A formação acadêmica ganha um novo patamar quando os estudantes têm a oportunidade de vivenciar, na prática, os desafios do mercado de trabalho. Essa imersão não apenas aprofunda o conhecimento técnico, mas também desenvolve habilidades essenciais para a carreira profissional. É com essa visão que a Universidade Tiradentes (Unit), por meio da disciplina de residência dos cursos de Tecnologia da Informação (TI), prepara seus alunos para os cenários reais do setor, culminando em um evento que celebra a inovação: o Demoday.
A disciplina de residência em software é um diferencial que aproxima a academia das demandas empresariais. Nela, empresas parceiras apresentam problemas e necessidades reais, que se tornam os desafios a serem solucionados pelos alunos ao longo do semestre. O objetivo é que cada grupo de estudantes, ou “squad”, desenvolva um produto final que atenda diretamente à demanda específica da empresa, resultando em softwares completos e funcionais. No recente Demoday, 24 squads, de um total de 60, apresentaram seus projetos inovadores para um seleto grupo de empresas parceiras.
O processo da residência em software é estruturado para acompanhar o desenvolvimento dos alunos em diferentes estágios do curso. Conforme explica Ricardo Porto, coordenador dos cursos de Tecnologia da Informação da Unit, a disciplina se adapta ao nível de conhecimento dos estudantes. “No início do semestre, as empresas fornecem desafios reais, problemas que precisam de solução, e os alunos trabalham em cima disso. Cada grupo recebe um problema diferente, então não existe projeto ou produto final igual. Cada solução está diretamente ligada à demanda específica de uma empresa”, destaca Porto.
Para os calouros, no primeiro período, o foco do “kick-off” é no planejamento, prototipação e análise de viabilidade econômica e comercial. Já para os alunos mais experientes, que participaram do Demoday, o trabalho é mais abrangente. “Nesses casos, eles fazem tudo isso, planejamento, prototipação, monetização, e desenvolvem o produto final, porque já dominam a parte de programação. Então, hoje estamos falando de softwares completos e funcionais”, complementa o coordenador.
Pontapé para o mercado de trabalho
O Demoday é o ponto alto da disciplina, onde as empresas parceiras têm o primeiro contato com o produto final desenvolvido. As empresas que participaram do projeto, como Duby, Fundação de Saúde Parreiras Horta, ITP Soluções, TOKSEG, Hospital Decos, GetInfo, Prefeitura de Aracaju (SEMD E e SEMPLAN), Bonsae, Atos Capital e Jota Nunes Construtora, acompanharam o progresso dos projetos durante o semestre, oferecendo feedback. No entanto, o Demoday é o momento de ver a solução em pleno funcionamento.
Davi Thiesse, mentor do Porto Digital, atua diretamente com os alunos, oferecendo suporte contínuo. Ele enfatiza que a experiência é valiosa para ambas as partes. “A gente traz a realidade do mercado, tanto nacional quanto internacional, para dentro da sala de aula. Os alunos têm, então, a oportunidade de receber uma mentoria baseada em situações reais”, explica. Segundo o mentor, o maior desafio é guiar os alunos de forma eficiente, especialmente em áreas vastas como a Inteligência Artificial. “Nosso papel como mentores é ajudar os alunos a focar no que realmente importa, para que consigam aprender de forma eficaz e entregar soluções alinhadas com as expectativas das empresas”, pontua.
Entre os projetos apresentados, um dos destaques foi o desenvolvido pelo squad 13, que criou um dashboard para a empresa Atos Capital. A proposta integra inteligência artificial e recursos interativos para facilitar a análise de dados em tempo real. Willia Francisco da Silva, estudante de Ciência da Computação da Unit e integrante do squad, explica que o sistema apresenta um painel com gráficos dinâmicos, que mostram as vendas e a evolução dos resultados da empresa de forma visual e acessível. “O dashboard se atualiza automaticamente e conta com uma inteligência artificial integrada, capaz de buscar e apresentar os dados solicitados pelos usuários por meio de mensagens de texto”, detalha.
Além disso, a IA também pode se comunicar por áudio, via WhatsApp, oferecendo uma experiência ainda mais interativa. Segundo ele, o impacto é significativo tanto para a empresa quanto para os usuários finais. “A Atos Capital tinha a necessidade de um sistema mais moderno e responsivo, e agora conta com uma ferramenta eficiente para tomada de decisões. Já para o público, o projeto representa o acesso a uma tecnologia parecida com os chatbots que já utilizamos no dia a dia, mas com uma interação mais inteligente e intuitiva”, ressalta.
Unit Carreiras como facilitadora
Para que esse tipo de integração com o mercado seja possível, o papel do Unit Carreiras é fundamental. A gerente do setor, Janaína Machado, explica que a busca por essas parcerias é fundamental. “Desde o primeiro período, os alunos já têm contato com o mercado de trabalho, e é fundamental que esse mercado nos diga quais são suas necessidades. As ‘dores’ das empresas se transformam nos desafios que os alunos vão trabalhar ao longo do curso, e esse alinhamento é o que gera resultados concretos”, afirma Janaína.
Ela ainda celebra os resultados alcançados. “Isso é muito importante porque já conseguimos observar, mesmo nos primeiros períodos, casos de contratação. E esse é o nosso grande objetivo: inserir os alunos no mercado de trabalho o quanto antes, seja como estagiários, seja já assumindo funções como analistas de processos. Ou seja, atuando de fato na área de TI. E para nós, isso é extremamente significativo”, aponta.
A estudante Paula Barroso, da primeira turma do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) da Unit, é um exemplo prático da importância do Unit Carreiras na inserção de alunos no mercado. Por meio do programa, ela conquistou um estágio na Injet, empresa de tecnologia onde atualmente atua no desenvolvimento de uma API (Interface de Programação de Aplicações) para a linguagem C. O objetivo do projeto é criar um sistema de integração que substituirá o E-Doc, permitindo que programas escritos em C interajam com outros sistemas ou bibliotecas.
“Me sinto muito feliz por fazer parte da primeira turma de ADS. A gente teve um tratamento diferenciado, justamente por ser um curso novo. E foi tudo perfeito. Saio daqui com muita experiência. Consegui estágio logo no início e estou muito satisfeita com tudo o que vivenciei”, compartilha Paula.
Ela também destaca a participação em um projeto recente desenvolvido para o Hemose, no qual a equipe criou um sistema de controle de acesso e consulta. Para Paula, essas vivências reforçam a qualidade do curso e o quanto ele contribui para a formação profissional desde os primeiros semestres.
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