Pelo terceiro ano consecutivo, a doutora Patrícia Severino, figura no ranking dos pesquisadores mais influentes do mundo, elaborado pela Universidade de Stanford (EUA). Mas, sua história de dedicação à ciência começou há mais de 20 anos, na Iniciação Científica durante a graduação em Farmácia. Vinda do interior de São Paulo, há oito anos faz parte do corpo docente da Universidade Tiradentes (Unit), onde desenvolve pesquisas nas áreas de nanopartículas, biomateriais e doenças negligenciadas.
“Desde que eu entrei na faculdade, já no primeiro semestre, comecei a observar a pesquisa, tinha um olhar que me levava a isso. Nesse período eu vivi a Universidade participando de monitoria de várias disciplinas, iniciações científicas e antes do término da faculdade, eu sabia que queria fazer mestrado e doutorado”, relembra.
Para ela, a Iniciação Científica é uma ferramenta essencial para desenvolver diversas habilidades. “A Iniciação Científica oferece uma formação mais robusta para o discente. O desenvolvimento de um projeto, desperta para o desenvolvimento tanto das soft skills quanto das hard skills. A realização da IC beneficia a criatividade, além de exercitar a autonomia e a troca de conhecimento, unindo as pontas entre pesquisa e ensino, favorecendo a desenvoltura para seguir a carreira acadêmica ou do mercado de trabalho”, afirma Severino.
Durante o pós-doutoramento, ainda na Unicamp, Patrícia recebeu o convite para conhecer a Unit e foi convidada para participar do quadro da instituição. “Certo momento, foi um professor daqui da cidade ministrar uma palestra na Unicamp. Na oportunidade conversamos bastante e o convite foi realizado para fazer uma entrevista aqui em Aracaju. Eu não conhecia nada da cidade, mas depois de um mês ou dois, eu fiz a entrevista e deu certo”, conta a professora.
Conquistas
“Estou aqui já há quase oito anos e foi aqui que eu consolidei a minha carreira. Eu cheguei trazendo o conhecimento e conheci professores e discentes que me abraçaram e juntos construímos um trabalho de ensino e pesquisa. Em 2019, tive a oportunidade de participar do processo de internacionalização da Unit, no Tiradentes Institute e participei como professora visitante na Harvard Medical School. Essa oportunidade foi um grande divisor de águas na minha carreira. Eu fui para um local de excelência, onde pude produzir muito e conhecer grandes cientistas de impacto”, revela.
A partir desse momento, a pesquisadora passou a figurar entre os cientistas mais citados na área de ‘Farmácia e Farmacologia’ e ‘Química Medicinal e Biomolecular’, de acordo com ranking da Universidade de Stanford (EUA). “É um legado, mas por trás disso há a formação de recursos humanos diferenciados e capacitados. E quando eu falo assim ‘eu cheguei no ranking mundial’, isso não é o mais importante. A pergunta que eu sempre faço para mim é: ‘quantas pessoas passaram pela minha formação e eu consegui transformar a carreira?”, reflete Patrícia.
Área de atuação
“A minha principal área de atuação na pesquisa é voltada para nanopartículas; biomateriais, que eu trouxe do meu mestrado e do doutorado, e que venho desenvolvendo na Unit. também tenho uma linha de pesquisa muito forte sobre doenças negligenciadas. Começou com a esquistossomose e, atualmente, focamos no tratamento de leishmaniose. Após a visita em Harvard, estou implementando a linha de pesquisa em biomateriais cardíacos. Aprovamos o primeiro projeto no CNPq para trabalhar com essa linha de pesquisa na Unit”, revela a pesquisadora.
A docente atua como professora e pesquisadora do curso Farmácia e do Programa de Biotecnologia Industrial da Unit (PBI/Unit), coordena o Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed) no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). Na última avaliação progrediu da Produtividade em Pesquisa do CNPq de PQ-2 para PQ-1B. Com ampla experiência, Patrícia trabalha em colaboração técnicos-científicas com pesquisadores de diversas instituições do país e do exterior.
Segundo ela, o que lhe trouxe até esse ponto da carreira foi a persistência e contribuição mútua entre pesquisadores. “É preciso fazer todo dia um pouquinho e não desistir. Esse é um trabalho que faz com parcerias de professores, alunos e instituições. A Ciência não se faz sozinho e a troca de experiência é extremamente salutar para crescer. Penso que o diferencial é sempre sair da zona de conforto. Ciência quanto mais se divide, mas se avança”, conclui.
Sobre a docente
Patrícia Severino é graduada em Farmácia pela Universidade Metodista de Piracicaba; mestre e doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde também fez um pós-doutorado. Concluiu outro pós-doutorado na Escola de Medicina de Harvard e atuou ativamente durante um ano no Tiradentes Institute, centro de estudos localizado na Universidade de Massachusetts (UMass), em Boston, nos Estados Unidos.
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