A professora Juliana de Oliveira Musse Silva, coordenadora operacional do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit), lançou nesta terça-feira, 24, o livro A preservação de vestígios forenses nos serviços de saúde de urgência e emergência, escrito e publicado a partir da tese de doutorado defendida em janeiro de 2020 no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA).
O lançamento foi durante o 25º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (25º CBCENF), que acontece até esta quinta, 26, em João Pessoa (PB). Realizado anualmente pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), ele é considerado o maior evento científico da área na América Latina, com dezenas de mesas-redondas, palestras, apresentação de trabalhos e encontros de gestão dos Conselhos de Enfermagem e eventos simultâneos.
A obra traz informações importantes sobre a atuação do profissional de enfermagem no atendimento a pacientes vítimas de violência, sobretudo em prontos-socorros, hospitais de urgência e unidades de pronto-atendimento. Essa atuação é mais presente na chamada enfermagem forense, um ramo especializado da Enfermagem que pode contribuir para a elucidação de casos com violência e até mesmo crimes de morte, fornecendo às autoridades elementos que podem ajudar em processos judiciais.
O livro tem a co-autoria da professora-doutora Cláudia Moura de Melo, do PSA, que foi a orientadora da tese de Juliana Musse. Nela, as autoras mostram as conexões e interseções existentes entre as áreas de Saúde e Segurança, além de reunir orientações de especialistas e autoridades das duas áreas sobre como os profissionais de saúde podem preservar vestígios que podem ser utilizados como provas periciais, ao mesmo tempo em que prestam o devido atendimento aos envolvidos nas ocorrências.
“A motivação surgiu porque, durante minha prática profissional como enfermeira, eu observava que durante o atendimentos às vítimas de violência os profissionais de saúde não preservavam alguns vestígios e até mesmo destruíam alguns materiais de interesse médico-legal”, conta Juliana, que desenvolveu a pesquisa em duas fases. Na primeira, foram entrevistados médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na rede pública hospitalar de Sergipe e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Na outra, foram ouvidos os peritos oficiais ligados à Polícia Científica do estado.
Para a professora, tais etapas foram necessárias para a elaboração de um protocolo de preservação de vestígios para os serviços de saúde, o que resultou na criação do livro. O objetivo, segundo ela, é expandir o conhecimento para instituições de saúde e profissionais da área com interesse no assunto. “Lançar esse livro no maior congresso de Enfermagem da América Latina representa uma grande conquista, pois possibilita dar visibilidade e discussão acerca da temática que é muito importante para o atendimento mais humanizado e integral às vítimas de violência”, ressaltou.
Comunicações científicas
Além de lançar o livro, a professora da Unit também apresentou duas comunicações científicas no CBCENF. A primeira foi sobre as competências e habilidades do enfermeiro forense em situações de desastres, tendo como base as participações em um grupo técnico da área e em um evento de simulação internacional de desastres em massa.
A outra comunicação foi sobre a criação de um curso para capacitar enfermeiros e enfermeiras no atendimento às vítimas de violência, que já teve duas turmas realizadas em Fortaleza (CE) e São Paulo (SP). A capacitação dos chamados EEVVA (Enfermeiros Examinadores de Vítimas de Violência e Agressores) tem carga horária de 40 horas, com teoria e prática, e é ofertado anualmente pela Sociedade Brasileira de Enfermagem Forense (Sobef), entidade da qual Juliana Musse é a atual presidente.
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