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Mudança no Enem evidencia diferenças educacionais e tecnológicas

Acesso a material didático, a pesquisa, a plataformas digitais dificulta que os jovens tenham as mesmas condições de aprendizagem

às 00h32
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O Ministério da Educação (MEC) anunciou, nesta quinta-feira (21) o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em função dos impactos da pandemia do novo coronavírus. A mudança levanta debate tão preocupante quanto o risco de contaminação da Covid-19: as desigualdades educacionais e sociais dos alunos.

Com as aulas suspensas desde março, alunos e professores buscam alternativas para continuar o ano letivo. No entanto, o acesso a material didático, a pesquisa, a plataformas digitais dificulta que os jovens tenham as mesmas condições de aprendizagem e de preparação para a prova, como explica Cristiano Ferronato, coordenador do programa de pós-graduação em Educação da Unit.

“O Brasil já é o quarto com mais casos de Covid-19 até o momento, o que já é um fator importante para o adiamento. Temos que considerar que o ensino à distância não contempla todos os alunos, principalmente, aqueles em situação de vulnerabilidade social, o que torna a preparação para o exame desigual”, disse, destacando dados de acesso à internet no País.

“Uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet, ou seja, cerca de 46 milhões de pessoas não têm acesso à rede. Por isso, não se pode dizer ‘estudem’. Na própria Universidade já vemos essa diferença e muitas instituições têm disponibilizado computadores para os alunos fazerem as atividades. Se considerarmos as zonas rurais, o número é ainda maior. O índice de pessoas sem acesso à internet chega a 53%”.

Pesquisa

Essas questões têm sido tema da primeira Maratona de Educação e Saúde realizada pela Unit e que acontece até próximo dia 25. O debate está presente, também, em pesquisas acadêmicas.

“O Impacto da pandemia no ensino já é tema de pesquisa desde que se instalou. Mais de um bilhão de estudantes ficaram fora da escola da escola. Temos pesquisas discutindo quais os riscos do fechamento da escola; como o fechamento da escola é importante para conter a disseminação da Covid-19. Inclusive, temos artigos publicados sobre isso em nossa revista de Educação”, informou.

Ferronato pontuou, ainda, que a condição de luto precisa ser considerada no processo de aprendizagem, já que muitos alunos tiveram familiares vitimados pelo coronavírus.

Mesma opinião compartilha a pedagoga e colaboradora da Pró-Reitoria de Graduação da Unit, Michelline Roberta Simões do Nascimento. Para ela, o atual momento exige uma reprogramação mental.

“É importante relatar que a prova do Enem requer muito do emocional do aluno. O atual contexto do isolamento trouxe incertezas e adiar a prova pode ajudar na retomada de equilíbrio emocional. Dessa forma, ter mais tempo para que esses jovens possam voltar às rotinas de estudo será importante, inclusive para a estabilidade emocional dos mesmos”.

Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a principal porta de entrada no ensino superior. A prova viabiliza o acesso às instituições de educação públicas e privadas (sendo critério para conquista de bolsas de estudo e financiamento estudantil do governo federal).

O resultado também é usado para o ingresso direto em universidades que utilizam a avaliação de forma integral ou como complemento aos seus vestibulares próprios para entrada em seus cursos de graduação.

No anúncio de hoje, o MEC informou que as provas deste ano serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que estava previsto nos editais.

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