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O debate sobre a qualidade da programação da TV brasileira

O debate, que acontece dentro e fora dos bancos acadêmicos, diz respeito à relação entre estética audiovisual e conquista da audiência

às 22h40
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A qualidade dos programas da TV brasileira sempre foi um questionamento feito pelos pesquisadores dentro e fora da academia. Mas afinal, o que seria qualidade no conteúdo televisivo? Responder a esse debate nunca foi algo fácil, uma vez que alguns acreditam que o que define seja conteúdo informativo e estética audiovisual, enquanto outros pensam que a qualidade pode ser aferida pelo gosto do público. 

No Brasil, a TV teve início em setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi de São Paulo. No entanto, por muitos anos, careceu de um modelo próprio. Grande parte da programação inicial foi herdada dos sucessos do rádio e, num segundo momento, houve um fluxo grande de importação de linguagens e formatos utilizados por outros países, como os Estados Unidos, como acontece até hoje. 

O professor dos cursos de Comunicação da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), Caio Alcântara, acredita que uma grande mudança começou a ocorrer com a chegada da Internet. “Não há como desconsiderar o impacto que a internet, e mais especificamente as redes sociais, promoveram no modo de se fazer e se consumir televisão. Hoje temos programas e linguagens que tentam alcançar o telespectador que prefere Instagram, Tik Tok e Twitter, para citar algumas redes. Nos realities shows, nos telejornais e nas novelas, é clara a mudança do que é exibido para caber numa linguagem próxima à das redes”, argumenta. 

A referida audiência tem aumentado por conta da interação com as redes sociais enquanto os programas são assistidos. Ainda segundo o professor, em alguns exemplos, como o Big Brother Brasil, da Rede Globo, essa aproximação foi positiva e se traduziu em muita comoção do público, para além dos altos índices de faturamento da emissora. “De forma pessoal, penso que essa adequação forçada é prejudicial, pois impede o desenvolvimento de uma linguagem própria da TV”, criticou. 

A ausência de um formato definido é reflexo de um país de muita disparidade em vários aspectos e o consumo de televisão não foge a essa regra. O que faz sucesso num determinado momento, não faz em outro. Há uma grande parcela da população que gosta e acompanha exclusivamente novelas, ou exclusivamente notícias, ou só esportes. “Há de se considerar que há subdivisões nesses grupos e ainda quem consuma mais de um tipo de produto, mas não há uma predominância, um gosto geral, quando falamos em televisão no Brasil, e sim vários segmentos, o que pode ser entendido como algo bastante positivo”, explica Alcântara. 

Preferência pelos realities 

O brasileiro gosta de acompanhar histórias. Somos adaptados a novelas que duram vários meses, com idas e vindas e a torcida pelos personagens é sempre feita como se fosse alguém próximo, como um familiar. Os realities entram nessa lógica, com a audiência que acaba por escolher a história com a qual mais se vê reconhecido. 

“Para além disso, há muito estudo de psicologia, comportamento do consumidor e pesquisa de público por parte das emissoras, que investigam o que as pessoas esperam e entregam exatamente o que a maior parcela dos telespectadores querem assistir”, exemplifica o professor Caio.

Na atualidade, os realities são assistidos na TV e discutidos, debatidos e votados nas redes sociais, que são mais um espaço público. Mesmo sem intenção, quem está nas redes consome assuntos sobre os realities a todo momento, o que faz com que esse formato seja sempre o centro das atenções. O embate entre a arte e a audiência parece que sempre existirá, por vezes vencendo a audiência, outras, a estética audiovisual com conteúdo informativo. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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