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Melhorias na economia aquecem a venda de imóveis residenciais

Dados aparecem em resultados das principais incorporadoras do setor; bom desempenho foi fechada por fatores como queda de juros, aumento de emprego e mudanças no Minha Casa Minha Vida

às 16h16
A venda de casas e apartamento populares, facilitados pelo programa Minha Casa Minha Vida, puxaram a alta da venda de imóveis residenciais (Fernando Frazão/Agência Brasil)
A venda de casas e apartamento populares, facilitados pelo programa Minha Casa Minha Vida, puxaram a alta da venda de imóveis residenciais (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Um dos “termômetros” que acompanham a temperatura da economia brasileira está no mercado imobiliário, que aparece mais aquecido em momentos de recuperação ou de boa fase no cenário geral. Um destes momentos começou no ano de 2023, que registrou bons resultados na venda de imóveis residenciais, como casas e apartamentos. Um levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostra que as 20 principais construtoras e incorporadoras do país conseguiram vender mais 163,1 mil unidades em todo o ano de 2023, marcando 32,6% a mais em relação a 2022. Se contado o volume financeiro gerado pelas vendas, ele aumentou 34,7% no mesmo período, batendo a marca de R$ 47,9 bilhões.

Entre os fatores que aqueceram o mercado, está o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, que financia casas e apartamentos para famílias com renda de até R$ 9 mil e subsidia imóveis para as com renda de até 1,8 mil. No ano passado, as unidades vendidas cresceram 42,2%, somando 117,4 mil, e o valor faturado foi 55,1%, batendo a marca dos R$ 26 bilhões. “As melhorias no programa foram importantes para os resultados. Geralmente, quando medidas são tomadas para aperfeiçoar os instrumentos de aquisição de imóveis, os consumidores respondem positivamente”, analisa o economista e professor Rodrigo Rocha, dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Pós-Graduação lato-sensu da Universidade Tiradentes (Unit)

Por outro lado, os imóveis de médio e alto padrão (MAP), voltado para clientes de maior poder aquisitivo, tiveram quase 43 mil unidades vendidas, perfazendo uma alta de 14%, mas geraram um faturamento de R$ 21,1 bilhões, com alta de 18,9%. Muitos destes imóveis acabam sendo adquiridos como investimento ou composição de patrimônio. “Nesse momento de aquecimento, muitos investidores também aproveitam para comprar imóveis na planta e lucrar com a valorização dos imóveis, ao longo do tempo de construção do empreendimento. E quando medidas são tomadas para aperfeiçoar os instrumentos de aquisição de imóveis, os consumidores respondem positivamente”, diz Rodrigo. 

Para além do antigo e tradicional desejo do brasileiro por ter a casa própria, outros fatores macroeconômicos contribuíram para o cenário positivo. Em 2023, 1,48 milhão de empregos com carteira assinada foram criados no Brasil, ao mesmo tempo em que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 2,9% e fechou o ano em R$ 10,9 trilhões, um pouco menos que os 3% do ano anterior, mas mantendo a sequência de crescimento. Pesou também a queda dos juros da taxa Selic, do Banco Central, que teve seis cortes seguidos desde agosto de 2023: de 13,75% ao ano, ela passou para os atuais 10,75%. 

“O emprego está em um bom nível, a inflação está controlada e a taxa de juros está em queda. Tudo isso contribui para o reaquecimento do mercado de imóveis. A expectativa é que os juros continuem caindo e haja um bom nível de emprego, com inflação sob controle. Se este cenário se confirmar, a tendência é de que realmente as vendas cresçam”, prevê o professor. 

Hora de comprar?

A decisão de comprar um imóvel é exige reflexão e uma decisão analisada especificamente para cada caso, pesando os fatores favoráveis e contrários. De acordo com o economista, a aquisição de um imóvel para morar gera muitas despesas para aquisição e manutenção, e só deve ser adotada se o consumidor tiver as condições financeiras adequadas e o desejo do imóvel próprio. “Mas se o objetivo é comprar para investir para alugar ou vender após a possível valorização, podem ter outras oportunidades de investimento mais vantajosas no mercado financeiro”, orienta Rodrigo. 

Outra questão que deve ser levada em conta é o movimento de valorização e de desvalorização dos imóveis, que pode levar em conta fatores urbanos, como as condições de segurança, mobilidade, limpeza e acesso ao comércio e serviços; ou econômicos, como a falta de interesse dos possíveis compradores, que podem levar à diminuição dos preços das casas e apartamentos em determinados bairros. 

“Quando muitos donos de imóveis querem vender, por razões diversas (por exemplo, pessoas que estão trocando de imóvel ou precisando vender rápido para usar o dinheiro em outro objetivo), mas não existe muita gente com as condições de comprar os imóveis ofertados (alta taxa de endividamento das famílias, alto nível de desemprego, inflação e taxa de juros, por exemplo), ocorre desvalorização e o inverso é verdadeiro, ou seja, se tem muita gente em condições comprar, sem grandes variações na oferta, o preço cai”, detalha o professor.

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