativa INTOO, dedicada ao desenvolvimento de carreiras. Dos trabalhadores abaixo de 26 anos que foram entrevistados, 62% disseram que gostariam de falar mais frequentemente com o seu gestor sobre a sua carreira, mas não conseguem porque o seu chefe está sempre ocupado. E outros 47% disseram que conseguiram melhores conselhos profissionais ao buscarem ferramentas de Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT. 

Janaína acredita que isso acontece devido a três fatores: o imediatismo característico das gerações que tomaram mais contato com a internet e as redes sociais; as respostas prontas e rápidas dadas pelas ferramentas; e o volume de tarefas e demandas que precisam ser cumpridas pelos gestores. “A grande maioria dos gestores estão cheios de trabalho, porque eles também são operacionais, e até porque as dinâmicas das empresas estão cada vez mais crescendo de forma horizontal e não de forma vertical. Por isso, os chefes e líderes acumulam trabalho cada vez mais e nunca tem tempo para se parar e fazer uma orientação profissional, além deles não terem sido também treinados para isso”, explica.

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