A professora e pesquisadora Patrícia Severino, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), foi a representante da Universidade Tiradentes (Unit) e do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) na recente missão internacional organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Através dela, e ao longo de duas semanas, cientistas brasileiros puderam visitar e interagir com universidades e centros de pesquisa de Singapura e do Reino Unido, que se dedicam a pesquisas de ponta na área de materiais avançados, nanotecnologia e grafeno.
Ao todo, foram 10 pesquisadores participantes do Programa MCTI de Inovação em Grafeno, conhecido como InovaGrafeno-MCTI, que visa colocar o Brasil na linha de frente das pesquisas e aplicações do material composto por átomos de carbono – utilizado atualmente como um eficiente condutor de elétrons e que vem tendo diversas aplicações eletrônicas, óticas (como possível condutor de dados informáticos) e até biológicas (como purificação de água).
A Unit e o ITP participam do projeto através da pesquisa “Desenvolvimento de biotinta GelMA/óxido de grafeno funcionalizado com resveratrol para engenharia de tecidos cardíacos e triagem de fármacos”, que foi aprovada em uma recente chamada do CNPq para o InovaGrafeno. Ele estuda o desenvolvimento de biomateriais de gelatina metacrilada com partículas de grafeno, que seriam possivelmente utilizados em medicamentos e tratamentos de recuperação em pacientes cardíacos.
“Especificamente no laboratório que coordeno, o Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina, os pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial desenvolvem nanoformulações para desenvolvimento de medicamentos e cosméticos. Além disso, biomateriais como curativos inteligentes e engenharia de tecido cardíaco empregando poliméricos e nanomateriais metálicos, incluindo o grafeno”, explica Patrícia.
Além da professora da Unit, a delegação brasileira contou com outros nove pesquisadores que coordenam pesquisas também aprovadas no InovaGrafeno-MCTI, representando quatro universidades, um instituto e três centros de pesquisa sediados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
A missão internacional reforça a cooperação e os laços do Brasil com estes dois países, que tornaram-se líderes mundiais em pesquisa e produção no ramo. Tal cooperação, segundo a professora, enfatiza a absorção de avanços tecnológicos e iniciativas de inovação; a promoção de programas, projetos e instituições brasileiras no exterior; a discussão de estratégias para converter pesquisa científica em empreendimentos comerciais; e a exploração de infraestruturas e modelos de inovação em centros de excelência, entre outros objetivos. “Este esforço já resultou no estreitamento de relações com pesquisadores e empresários, marcando o início de um trabalho contínuo para alcançar esses objetivos ambiciosos”, considera.
Cidades de ponta
O destaque da visita foi para Singapura, uma cidade-estado de 6 milhões de habitantes localizada no sudeste da Ásia (entre a Malásia e a Indonésia) e que, mesmo em um território pequeno e com poucos recursos naturais, é considerada uma das nações mais ricas e desenvolvidas do mundo. Um dos motores de sua economia é o investimento de longo prazo em pesquisa e inovação na área de nanotecnologia e materiais avançados, que já começa a apresentar seus primeiros resultados. Dois dos locais visitados foram o Centro de Materiais Avançados 2D, da National University of Singapore (NUS), e a Singapore University of Technology and Design (SUTD).
Já no Reino Unido, a cidade escolhida foi Manchester, na Inglaterra, onde o grafeno foi isolado pela primeira vez em 2004 por dois cientistas da University of Manchester. A cidade abriga hoje centenas de pesquisadores, empresas e indústrias dedicadas ao material, com destaque para o Graphene Engineering Innovation Centre (GEIC) e o National Graphene Institute (NGI). A cidade britânica, onde a Revolução Industrial começou no final do Século 18, também se destaca pela estreita parceria entre indústrias e universidades.
“Essa missão favorece as conexões e alianças internacionais com Singapura e Reino Unido, facilitando a compreensão do estado da arte global do desenvolvimento e aplicações de soluções baseadas em nanotecnologia, materiais avançados e grafeno, acelere o processo de internacionalização institucional, favoreça a formalização de novas parcerias, abra novas oportunidades de intercâmbio de recursos humanos, facilite a captação de recursos internacionais e exponham as lideranças científicas nacionais a novos modelos de inovação e empreendedorismo”, afirma Patrícia.
A pesquisadora acrescenta que o impacto da participação na missão do MCTI amplia a rede de contatos globais e abre várias possibilidades para parcerias científicas e intercâmbio de discentes e docentes, tanto da Unit quanto das outras instituições envolvidas no Brasil, em Singapura e no Reino Unido. “Além disso, acelera a internacionalização institucional, elevando o padrão e a reputação da instituição, bem como fortalecendo as indicações do PBI, criando um ambiente acadêmico e de pesquisa mais dinâmico e internacionalizado, o que beneficia desenvolvimento acadêmico, profissional e cultural, além de contribuir para o avanço científico e tecnológico no Brasil”, conclui ela.
Com informações do MCTI
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