Exercícios, sorrisos, brincadeiras, aprendizados e um ambiente que favorece o caminho para a cura das dores e feridas. Este ambiente vem sendo proporcionado pelo projeto de extensão Risos da Fisio, realizado desde 2017 por alunos do curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes (Unit), com orientação e coordenação da professora-doutora Aida Carla Santana de Melo Costa. Periodicamente, eles realizam dinâmicas terapêuticas para pacientes e acompanhantes da ala de Pediatria de Alta Complexidade José Machado de Souza, que funciona no Hospital de Urgência João Alves Filho (Huse), o principal hospital público de Sergipe.
A ideia foi proposta pela própria orientadora, que leciona a disciplina Fisioterapia na Saúde da Criança e elaborou o projeto juntamente com os alunos. “O projeto de humanização hospitalar surgiu da necessidade de trazer mais acolhimento e conforto emocional para os pacientes pediátricos em ambiente hospitalar”, define ela sobre o Risos da Fisio. Atualmente, o projeto conta com 13 membros voluntários, sendo 12 estudantes de Fisioterapia da modalidade tradicional, mais a professora Aida.
As ações são realizadas no Huse aos finais de semana e em datas comemorativas, como Páscoa, Dia das Crianças, Dia das Mães, Natal, Carnaval, São João e outros. Nelas, os integrantes realizam dinâmicas terapêuticas no ambiente hospitalar para pacientes da pediatria e seus acompanhantes, através de atividades lúdicas com musicoterapia, desenho, pintura, brincadeiras, jogos interativos e fantoches. “Nas visitas, os alunos adentram todas as enfermarias, levando brincadeiras, músicas e muitas atividades lúdicas, como fantoches e pintura, envolvendo paciente e acompanhante”, descreve Aida.
Os estudantes que fazem parte do Risos da Fisio são selecionados a partir de processos seletivos realizados a cada ano e se revezam durante as ações. Também é divulgada, a cada semestre, uma lista de alunos do curso de Fisioterapia que se apresentaram como voluntários e podem participar das ações, mesmo não sendo membros do projeto. Além das visitas à ala pediátrica do Huse, o grupo também atua no ambiente interno do Campus Farolândia, realizando simpósios, oficinas, palestras, seminários e exposições.
Outra ação é a elaboração de estudos de casos clínicos entre membros do referido projeto, mais a realização de estudos de extensão junto à comunidade, com apoio de instituições responsáveis pela área. “Além disso, atuamos com a arrecadação de brinquedos, material de pintura e itens essenciais para as crianças em estado de vulnerabilidade, como material de higiene pessoal”, acrescenta a fisioterapeuta Jussara Fabiano de Oliveira, egressa da Unit, que participou do projeto em 2022.
A orientadora frisa que o Risos da Fisio gera inúmeros benefícios e aprendizados para todos os envolvidos. “Participar de um projeto de humanização pediátrica traz benefícios tanto para os alunos quanto para as crianças atendidas, uma vez que integra o cuidado técnico com uma abordagem emocional e social mais completa. Para os alunos, os principais resultados são: desenvolvimento de empatia e sensibilidade, bem como habilidades interpessoais. Para as crianças hospitalizadas, os resultados incluem: atenuação do estresse e melhora na recuperação e bem estar”, destaca Aida.
O simples que faz diferença
A própria Jussara conta que ficou sabendo do Risos da Fisio através de uma ação de divulgação do grupo feita pela professora Aida Carla e seus alunos no Campus Farolândia. Disse ainda ter se encantado especialmente pelo objetivo do projeto, que leva alegria para crianças e seus familiares em uma fase considerada delicada: o internamento hospitalar. “A partir das divulgações, me interessei em conhecer melhor o projeto. E após ser voluntária em uma ação, só tive certeza que queria poder ajudar de forma frequente. Então, participei do processo seletivo e fui efetivada. Desde então, a cada ação realizada, meu carinho e gratidão somente aumentaram. Poder interagir com essas crianças, gerar brincadeiras, entretenimento e dinâmicas que incentivam a movimentação e socialização, é indescritível”, relata a ex-aluna.
A experiência acabou definindo a escolha profissional de Jussara, que concluiu o curso de Fisioterapia em 2023-1. Após concluir uma especialização em Terapia Intensiva Adulto e Neonatal, ela passou a atuar como fisioterapeuta na pediatria e na área neonatal domiciliar, visando a prevenção da hospitalização.Para ela, o maior aprendizado deixado pelo projeto é sobre como o simples pode fazer toda a diferença em momentos difíceis, e que o lúdico é indispensável para amenizar a passagem de uma criança pelo ambiente hospitalar.
“A fase de internamento para uma criança costuma ser marcante, todas as dificuldades vivenciadas são desafiadoras no ambiente hospitalar, principalmente durante os primeiros anos de vida. Um abraço, compreensão, uma escuta ativa, brincadeiras e distração, podem mudar todo contexto para uma criança. O simples ato, mesmo que momentâneo, de tornar o lúdico presente, faz toda diferença. Os relatos familiares sempre foram muito importantes para nós. Ouvir que as crianças (que estavam internadas por um período maior) esperavam a semana toda pelo grupo para brincar e interagir, nos fazia sentir algo indescritível”, lembra Jussara.
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