Uma pesquisa importante que permite mapear o perfil socioeconômico do país e assim colaborar para o desenvolvimento de políticas públicas. Esse é o principal conceito do Censo, que acontece a cada dez anos e é realizado pelo IBGE. O problema é que o levantamento era para ter ocorrido em 2020, mas foi suspenso por causa da pandemia da Covid-19. Especialistas apontam que vários serão os impactos provocados por mais essa mudança.
O cancelamento foi confirmado pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, no dia 23 de abril, quando veio a público que o Orçamento de 2021, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro um dia antes, não previa recursos para a realização do levantamento.
Na análise do economista e professor Josenito Oliveira, docente dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Tiradentes (unidade Sergipe), a não realização do Censo 2021 tem um impacto profundo na vida da população brasileira. “Sem o Censo, toda a política habitacional, que é baseada nas informações censitárias para a entender como as pessoas no Brasil estão morando e quais são as necessidades habitacionais das famílias, fica prejudicada. Além disso, toda a política de saúde fica comprometida, pois as informações são essenciais para saber as necessidades de alocação de profissionais, equipamentos e insumos no atendimento à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma.
Ainda não foi anunciada oficialmente uma nova data para a realização do Censo que, segundo a previsão do IBGE, poderá ocorrer em 2022. O órgão informou por meio de nota que irá retomar os trâmites junto ao Ministério da Economia para o planejamento e o novo cronograma de ações de pesquisa.
“Importante observar ainda que, sem os dados do Censo, o pacto federativo e a calibragem da democracia representativa ficam também prejudicados, pois as informações recolhidas servem de base, por exemplo, para o rateio do Fundo de Participação de Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). Os prejuízos ao país são incontáveis e de diferentes dimensões. Portanto, a meu ver, um país que não olha para si mesmo não consegue traçar metas para construir o futuro”, enfatizou o professor.
Asscom | Grupo Tiradentes