Um livro possui uma história em suas páginas, mas pode fazer parte de várias outras quando é passado de mão em mão para ser apreciado. O que para muitos não faz mais sentido, para outros se torna um bem valioso. Partindo da ideia de compartilhar livros, que surgiram os sebos.
A palavra sebo tem algumas origens – é provável que pelo menos um pouco de cada uma delas seja verdade. A primeira versão diz respeito ao uso da luz das velas para leitura, que antigamente eram feitas de gordura e de sebo. Conforme iam derretendo, acabam sujando os livros, deixando-os engordurados. A outra versão diz que os estudantes carregavam tanto os livros debaixo do braço que acabavam sujando-o, deixando ensebado.
Apesar de terem adquirido grande parte de sua popularidade no Nordeste, a tendência de comercializar livros usados já era dominante na Europa, na qual a maior parte dos livreiros colocava à venda o seu próprio acervo, e o costume da troca de exemplares por outros também começou a crescer principalmente quando alguém conseguia adquirir os títulos raros, polêmicos e censurados da época.
Em Sergipe, existem alguns sebos em atividade. Entre eles, está o Sebo do Natan que há 10 anos comercializa e compartilha livros dos mais variados tipos.
Natan Viana, dono do sebo, conta que abriu a loja porque queria compartilhar seu amor à leitura. “Desde a adolescência eu gostava de sebos, frequentava em Salvador o Sebo do Brandão e ia comprando e acumulando livros. Quando me aposentei em 2013, resolvi montar um sebo. Nessa época eu já tinha um acervo considerável de livros e discos de vinil”, relembra.
Com mais de 30 mil livros, revistas, CDs e vinis, o Sebo do Natan conta com uma acervo de com obras de diversas áreas como medicina, filosofia, religião, literatura brasileira e estrangeira, alguns livros raros e livros populares. “Os livros mais procurados são os de literatura clássica, tanto brasileira como estrangeira. Os autores Russos são bem procurados. Brasileiros como Guimarães Rosa e Graciliano Ramos estão entre os campeões de venda. Da literatura moderna, os de Rick Riordan e J.R.R.Tolkien são os preferidos”, destaca.
Aposentado como eletrotécnico, Natan decidiu não ficar parado e ingressou no curso de Gastronomia da Universidade Tiradentes (Unit). “Ao longo da minha vida acumulei muito material comprando em sebos e também doados. Depois que me aposentei tive muito tempo livre, mesmo cuidando do acervo, ainda podia fazer mais. Foi então que decidiu cursar Gastronomia. Tem sido uma experiência boa”, afirma.
Com uma rotina agitada, ele confessa dedicar menos tempo à leitura e pontua que os livros físicos são melhores que os digitais. “Atualmente leio pouco, na faixa de duas horas diárias. Acho que a tecnologia como esses e-books e audiolivros não substituem o prazer de ler um livro físico por vários motivos, inclusive o de riscar é sublinhar textos, coisa que eu não gosto, mas tem muito leitor que gosta de fazer. Nada se compara a ter um exemplar na mão e ficar imerso na leitura”, pontua.
Os livros do Sebo do Natan estão à venda na loja física localizada na Rua Lagarto, nº 370 e também pelo Instagram @sebodonatam, Facebook ou pela plataforma da Estante Virtual.
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