Para Cristiane Alencar, coordenadora do Comitê de Trauma Brasileiro e participante do processo de implementação do ATCN no Brasil, o trauma é a principal causa de morte até os 44 anos de idade, o que repercute de forma direta na sociedade, pois representa a população economicamente ativa. “Se o paciente traumatizado tiver um tratamento adequado, terá uma maior chance de sobrevida que qualquer outro tipo de doente. A qualidade do atendimento inicial tem um impacto muito grande no resultado final. Eles salvam o paciente nas primeiras horas e tudo começa com o treinamento dos profissionais”, declarou a enfermeira.
O programa, operacionalizado por mais de 20 anos e reconhecido pelo excelente programa educacional de trauma, conta com aulas teóricas interativas e atividades práticas com manequins artificiais e humanos simulados. As aulas foram ministradas por médicos, instrutores do ATLS – Advanced Trauma Life Support – e enfermeiros com experiência no atendimento ao traumatizado e treinados pelo programa ATCN.
Segundo o enfermeiro Denisson Pereira, professor da Universidade Tiradentes e coordenador do Núcleo de Ensino em Saúde e Emergências de Sergipe – Neses – a realização do curso para profissionais do estado tem uma grande importância para padronização do atendimento. “O protocolo internacional é amplamente divulgado, aceito e comprovado cientificamente. Mostra exatamente a prioridade do paciente. Com isso, melhora o atendimento e potencializa as probabilidades de sobrevida do paciente. Para o estado, esta turma precursora traz um ganho muito grande”, ressaltou.
Ainda de acordo com o profissional, a estimativa é que mais de 180 a 200 mil pessoas, vítimas de trauma, vão a óbito por ano no Brasil. “A gente sabe que a magnitude é muito maior porque tem pacientes que ficam com sequelas temporárias ou definitivas. Dos pacientes que vão a óbito, metade não teria chance de sobrevivência. Os outros 50%, a condição de sobrevida depende de profissionais treinados que entendam a necessidade naquele momento, por isso a importância de trabalhar de forma protocolada”, explicou Denisson.
O Brasil possui mais de 1800 profissionais capacitados. Dos 16 enfermeiros que participaram do curso no estado, quatro fazem parte do corpo docente da Unit. A coordenadora de enfermagem do Unitmed, Dayse Marques, ratificou a relevância do curso para os profissionais. “Esta é a nossa grande contribuição. Melhorar a qualidade de vida das vítimas que sofrem algum tipo de trauma e como professora, colaborar com o ensino e formação dos futuros profissionais”, comentou.
As estações de treinamento prático incluíram avaliação e atendimento iniciais, via aérea e ventilação, choque, trauma craniencefálico, vertebromedular, musculoesquelético e pediátrico. Além disso, trauma na gestante e violência doméstica. Todos os participantes receberam o certificado da Society of Trauma Nurses.