A corrida de rua tornou-se um fenômeno global, com cada vez mais pessoas buscando os benefícios desse esporte para a saúde física e mental. Um estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology indicou que mesmo quem corre apenas de 5 a 10 minutos por dia em baixa intensidade pode ter a chance de viver mais comparado com aqueles que não correm nada.
Segundo a professora da Universidade Tiradentes (Unit), Thaysa Nery, a prática regular da corrida pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e depressão, além de fortalecer os ossos e músculos. No entanto, a facilidade de acesso à prática, tem levado muitas pessoas a iniciarem a corrida sem a devida preparação. “A falta de um plano de volume e intensidade, ajustado ao nível de condicionamento, pode transformar o que deveria ser uma atividade benéfica em um risco à saúde”, destaca Thaysa.
Riscos e cuidados necessários
Iniciar a prática da corrida sem orientação adequada pode resultar em dores e desconfortos que, se ignorados, podem evoluir para lesões graves. “Ao sentir dor durante a corrida é importante prestar atenção. Persistir na prática com dor pode levar a um quadro de dor crônica ou até mesmo a uma lesão permanente. Além disso, a corrida, por ser uma sequência de saltos, exige uma resposta contrátil eficiente dos músculos para amortecer o impacto e prevenir lesões”, alerta Thaysa.
É essencial respeitar os sinais do corpo e procurar ajuda profissional ao primeiro sinal de desconforto. A prevenção de lesões não envolve apenas a escolha do calçado adequado ou a prática de exercícios de fortalecimento; também requer uma abordagem holística que inclua alimentação balanceada e recuperação adequada. “É importante que a atividade seja prescrita e não feita de forma aleatória. A adaptação aguda geralmente causa dor, mal-estar, cansaço e fadiga. A falta de preparação e direcionamento adequado pode trazer mais prejuízos do que benefícios associados à prática”, orienta.
O treinamento resistido, como a musculação, desempenha um papel fundamental nesse processo. “É importante focar em exercícios que envolvam grandes grupos musculares e mais de uma articulação, dando prioridade para exercícios multiarticulares e de potência, pois é necessária uma aceleração associada à carga levantada durante o treinamento. Não adianta fazer um treino lento; é preciso treinar voltado para a especificidade da modalidade da corrida”, recomenda Thaysa.
Benefícios a longo prazo
Os benefícios da corrida de rua vão muito além do condicionamento físico. “Sabemos que ter uma boa condição cardiorrespiratória contribui diretamente para a saúde, afastando riscos cardiovasculares. A corrida colabora diretamente para a saúde cardiovascular e o bem-estar geral. Além de melhorar o funcionamento, otimizar e aumentar a eficiência do sistema cardiovascular, a corrida também gera bem-estar físico. Isso ocorre devido à liberação de neurotransmissores e hormônios que colaboram para o bem-estar físico e emocional”, ressalta.
Outro ponto para quem pratica ou deseja começar a correr é a alimentação balanceada e a hidratação adequada. “O carboidrato é essencial para fornecer energia durante a corrida. É necessário equilibrar a ingestão de carboidratos, proteínas e lipídios para atender à demanda energética do exercício. Também é importante se preocupar com a hidratação antes do exercício, ingerindo entre 500 a 600 ml de água duas a três horas antes do exercício, para dar tempo ao corpo de absorver o que precisa e excretar o que não necessita, permitindo começar a corrida em um estado adequado de hidratação”, aconselha Thaysa.
A corrida de rua é uma atividade acessível e repleta de benefícios, mas para aproveitar ao máximo e evitar riscos à saúde, é fundamental iniciar a prática com o devido preparo e orientação. “Com o acompanhamento adequado, é possível transformar a corrida em uma prática saudável e prazerosa, evitando lesões e frustrações. Correr é, sem dúvida, uma experiência enriquecedora, mas que deve ser tratada com a seriedade que sua saúde merece”, conclui Thaysa.
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